Confira a crítica do filme "Tornado: Joplin em Ruínas", documentário de 2025 disponível para assistir na Netflix.
Críticas

‘Tornado: Joplin em Ruínas’: a dor, o caos e a memória de um desastre que marcou uma geração

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Em maio de 2011, a cidade de Joplin, no Missouri, foi brutalmente atingida por um tornado de categoria EF-5, um dos mais letais da história dos Estados Unidos. Quase um terço da cidade foi reduzido a escombros, 161 vidas foram perdidas e milhares ficaram feridas.

Mais de uma década depois, “Tornado: Joplin em Ruínas”, documentário da Netflix dirigido por Alexandra Lacey, propõe não apenas recontar esse desastre natural, mas reviver o trauma através dos olhos daqueles que o enfrentaram — jovens comuns com histórias extraordinárias.

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Sinopse do documentário Tornado: Joplin em Ruínas (2025)

“Tornado: Joplin em Ruínas” reconstrói o evento devastador de 22 de maio de 2011, quando um tornado de proporções apocalípticas atingiu Joplin, uma cidade profundamente religiosa e marcada por laços comunitários fortes. O documentário entrelaça relatos de sobreviventes, imagens de arquivo captadas por celulares e câmeras de segurança, além de dramatizações pontuais, para transmitir a dimensão emocional e física do desastre.

Os protagonistas não são meteorologistas nem especialistas em desastres, mas jovens que estavam terminando o ensino médio, trabalhando em lanchonetes ou visitando parentes. O filme mergulha em suas memórias — desde a banalidade do cotidiano até o momento em que o céu virou uma massa giratória de destruição.

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Crítica do filme Tornado: Joplin em Ruínas, da Netflix

Ao optar por narrativas individuais, especialmente de adolescentes e jovens adultos, o documentário humaniza o que poderia ser apenas mais uma estatística meteorológica. Em vez de priorizar mapas, gráficos ou análises técnicas, ele nos coloca dentro do olho do furacão — literalmente, no caso de uma das entrevistadas.

Essa escolha narrativa, embora limitante em termos de abrangência, é potente na emoção. Os relatos são crus, dolorosos e, por vezes, difíceis de assistir. Sentimos o medo estampado em olhares, ouvimos os gritos gravados em celulares e nos confrontamos com a fragilidade humana diante da fúria da natureza.

Falta de contexto geográfico e científico prejudica o impacto

Apesar da força emocional dos depoimentos, falta ao documentário um panorama mais amplo da destruição causada pelo tornado. Pouco se explica sobre a trilha deixada pelo fenômeno, os bairros afetados ou a resposta da cidade no pós-desastre. Não há mapas, nem imagens aéreas que ilustrem a escala real do estrago. Para quem não conhece Joplin, é difícil dimensionar o quão catastrófico foi o evento.

Além disso, o uso de imagens nem sempre vem acompanhado de identificação clara: há momentos em que não sabemos se o vídeo exibido pertence à pessoa que está narrando ou se trata-se de material de arquivo ou reencenação. Essa ausência de transparência compromete, ainda que sutilmente, a credibilidade da obra.

A religião como elemento simbólico e controverso

O aspecto religioso também está presente — e de forma significativa. A coincidência de o tornado ocorrer um dia após o “fim do mundo” anunciado por um “televangelista” cria um pano de fundo simbólico que perpassa muitos depoimentos.

Um dos momentos mais dolorosos é o relato de um jovem gay que, imerso na culpa e no medo, acreditou ter sido deixado para trás no arrebatamento. São passagens como essa que mostram como o trauma climático se entrelaça com traumas culturais e espirituais.

Embora a religiosidade seja um reflexo autêntico da comunidade retratada, alguns espectadores podem se incomodar com a frequência desses elementos — não tanto pela fé em si, mas pela maneira como o roteiro os insere sem muita reflexão crítica.

Quando a ausência também fala

Curiosamente, o que o documentário deixa de mostrar também tem peso. Há uma ausência de vozes mais velhas, de sobreviventes de outras classes sociais, de relatos de autoridades ou profissionais da saúde.

A aposta em apenas alguns personagens jovens, embora coerente com a proposta emocional da obra, restringe o escopo e enfraquece a profundidade documental. Faltam também atualizações sobre o processo de reconstrução da cidade — algo que poderia oferecer um necessário senso de fechamento ao público.

Conclusão

“Tornado: Joplin em Ruínas” é um documentário comovente, que se destaca pela autenticidade dos depoimentos e pela atmosfera de tensão criada a partir de imagens reais e áudios impressionantes. Embora peque por não oferecer o contexto necessário para compreender plenamente a magnitude da tragédia de Joplin, ele acerta ao trazer à tona a experiência emocional de quem sobreviveu — especialmente jovens que tiveram suas vidas divididas em um “antes e depois”.

Mais do que um filme sobre um tornado, é uma obra sobre memória, dor e sobrevivência. Um retrato do que acontece quando o mundo literalmente desaba, e tudo o que resta é a esperança — e a reconstrução coletiva daquilo que foi perdido.

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Onde assistir ao documentário Tornado: Joplin em Ruínas?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Trailer de Tornado: Joplin em Ruínas (2025)

Ficha técnica de Tornado: Joplin em Ruínas, da Netflix

  • Título original: The Twister: Caught in the Storm
  • Gênero: documentário
  • País: Reino Unido
  • Duração: 89 minutos
  • Classificação: 12 anos
Escrito por
Giselle Costa Rosa

Navegando nas águas do marketing digital, na gestão de mídias pagas e de conteúdo. Já escrevi críticas de filmes, séries, shows, peças de teatro para o sites Blah Cultural e Ultraverso. Agora, estou aqui em um novo projeto no site Flixlândia.

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