O mistério e a diversão passam longe de 'Mate-me, Se Puder'

Mate-me, Se Puder (Invitación a un Asesinato), novo filme de suspense da Netflix, dirigido por José Manuel Cravioto e escrito por Javier Durán Pérez, Anton Goenechea e Carmen Posadas, conta a história de Agatha, interpretada por Maribel Verdú, uma entusiasta de histórias policiais e crimes reais que acaba se envolvendo na morte da sua irmã. Confinada em uma mansão com uma dezena de personalidades da alta sociedade, Agatha terá que descobrir quem causou a morte de sua irmã, qual o motivo e porque ela reuniu todos ali naquele momento.

Não é apenas porque já existem inúmeras obras de detetive com o enredo abordando uma morte misteriosa no meio de um encontro de pessoas ricas insuportáveis com segredos enfadonhos, que Mate-me, Se Puder se torna um filme dispensável. Há várias maneiras de tornar uma história clichê em algo divertido e cativante. Contudo, não é o que acontece com esse longa.

Vale a pena ver Mate-me, Se Puder?

No geral, não existe complexidade nos personagens, nem em suas ações e muito menos nas suas falas. Agatha, a protagonista, a grande detetive do caso, a personagem que deveria carregar a história nas costas, também não é aprofundada. Tudo o que se mostra sobre ela é que apresenta um podcast sobre crimes reais e que é irmã da vítima. Nada além disso.

Em consequência, o roteiro é pífio, os diálogos são completamente ausentes de propósito para com o objetivo e desenrolar do enredo. Até mesmo as tentativas de comédia neste filme são desinteressantes. Tudo o que é visto em Mate-me, Se Puder é apenas a personagem descobrindo pistas e detalhes aleatórios e, no final, fazendo um monólogo de meia hora (ou seja, um terço do longa-metragem) para dar as respostas do mistério.

Esqueça o mistério

Se você assistiu ou leu obras de mistério ou suspense policial, sentirá a ausência de algo imprescindível para esses gêneros: pistas. Nesse estilo de filme precisamos de dicas, comportamentos duvidosos, confrontos, personalidades e subtramas, que convergem nas teorias apresentadas pelo detetive no final. No entanto, não obtivemos nada disso.

Não são apresentados elementos ou rastros durante o decorrer da trama para que possamos formular nossas próprias teorias, antes de o detetive apresentar as respostas. Não é assim que boas histórias de mistério funcionam. Elas devem exigir engajamento por parte do público e fazer seus cérebros funcionarem.

Portanto, se você está em busca de um bom suspense policial ou até mesmo uma história divertida de mistério, recomendo que leia um dos livros dos autores dos quais Mate-me, Se Puder se inspiram, como Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle. Se assistir a um filme é o que você deseja, busque boas adaptações das obras dos autores supracitados.