A estreia de “Pssica” na Netflix gerou um burburinho compreensível, especialmente entre aqueles que buscam produções nacionais de qualidade. A série, uma adaptação do aclamado romance homônimo do escritor paraense Edyr Augusto, mergulha em um universo de crimes, corrupção e mistérios que parecem saídos diretamente das manchetes de jornal. Mas, afinal, a série “Pssica” é baseada em uma história real?
Pssica é ou não baseada em uma história real?
A resposta curta é: não. A série não dramatiza um evento histórico ou uma história verídica única. No entanto, sua trama, embora ficcional, está profundamente enraizada e inspirada por tragédias e problemas sociais reais que assolam a região amazônica e o Brasil. “Pssica” é, em sua essência, uma obra de ficção com um pé na realidade.
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A gênese da trama: de onde veio “Pssica”?
O autor do livro, Edyr Augusto, é um jornalista e romancista conhecido por suas obras que retratam a violência urbana de cidades paraenses, como Belém. Em “Pssica”, ele usou sua experiência e conhecimento para criar uma narrativa que, mesmo com personagens e acontecimentos originais, reflete o cenário de violência descontrolada da região.
Ao lidar com temas como tráfico humano, prostituição infantil, corrupção e criminalidade, a série e o livro agem como um “choque de realidade”. Eles não apenas contam uma história, mas também funcionam como uma denúncia e um “abrir de olhos” para a vida dos mais vulneráveis nas grandes e pequenas cidades do Pará.
O próprio autor já ressaltou que, apesar de ser difícil para um escritor de Belém “romper a bolha”, “Pssica” conseguiu, ao explorar temas universais que, ao mesmo tempo, estão totalmente conectados às culturas e paisagens da Amazônia.

Personagens de “Pssica” são inspirados em pessoas reais?
Apesar de ser uma obra de ficção, “Pssica” encontra eco em fatos noticiados e problemas sociais crônicos. A seguir, veja alguns exemplos de como a série se inspira na realidade brasileira.
Os personagens principais da série – Janalice, Preá e Mariangel – não são baseados em indivíduos específicos. Em vez disso, eles são “composições” de diversos casos e arquétipos encontrados na realidade.
- Janalice, a adolescente vítima de tráfico sexual, representa a força interior de muitas jovens que enfrentam situações de exploração. A história de seu sofrimento é similar a muitos casos reais de adolescentes resgatadas de operações de tráfico.
- Preá, líder de uma gangue ribeirinha, tem suas raízes nas “River Rats”, gangues criminosas reais que agem na Amazônia, conhecidas por assaltar embarcações. A série utiliza esse fenômeno para construir um personagem complexo e perigoso.
- Mariangel, por sua vez, é uma personagem que busca vingança e possui um passado militar, com possíveis alusões à Operação Traíra, um conflito real entre militares brasileiros e forças guerrilheiras na Colômbia.
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A dura realidade amazônica: o cenário de “Pssica” é real?
A série expõe as mazelas sociais acentuadas nas cidades do Pará, especialmente na região do Marajó, que possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. O romance e a série detalham situações de exploração e abuso, como o tráfico e a escravização sexual de crianças e adolescentes. Tais crimes, que são comuns, mas muitas vezes invisibilizados, são brutalmente representados.
O cenário de Belém, com sua violência descontrolada, e as outras cidades paraenses exploradas na série (como Breves, Soure, Marabá e Muaná), funcionam como um espelho da realidade. A naturalização da impunidade, a corrupção política e policial e a atuação de facções criminosas são elementos centrais que, embora ficcionais, refletem o caos social da região.
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“Pssica” é ficção, mas a denúncia é real
Em suma, “Pssica” não é uma história real, mas é uma obra profundamente informada pela realidade. Ela utiliza a linguagem da ficção para expor e denunciar problemas sociais graves, dando voz aos dramas de pessoas vulneráveis em uma das regiões mais ricas e, ao mesmo tempo, mais negligenciadas do Brasil.
Ao misturar elementos do suspense com o realismo urbano, a série da Netflix se torna mais do que apenas um entretenimento; ela se transforma em uma ferramenta investigativa e crítica, um lembrete de que as histórias mais chocantes muitas vezes não estão nos livros, mas nas ruas.