
Foto: Disney+ / Divulgação
O Disney+ entra no mundo do true crime com “Uma Família Perfeita”, uma série baseada no polêmico caso de Natalia Grace, a menina ucraniana adotada por um casal americano e posteriormente acusada de ser uma mulher adulta que fingia ser uma criança.
Estrelada por Ellen Pompeo, Mark Duplass e Imogen Faith Reid, a produção aposta em uma narrativa fragmentada para explorar diferentes perspectivas dessa história macabra. Mas será que a proposta funciona ou fica apenas na superfície do escândalo?
Sinopse da série Uma Família Perfeita (2025)
Os dois primeiros episódios apresentam Kristine (Ellen Pompeo) e Michael Barnett (Mark Duplass), um casal do estado de Indiana que já tem três filhos biológicos e decide adotar Natalia Grace (Imogen Faith Reid), uma menina ucraniana com uma rara forma de nanismo.
Inicialmente, tudo parece um conto de fadas moderno, mas, aos poucos, os Barnett começam a perceber comportamentos estranhos na criança. Pequenos incidentes evoluem para situações mais perturbadoras, levando Kristine a desconfiar que Natalia pode ser muito mais velha do que aparenta.
Enquanto a tensão dentro de casa aumenta, a história se desdobra entre presente e passado, revelando os eventos que culminaram no abandono de Natalia e no julgamento público do casal. O mistério em torno da verdadeira identidade da garota se torna o grande motor da narrativa, dividindo os personagens entre vítimas e vilões.
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Crítica de Uma Família Perfeita, do Disney+
Desde os primeiros minutos, “Uma Família Perfeita” se apresenta como uma série que deseja explorar as diferentes versões dos fatos, mas nem sempre consegue equilibrar bem essa abordagem. A direção aposta em uma construção de suspense que lembra um thriller psicológico, intercalando cenas do presente, onde os Barnett enfrentam as consequências de suas ações, com flashbacks que revelam o crescente desespero da família ao lidar com Natalia.
O maior problema está na forma como a série oscila entre o drama e o exagero. Certas cenas, como as supostas ameaças de Natalia ou as reações paranoicas de Kristine, parecem saídas de um filme de terror barato, reduzindo a complexidade da história real a momentos de histeria e choques fáceis.
Atuações: o grande trunfo da série
Se o roteiro nem sempre acerta, as performances do elenco ajudam a elevar o material. Ellen Pompeo, em seu primeiro grande papel após anos como Meredith Grey em Grey’s Anatomy, mergulha na psique de Kristine, entregando uma interpretação carregada de desespero e contradições. Ela equilibra bem a imagem de uma mãe protetora com o comportamento manipulador que vai emergindo conforme a trama avança.
Imogen Faith Reid também impressiona ao dar vida a Natalia. Com um olhar enigmático e uma postura que alterna fragilidade e frieza, a atriz britânica consegue sustentar a dúvida central da série: ela é realmente uma criança ou uma impostora? Já Mark Duplass, como Michael, funciona como um contraponto entre a obsessão de Kristine e a dúvida do espectador, mas seu personagem poderia ser mais desenvolvido.
Estética e direção: um visual que não inova
Visualmente, “Uma Família Perfeita” é funcional, mas não traz grandes inovações. A direção de Liz Garbus e Stacie Passon usa uma paleta de cores amarelada para criar uma falsa sensação de aconchego que contrasta com o horror que se desenrola dentro da casa dos Barnett. No entanto, a linguagem visual pouco se diferencia de outras séries baseadas em crimes reais, o que faz com que a produção pareça mais um drama convencional do que uma análise profunda dos eventos.
A montagem, por outro lado, acerta ao brincar com os diferentes pontos de vista. A cada episódio, a perspectiva sobre Natalia muda, o que ajuda a manter o público intrigado e gera debates sobre qual versão é a verdadeira.
O problema das comparações com ‘A Órfã’
Desde que o caso de Natalia Grace veio a público, muitas comparações foram feitas com o filme A Órfã (2009), que tem uma premissa semelhante. A série, em alguns momentos, parece abraçar essas referências ao invés de construir uma identidade própria.
Algumas cenas remetem diretamente ao longa-metragem, como os momentos em que Natalia aparece no meio da noite observando seus pais adotivos ou quando eles encontram desenhos perturbadores feitos pela menina.
Essa escolha acaba prejudicando a credibilidade do drama, tornando difícil enxergá-lo como uma análise séria dos eventos reais. Ao focar mais no suspense do que no impacto emocional e legal da história, a produção se distancia de seu potencial mais profundo.
Conclusão
Os dois primeiros episódios de “Uma Família Perfeita” conseguem prender a atenção do público ao explorar um caso real cheio de reviravoltas e controvérsias. No entanto, a série ainda não parece ter encontrado um tom definitivo: oscila entre o drama investigativo e um suspense quase exagerado, sem aprofundar totalmente as questões psicológicas e sociais envolvidas.
Apesar disso, as atuações de Ellen Pompeo e Imogen Faith Reid são um grande atrativo, mantendo a história intrigante e garantindo momentos de impacto. Resta saber se os próximos episódios conseguirão explorar melhor os temas que a trama propõe, sem cair em clichês do gênero.
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Onde assistir à série Uma Família Perfeita?
A série está disponível para assistir no Disney+.
Trailer de Uma Família Perfeita (2025)
Elenco de Uma Família Perfeita, do Disney+
- Mark Duplass
- Ellen Pompeo
- Imogen Faith Reid
- Sarayu Blue
- Aias Dalman
- Azriel Dalman
- Dulé Hill
- Kim Shaw
Ficha técnica da série Uma Família Perfeita
- Título original: Good American Family
- Criação: Katie Robbins
- Gênero: drama, suspense
- País: Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 8
- Classificação: 16 anos