Na era dos dramas criminais que tentam reinventar fórmulas conhecidas, “Franklin” surge como uma produção libanesa da Netflix que mistura o submundo da falsificação de dinheiro com dramas familiares, traições e reviravoltas políticas.
Com produção visualmente ambiciosa e personagens que carregam traumas profundos, a série tenta contar uma história de redenção, amor e sobrevivência. No entanto, entre boas ideias e uma execução instável, “Franklin” se perde em sua própria complexidade.
Sinopse da série Franklin (2025)
Adam (Mohamad Al-Ahmad), um ex-artista e talentoso falsificador, tenta recomeçar a vida longe do crime após uma ruptura dolorosa com Yulia (Daniella Rahme), sua antiga parceira na arte da falsificação. Anos depois, forçado pelas doenças do pai e da filha, ele retorna ao submundo com um objetivo claro: recriar a nota perfeita de cem dólares. Para isso, precisa da ajuda de Yulia, agora uma ladra refinada e independente.
A dupla entra em uma corrida contra o tempo para fabricar uma fortuna em dinheiro falso, enquanto são perseguidos por criminosos perigosos como Al-Hashem e o controlador Edward – pai de Yulia –, e monitorados pelo obstinado investigador Zein (Tony Issa), que guarda segredos inesperados. Em meio a relações truncadas, vinganças e laços de sangue ocultos, o que está em jogo não é apenas a liberdade, mas a sobrevivência de todos.
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Crítica de Franklin, da Netflix
“Franklin” é o típico exemplo de uma obra que tem potencial narrativo, mas tropeça na hora de contá-lo. A série aposta alto em uma teia de acontecimentos que atravessa décadas e envolve múltiplos personagens com histórias mal exploradas.
O problema maior está na forma como esses elementos são distribuídos: o roteiro deixa lacunas gritantes, exige demais da imaginação do espectador e não oferece a recompensa dramática necessária para sustentar o interesse até o fim.
Flashbacks mal posicionados, motivações pouco claras e personagens secundários que surgem e somem sem explicação tornam a experiência mais frustrante do que instigante. Mesmo com uma base sólida – como a história de amor interrompido entre Adam e Yulia, ou o dilema moral entre proteger a família e retornar ao crime –, a condução da trama se mostra superficial e desorganizada.
Personagens intensos, mas mal desenvolvidos
Apesar da fragilidade do roteiro, o elenco principal entrega o que pode. Mohamad Al-Ahmad traz intensidade ao papel de Adam, um homem dilacerado entre culpa, amor e desespero. Já Daniella Rahme consegue dar certa complexidade a Yulia, dividida entre a lealdade ao pai e os sentimentos não resolvidos por Adam. A química entre os dois é crível, mas insuficiente para suprir os buracos narrativos.
O investigador Zein, vivido por Tony Issa, é introduzido como o antagonista ético da história, mas sua conexão familiar com Adam – revelada de forma abrupta – beira o inverossímil. Essa reviravolta, que poderia ser poderosa, acaba soando como um artifício forçado para tentar unir pontas soltas que o roteiro falhou em costurar ao longo da série.
Estilo visual impactante, mas sem propósito narrativo
Tecnicamente, “Franklin” impressiona. A direção de fotografia de Quim Miquel, os figurinos de Yasim Saleh e a trilha sonora de Ashraf El Zeftawi conferem um verniz de sofisticação à série. As cenas de ação, perseguições e até mesmo os enquadramentos urbanos noturnos transmitem uma atmosfera noir contemporânea.
No entanto, toda essa estética parece desconectada do que a série realmente quer dizer. A sofisticação visual não acompanha uma coerência na construção dramática, resultando em um produto que parece mais preocupado em parecer intenso do que em ser envolvente.
Reviravoltas vazias e um desfecho questionável
Conforme a trama avança, as reviravoltas se acumulam – mortes inesperadas, traições familiares, revelações absurdas – mas poucas têm o peso necessário para impactar. O assassinato de Mounir, a morte de Al-Hashem e o clímax hospitalar com reféns soam exagerados e pouco convincentes.
O final, que sugere uma fuga misteriosa de Adam e um possível reencontro com Yulia e sua filha em outro país, deixa mais perguntas do que respostas. E o pior: parece não ter aprendido com os próprios erros narrativos, já indicando uma possível continuação que, se seguir o mesmo caminho, corre o risco de repetir falhas.
Conclusão
“Franklin” tenta ser uma série sobre escolhas morais, redenção e o peso do passado, mas se perde em sua ambição mal estruturada. Apesar de um elenco comprometido e uma produção visualmente acima da média, o roteiro falho, os personagens subdesenvolvidos e as reviravoltas mal amarradas tornam a experiência frustrante.
É uma pena ver um projeto com tanto potencial tropeçar por falta de foco e clareza narrativa. Se a série quiser realmente deixar um legado – ao contrário das notas falsas que seus protagonistas produzem –, precisará repensar o que quer contar e como contar.
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Onde assistir à série Franklin?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Franklin (2025)
Elenco de Franklin, da Netflix
- Daniella Rahme
- Mohamad Al Ahmad
- Tony Issa
- Pierre Dagher
- Youssef Haddad
- Georges Chalhoub
- Fayez Kazak
- Sandybelle Khachab
- Carla Kishishian
- Wissam Saliba
Ficha técnica da série Franklin
- Título original: Franklin
- Gênero: drama
- País: Líbano
- Temporada: 1
- Episódios: 6
- Classificação: 16 anos