“O Estúdio”, série da Apple TV+ criada, dirigida e estrelada por Seth Rogen, chega ao final de sua primeira temporada com o episódio 10, intitulado “A Apresentação”, que sintetiza tudo o que a produção se propôs a ser: uma sátira afiada ao funcionamento da indústria cinematográfica, um tributo bem-humorado ao cinema e um grande exercício de metalinguagem.
Misturando planos-sequência, humor escatológico, crítica social e homenagens a clássicos como “O Jogador” e “Um Morto Muito Louco”, o último episódio encerra a temporada de forma tão caótica quanto brilhante.
Sinopse do episódio 10, final da série O Estúdio (2025)
Na sequência direta do episódio anterior, Matt Remick (Seth Rogen) e sua equipe estão em Las Vegas para apresentar a nova safra de filmes da Continental Studios na CinemaCon — momento decisivo para a sobrevivência do estúdio. Porém, após uma noitada regada a cogumelos alucinógenos, todos estão completamente alterados, incluindo Griffin Mill (Bryan Cranston), CEO da empresa e orador principal da apresentação.
Com Griffin fora de si, Matt e o grupo arquitetam uma operação desastrosa para salvá-lo e evitar que o jornalista Matt Belloni descubra que o estúdio está à beira da venda para a Amazon. Entre disfarces, crises existenciais, pancadarias e improvisos, a equipe tenta transformar o caos em espetáculo, culminando em uma apresentação onde a palavra “Movies!” ecoa como um mantra de redenção.
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Crítica do final de O Estúdio (episódio 10), da Apple TV+
Desde o início, “A Apresentação” reforça o compromisso estético da série com uma linguagem cinematográfica que não apenas serve à narrativa, mas a eleva. A homenagem a “O Jogador” se completa: começamos a temporada com um longo plano-sequência e encerramos com outra referência direta ao clássico de Robert Altman, colocando Griffin Mill (o mesmo nome do personagem de Tim Robbins) como protagonista de um colapso público tragicômico.
O uso do “free jazz” como trilha sonora e o constante movimento de câmera criam uma atmosfera de tensão e desorientação que espelha perfeitamente o estado mental dos personagens. Seth Rogen e Evan Goldberg mostram domínio absoluto das ferramentas narrativas, entregando uma sátira que não subestima seu público.
Humor físico e caos controlado
O episódio transforma um clichê potencialmente cansativo — todos os personagens sob efeito de drogas — em uma comédia de situações inesperadas e fisicamente esgotantes. O destaque vai para Bryan Cranston, que entrega uma performance hilária e crível como um CEO completamente fora de si. Sua cena sendo içado e arremessado no palco, só conseguindo balbuciar a palavra “Filmes!”, é um dos ápices cômicos da série.
Cada personagem lida com o delírio de forma singular: Zoë Kravitz vive uma crise existencial, Dave Franco se envolve em uma briga após trapacear no pôquer e Quinn, em um momento brilhante de Chase Sui Wonders, tenta “saborear” tudo à sua volta. O humor surge não do estado alterado em si, mas das consequências desastrosas — e muitas vezes absurdamente humanas — desse estado.
A sátira que se confunde com a própria Hollywood
Mais do que rir do sistema, “O Estúdio” é um espelho desconfortável de Hollywood. A presença do filme fictício do Kool-Aid Man sintetiza a crítica: até onde o cinema é arte e onde ele se transforma apenas em mercadoria? A série não responde diretamente, mas insinua que talvez não haja mais diferença. O próprio Matt Remick, com seu discurso final inflamado, parece resignado a essa dicotomia.
Ao colocar no centro da narrativa uma apresentação corporativa, onde os artistas são apenas peças no tabuleiro de uma grande negociação financeira, a série toca numa ferida exposta da indústria: o espetáculo é mais importante do que a substância. O mantra coletivo “Filmes!” que encerra o episódio é simultaneamente cínico e sincero — e é essa ambiguidade que torna “O Estúdio” tão relevante.
O encerramento que beira a melancolia
Ainda que o episódio seja predominantemente cômico, há uma camada de melancolia que se insinua nos últimos minutos. Matt finalmente evita um desastre público, mas o custo é a completa rendição aos interesses do mercado. O sorriso ambíguo de Seth Rogen na cena final traduz bem essa sensação: vitória ou derrota?
A série, que começou zombando da indústria, termina celebrando-a, ainda que com ironia. Não há aqui o cinismo cruel de “O Jogador”, mas tampouco a esperança romântica de quem acredita em uma transformação verdadeira. O recado é claro: a máquina de Hollywood continuará a moer sonhos e transformá-los em “produtos para toda a família”.
Conclusão
“O Estúdio” chega ao final de sua sua primeira temporada com um episódio que é, ao mesmo tempo, a culminação perfeita de sua proposta e um convite para refletirmos sobre o próprio estado da indústria do entretenimento. Seth Rogen, em sua melhor forma, entrega uma obra que diverte, incomoda e provoca — nem sempre de forma equilibrada, mas sempre de maneira honesta.
Com a segunda temporada já confirmada, fica a expectativa para que Rogen e sua equipe aprofundem ainda mais essa sátira, talvez com ainda menos pudor e mais ousadia. Afinal, como o próprio Matt Remick bem sintetiza no encerramento: “Filmes!”. Porque, no fim, é só disso que se trata.
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Onde assistir à série O Estúdio?
A série está disponível para assistir na Apple TV+.
Trailer de O Estúdio (2025)
Elenco de O Estúdio, da Apple TV+
- Seth Rogen
- Catherine O’Hara
- Ike Barinholtz
- Chase Sui Wonders
- Kathryn Hahn
- Keyla Monterroso Mejia
- Dewayne Perkins
- Nicholas Stoller
- Peter Berg
- Devon Bostick
Ficha técnica da série O Estúdio
- Título original: The Studio
- Criação: Alex Gregory, Peter Huyck, Evan Goldberg
- Gênero: comédia, drama
- País: Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 10
- Classificação: 16 anos