Crítica do filme Zoe, Minha Amiga Morta (2025) - Flixlândia (1)

‘Zoe, Minha Amiga Morta’ redefine o drama de guerra

Filme traz Ed Harris e Morgan Freeman no elenco

Foto: Prime Video / Divulgação
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Em meio a uma enxurrada de filmes que abordam o drama de veteranos de guerra, “Zoe, Minha Amiga Morta” surge como uma obra distinta e surpreendente. Longe dos clichês de ação e catarse violenta, a estreia do diretor Kyle Hausmann-Stokes mergulha nas complexas nuances do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), equilibrando comédia e drama de uma forma que poderia facilmente desandar.

Contudo, a honestidade e a sensibilidade com que o filme trata seu tema principal, apoiadas por performances excepcionais, elevam-no de uma premissa arriscada a um trabalho cinematográfico comovente e profundamente relevante.

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Sinopse

O filme acompanha Merit (Sonequa Martin-Green), uma veterana do Exército dos EUA que, mesmo após anos de serviço no Afeganistão, continua a ser atormentada pelas memórias de sua melhor amiga, Zoe (Natalie Morales), que morreu em circunstâncias trágicas. O trauma de Merit se manifesta na forma de uma Zoe irreverente e sarcástica, que a segue e comenta sobre sua vida. Apenas Merit pode vê-la.

Enquanto luta para lidar com o seu TEPT em sessões de terapia em grupo, Merit é forçada a sair de sua concha quando seu avô, o Tenente-Coronel aposentado Dale (Ed Harris), começa a apresentar sinais de Alzheimer. Assumindo a responsabilidade de cuidar dele, Merit se depara com a chance de entender as próprias cicatrizes através das experiências de seu avô, ao mesmo tempo em que tenta enfrentar seus “demônios metafóricos” para finalmente encontrar a paz.

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Crítica

A ousadia de Zoe, Minha Amiga Morta reside em sua premissa: um filme sobre o TEPT que se apresenta como uma “comédia de amigos”. A presença fantasmagórica e faladora de Zoe, embora pareça uma convenção batida à primeira vista, como em Clube da Luta ou Ghost, na verdade serve como um dispositivo narrativo para externar a luta interna de Merit.

A irreverência de Zoe e as piadas sobre a situação de Merit são, na verdade, a voz do seu trauma, um mecanismo de defesa que a impede de se abrir e de interagir com o mundo real. Essa dualidade é o motor do filme, permitindo que o público encontre momentos de leveza em um assunto pesado, mas sem diminuir a seriedade da temática.

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Cena do filme Zoe, Minha Amiga Morta (2025) - Flixlândia (1) (1)
Foto: Prime Video / Divulgação

Um elenco em sintonia

O sucesso do filme depende inteiramente do talento de seu elenco, e nesse aspecto, Zoe, Minha Amiga Morta brilha. Sonequa Martin-Green, em um papel de destaque, entrega uma atuação sutil e poderosamente contida.

Sua personagem, Merit, é uma fortaleza por fora, mas Martin-Green permite que pequenos lampejos de vulnerabilidade transpareçam, construindo uma performance que culmina em um final arrebatador. Natalie Morales é o contraponto perfeito, injetando uma energia carismática e inesquecível em Zoe, tornando a amizade entre as duas personagens crível e comovente. A química da dupla é o coração do filme.

Os coadjuvantes de peso, como Ed Harris e Morgan Freeman, também se destacam. Harris, em particular, traz grande dignidade a um personagem complexo, um veterano de guerra que lida com o envelhecimento e a perda da memória.

Sua interação com Martin-Green é comovente, especialmente em uma cena à beira do lago, onde o silêncio entre os dois diz mais do que qualquer diálogo. O diretor Kyle Hausmann-Stokes, ele mesmo um veterano, extrai o máximo de seu elenco, construindo um filme que se sente genuíno em sua representação das dificuldades dos militares.

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Questões de ritmo e impacto

Apesar de suas muitas qualidades, o filme não é imune a críticas. O ritmo do roteiro, que foi adaptado de um curta-metragem, parece um pouco lento, especialmente nos dois primeiros terços. A trama não se aprofunda tanto nas cenas de terapia de grupo com Morgan Freeman quanto poderia, e algumas das resoluções parecem um pouco apressadas.

No entanto, é importante ressaltar que o filme não se propõe a ser um suspense cheio de reviravoltas. A lentidão é, em parte, intencional. O objetivo de Hausmann-Stokes é fazer com que o público sinta o peso do dia a dia de Merit, vivendo com a constante presença de Zoe e as dores de seu passado. O filme é um estudo de personagem, e o ritmo reflete essa jornada interna.

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Conclusão

Zoe, Minha Amiga Morta é um filme que desafia rótulos. Embora a direção o tenha promovido como uma comédia de humor ácido, ele é, na realidade, um drama com momentos de humor. Mas essa aparente dissonância é sua maior força.

Ao abordar o TEPT e o suicídio de veteranos com uma linguagem sensível e por vezes leve, o filme consegue atingir um público mais amplo e abrir um diálogo sobre uma questão que é muitas vezes ignorada. A revelação final sobre as circunstâncias da morte de Zoe, que foge do esperado clichê de combate, é um soco no estômago e um lembrete cruel da batalha interna que muitos veteranos enfrentam.

É uma obra corajosa, que, mesmo com pequenas falhas de ritmo, se sustenta pela força de suas atuações e por sua mensagem inegavelmente importante. Zoe, Minha Amiga Morta não é apenas um filme sobre a guerra, mas sobre a luta para viver depois dela, oferecendo uma perspectiva humana e empática sobre o trauma e o luto. É uma obra que te fará rir, chorar, e, acima de tudo, pensar.

Onde assistir ao filme Zoe, Minha Amiga Morta?

O filme está disponível para assistir no Prime Video.

Veja o trailer de Zoe, Minha Amiga Morta (2025)

YouTube player

Quem está no elenco do filme Zoe, Minha Amiga Morta?

  • Sonequa Martin-Green
  • Natalie Morales
  • Gloria Reuben
  • Morgan Freeman
  • Ed Harris
  • Utkarsh Ambudkar
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

  • O pior filme do ano pra mim, a comédia leve e sem graça acabou com o potencial dramático que a narrativa poderia ter.

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