‘Caçador de Demônios’: Kevin Bacon enfrenta o inferno em série sangrenta e surpreendentemente tocante
Wilson Spiler As produções médicas sempre encontram seu público, especialmente quando conseguem equilibrar casos clínicos instigantes com dramas pessoais verossímeis. A série “Pulso”, nova aposta da Netflix criada por Zoe Robyn, chega com essa proposta — mas em meio a um furacão, literalmente.
Ambientada no hospital mais movimentado de Miami, a série tenta encontrar fôlego próprio em um gênero já saturado. Ainda assim, será que entrega algo memorável ou apenas ecoa o que já vimos dezenas de vezes?
Sinopse série Caçador de Demônios (2025)
Na pequena e poeirenta cidade de Landry, Geórgia, Hub Halloran (Kevin Bacon) é um caçador de recompensas decadente, marcado por erros do passado, rancores mal resolvidos e um talento engavetado para a música country. Assassinado pelos capangas do novo namorado de sua ex-esposa, Hub vai parar no Inferno — mas não por muito tempo.
Recrutado pelo próprio Diabo, ele ganha uma nova missão: capturar demônios fugitivos que escaparam da prisão infernal e retornaram à Terra. Em troca, pode tentar limpar sua alma e, quem sabe, reconquistar sua vida, sua família… e seu violão.
Você também pode gostar disso:
+ O palco está montado para a guerra no episódio 7 de ‘Demolidor: Renascido’
+ Primeiro episódio do remake de ‘Vale Tudo’ dosa reverência ao original com atualizações certeiras
+ Com começo promissor, ‘Seguro Para Divorciados’ acerta o tom entre o absurdo e o afeto
Crítica de Caçador de Demônios, do Prime Video
Se há uma certeza em “Caçador de Demônios”, é que Kevin Bacon entrega o tipo de atuação que torna qualquer roteiro mais palatável. Seu Hub Halloran é um protagonista complexo e imperfeito — ao mesmo tempo sarcástico e ferido, falho e empático.
Com um cigarro na boca e um olhar cansado, Bacon encarna um anti-herói que sabe que já falhou demais, mas que ainda quer consertar alguma coisa. Nem sempre conseguimos gostar de Hub, mas é difícil não se interessar por ele. E isso é mérito do ator.
Bacon ainda navega com destreza entre o drama familiar e a comédia grotesca que pontua boa parte da narrativa. Ele brilha tanto em cenas de ação recheadas de sangue e demônios quanto nos momentos de vulnerabilidade com o filho Cade (Maxwell Jenkins) ou a ex-esposa Maryanne (Jennifer Nettles). Mesmo quando a série derrapa, o ator permanece como um ponto de estabilidade.
Um procedural sobrenatural com alma country
A estrutura da série lembra muito um procedural clássico — estilo “caso da semana” —, mas com demônios em vez de criminosos comuns. A fórmula funciona melhor do que parece: a cada episódio, Hub enfrenta uma criatura diferente, geralmente grotesca e violenta, ao mesmo tempo em que tenta remendar os laços afetivos que deixou em frangalhos.
Grainger David, criador da série, acerta ao equilibrar esse formato episódico com uma narrativa contínua sobre culpa, redenção e reconexão familiar. A série não tem pressa para chegar aos seus momentos mais emocionais, mas sabe dosar bem o ritmo ao longo da temporada. Mesmo com algumas irregularidades no roteiro, há uma intenção clara de construir um universo coeso, que mistura ação, humor ácido e elementos sobrenaturais com certa ternura.
Sangue, vísceras e… inconsistência visual
“Caçador de Demônios” não economiza na violência gráfica. Tripas, dedos decepados, cabeças esmagadas — tudo aparece em tela com generosa quantidade de sangue. A estética suja e exagerada remete a Evil Dead e Preacher, mas sem alcançar o mesmo grau de impacto visual. Os efeitos práticos funcionam bem em certos momentos, mas o CGI dos monstros varia bastante em qualidade — e às vezes beira o amadorismo.
Essa oscilação compromete a imersão do espectador em um universo que exige suspensão de descrença constante. Quando a série aposta em maquiagem e efeitos físicos, o resultado é crível e até divertido. Mas nos episódios em que o digital toma conta, o tom bizarro vira quase caricatura — e não no bom sentido.
Humor e drama num casamento nem sempre equilibrado
A série tem consciência do seu exagero. Ela é camp, autêntica e, às vezes, deliciosamente cafona. O problema é que “Caçador de Demônios” nem sempre acerta no equilíbrio entre seus tons. Os momentos dramáticos, como a tentativa de reconexão familiar ou os traumas do passado de Hub, nem sempre têm o peso emocional necessário porque o humor escrachado e os diálogos caricatos os diluem.
Por outro lado, quando a série abraça seu absurdo — como em uma sequência em que Hub acende um cigarro e a fumaça sai pelo buraco em sua garganta —, ela atinge um tipo específico de charme. É nesse exagero autoconsciente que a série funciona melhor, ainda que não consiga manter essa energia de forma constante.
Os coadjuvantes brilham, mas com pouco espaço
Beth Grant como Kitty, a mãe durona e religiosa de Hub, é um dos pontos altos da série. Sua presença carrega humor, firmeza e humanidade. Jolene Purdy também surpreende no papel de Midge, a chefe de Hub na empresa que serve de fachada para o trabalho infernal. Seu episódio solo é, inclusive, um dos melhores da temporada.
Já Damon Herriman, como o vilão Lucky, entrega um antagonista funcional, mas pouco desenvolvido. A série prefere transformá-lo em um alívio cômico involuntário, explorando até demais seu sotaque e seu fanatismo por beisebol, em vez de dar profundidade real ao personagem.
Conclusão
“Caçador de Demônios” é uma série que caminha na corda bamba entre o grotesco e o sensível, entre a série B e o drama familiar. Nem sempre acerta, mas quando acerta, oferece momentos de diversão sangrenta, personagens cativantes e um protagonista que vale a jornada.
Kevin Bacon segura o roteiro nas costas com carisma e entrega uma performance que injeta humanidade em um cenário recheado de aberrações. Com episódios ágeis e estrutura procedural, a série diverte mais do que frustra — e termina com fôlego para mais. Se o inferno é repetição, “Caçador de Demônios” se salva justamente por não querer complicar demais o que funciona.
Siga o Flixlândia nas redes sociais
+ TikTok
+ YouTube
Onde assistir à série Caçador de Demônios?
A série está disponível para assistir no Prime Video.
Trailer de Caçador de Demônios (2025)
Elenco de Caçador de Demônios, do Prime Video
- Kevin Bacon
- Jennifer Nettles
- Beth Grant
- Damon Herriman
- Maxwell Jenkins
- Jolene Purdy
Ficha técnica da série Caçador de Demônios
- Título original: The Bondsman
- Criação: Grainger David
- Gênero: comédia, terror, ação
- País: Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 8
- Classificação: 18 anos
Sobre o autor
