Desde sua estreia em 2019, “The Morning Show” prometeu ser um drama de prestígio, um olhar afiado e incisivo sobre o jornalismo e os bastidores tóxicos da televisão na era do #MeToo. Com atuações de peso de Jennifer Aniston e Reese Witherspoon, a série da Apple TV+ navegou por temas complexos, como o assédio sexual e a ética profissional. No entanto, ao longo de suas temporadas, a produção gradualmente se transformou.
De uma crítica social, ela evoluiu para um drama de altíssimo nível, repleto de reviravoltas e melodramas. A quarta temporada, que dá um salto de dois anos no tempo, não só abraça essa nova identidade como a eleva a um patamar ainda mais alto, provando que o “novela-drama” é, de fato, a alma da série.
Sinopse do Episódio 1
O primeiro episódio da quarta temporada nos transporta para um mundo pós-fusão, onde a UBA se uniu à NBN, formando a gigantesca UBN. Alex Levy (Jennifer Aniston) já não está mais à frente do “The Morning Show”, assumindo agora o ambicioso projeto de liderar a cobertura das Olimpíadas de Paris. Sua antiga coapresentadora, Bradley Jackson (Reese Witherspoon), reaparece longe dos holofotes, dando aulas em sua cidade natal.
A nova realidade da emissora é marcada por uma reestruturação intensa, liderada pela agora CEO Stella Bak (Greta Lee). O episódio introduz personagens que prometem agitar as coisas, como o podcaster Bro Hartman (Boyd Holbrook), o executivo de esportes Ben (William Jackson Harper) e a estrategista Celine Dumont (Marion Cotillard).
O drama explode quando Alex, em um ato de rebeldia, decide ir contra o roteiro durante uma entrevista com uma atleta iraniana, expondo seu pedido de asilo político ao vivo. O ato provoca um escândalo diplomático, afastando-a temporariamente da cobertura olímpica.
Em um movimento que parece inevitável para resgatar a audiência, a direção propõe que Alex retorne à bancada do programa matinal, dividindo-a mais uma vez com Bradley, que por sua vez, é atraída de volta ao mundo do jornalismo por uma denúncia anônima sobre crimes ambientais.
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Crítica
A estreia da quarta temporada de “The Morning Show” é uma experiência caótica, porém irresistivelmente assistível. O episódio não perde tempo em apresentar novas tramas e dilemas éticos que se misturam a um jogo de poder e intrigas pessoais, confirmando que a série decidiu de vez abraçar sua natureza de “novela de luxo”.
Novela-Drama de luxo
A série abandonou a pretensão de ser um drama de “era de ouro da TV” em prol de um entretenimento mais audacioso e, sem dúvida, mais popular. As reviravoltas no enredo, como o envolvimento de Stella e Celine em um triângulo amoroso explosivo, ou a denúncia de crimes ambientais que resgata Bradley do ostracismo, são elementos que seriam perfeitamente aceitáveis em qualquer novela.
O diferencial de “The Morning Show” está na forma como o enredo é construído: com um ritmo frenético, diálogos afiados e uma produção impecável que lhe confere um ar de sofisticação. Como o ator Mark Duplass aponta, a série faz uma “troca justa”: sacrifica um pouco da “verdade” e “integridade” para atrair uma audiência global, usando o carisma de suas estrelas para amplificar sua mensagem. É um modelo de negócio que funciona, e o sucesso da série e a renovação para uma quinta temporada são a prova disso.

Entre personagens e caricaturas
Enquanto o núcleo de protagonistas veteranos se mantém, o episódio se esforça para introduzir novos personagens que parecem ser mais representações de arquétipos do que seres humanos complexos.
A inserção do podcaster Bro (Boyd Holbrook) é um exemplo disso, servindo mais como uma caricatura do “homem da direita” politicamente incorreto do que um personagem com profundidade. A série se apega a clichês e a uma representação muitas vezes simplista de questões complexas.
Ainda assim, há esperança no retorno de personagens como Mia (Karen Pittman) e Chris (Nicole Beharie), que prometem ter arcos mais desenvolvidos, algo que foi negligenciado nas temporadas anteriores.
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Escolhas narrativas e conexão com o real
O episódio de estreia navega de maneira curiosa entre a ficção e a realidade. A série se recusa a abordar temas polêmicos da vida real como a Guerra de Gaza ou a eleição presidencial de 2024, mas cria incidentes fictícios, como a deserção da atleta iraniana, que servem de palco para grandes dramas e cenas de ação.
Essa abordagem permite que a série explore dilemas éticos e jogos de poder sem a necessidade de se prender a manchetes controversas. No entanto, é importante notar a curiosa obsessão da série em manter certos personagens, mesmo que para isso precise criar histórias forçadas para justificar suas presenças, como o retorno de Cory Ellison (Billy Crudup) e Chip Black (Mark Duplass).
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Conclusão
O primeiro episódio da quarta temporada de “The Morning Show” é um retorno glorioso ao caos que amamos odiar (e odiamos amar). Ele estabelece novas linhas de conflito, apresenta novos personagens e, o mais importante, sinaliza que a série não tem medo de ser “maior que a vida”. A aposta em um drama exagerado e em reviravoltas surpreendentes é arriscada, mas é a fórmula que tem funcionado.
Ao final do episódio, fica a sensação de que, independentemente da direção que o enredo tome, a jornada de Alex e Bradley, envoltas em escândalos, jogos de poder e dilemas éticos, continuará sendo o motor dessa trama irresistível. A série continua sendo um “show” no sentido mais amplo da palavra, um espetáculo que, apesar das suas inconsistências, é impossível de ignorar.
Onde assistir à série The Morning Show?
A série está disponível para assistir na Apple TV+.
Veja o trailer da temporada 4 de The Morning Show (2025)
Elenco de The Morning Show, da Apple TV+
- Jason Momoa
- Luciane Buchanan
- Te Ao o Hinepehinga
- Te Kohe Tuhaka
- Brandon Finn
- Siua Ikale’o
- Mainei Kinimaka
- Temuera Morrison
















