
Foto: Netflix / Divulgação
Com um elenco de peso e produção assinada por Mindy Kaling, “A Dona da Bola” chega à Netflix como uma mistura de comédia esportiva e sátira sobre o machismo nos negócios.
Kate Hudson assume o papel de Isla Gordon, uma herdeira forçada a liderar o time de basquete da família após um escândalo envolvendo seu irmão. Mas será que a série consegue equilibrar humor, drama e crítica social sem tropeçar no caminho?
Sinopse da série A Dona da Bola (2025)
Isla Gordon (Kate Hudson) sempre foi a peça descartável nos negócios da família. Criada em um ambiente dominado por homens, ela cresceu apaixonada pelo basquete, mas nunca teve a chance de ocupar um cargo relevante.
Isso muda quando seu irmão Cam (Justin Theroux), até então presidente do Los Angeles Waves, se vê obrigado a renunciar após um escândalo de drogas. Sem outra opção viável, Isla é nomeada para comandar a equipe – e imediatamente enfrenta resistência do conselho, da torcida e, principalmente, dos próprios irmãos.
Determinada a provar que merece o cargo, Isla precisa lidar com jogadores problemáticos, burocracias administrativas e a pressão da mídia. No meio disso tudo, a série também aborda o peso do legado familiar, rivalidades corporativas e a dinâmica entre os irmãos Gordon.
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Crítica de A Dona da Bola, da Netflix
A ideia de uma mulher enfrentando o machismo no comando de um time de basquete não é inédita, mas é um tema sempre relevante. “A Dona da Bola” se inspira claramente na trajetória de Jeanie Buss, presidente do Los Angeles Lakers, e busca trazer um olhar mais leve e cômico sobre os desafios enfrentados por mulheres em posições de poder.
Porém, a série nem sempre consegue aprofundar essa crítica de maneira eficaz. Em alguns momentos, o feminismo de Isla soa excessivamente didático e artificial, como se o roteiro quisesse esfregar na cara do espectador que “mulheres também podem liderar”. Em contrapartida, há cenas genuinamente bem escritas, que mostram a personagem conquistando respeito por sua competência, sem precisar de discursos exageradamente expositivos.
Humor acerta às vezes, mas nem sempre marca pontos
Sendo uma comédia, era esperado que “A Dona da Bola” entregasse piadas afiadas e diálogos rápidos, características comuns nas produções de Mindy Kaling. No entanto, o humor da série é inconsistente. O piloto, por exemplo, tem um ritmo truncado e piadas que nem sempre funcionam.
Algumas situações soam forçadas, como os momentos em que Isla tenta se impor sobre os jogadores da equipe ou quando precisa lidar com os comentários sexistas do conselho administrativo.
Felizmente, a partir do terceiro episódio, a série começa a encontrar seu tom. O elenco ganha química, os diálogos ficam mais naturais e as piadas finalmente começam a fluir. A dinâmica entre os irmãos Gordon, por exemplo, rende ótimos momentos, principalmente nas cenas entre Isla, Sandy (Drew Tarver) e Ness (Scott MacArthur).
Coadjuvantes roubam a cena
Kate Hudson tem carisma de sobra e consegue equilibrar bem o lado engraçado e emocional de Isla. Sua atuação convence, mesmo quando o roteiro tropeça. No entanto, são os coadjuvantes que trazem os momentos mais memoráveis.
Justin Theroux entrega uma performance cínica e divertida como Cam, o irmão problemático. Brenda Song, como a melhor amiga e assessora de Isla, é uma adição carismática ao elenco. E, surpreendentemente, Chet Hanks se destaca interpretando um jogador egocêntrico e atrapalhado, adicionando boas doses de humor à trama.
Por outro lado, Max Greenfield, no papel do noivo de Isla, acaba subaproveitado, e seu personagem não parece ter muita função na história além de ser um interesse amoroso descartável.
Drama familiar
Embora seja vendida como uma comédia esportiva, “A Dona da Bola” tem um forte componente de drama familiar. A relação entre os irmãos Gordon e o legado tóxico deixado pelo patriarca são elementos que poderiam ser melhor explorados. A série tenta seguir a fórmula de “Succession”, mostrando intrigas, traições e disputas pelo poder, mas sem a profundidade necessária.
O arco envolvendo o “irmão perdido” – um funcionário do estádio que descobre ser um herdeiro legítimo – é um exemplo de um enredo que poderia render mais conflitos, mas acaba sendo resolvido rápido demais. O mesmo acontece com a tentativa de golpe dos irmãos Sandy e Ness contra Isla, que surge como um grande problema, mas se desfaz sem grandes consequências.
Identidade visual e ritmo
Visualmente, “A Dona da Bola” acerta ao capturar a estética vibrante do universo esportivo. A fotografia é bem iluminada, os cenários são dinâmicos e as cenas dentro da quadra são convincentes. O ritmo, por outro lado, é um problema em alguns episódios. A temporada de 10 capítulos tenta condensar muitos eventos em pouco tempo, o que faz com que alguns arcos sejam resolvidos de maneira apressada.
Isso afeta principalmente o desenvolvimento dos personagens. Isla, por exemplo, começa como uma mulher desacreditada e termina como uma líder respeitada, mas essa transição acontece rápido demais para ser totalmente convincente.
Conclusão
“A Dona da Bola” tem potencial para ser uma série divertida e envolvente, mas ainda precisa encontrar seu equilíbrio entre comédia, drama e crítica social. Kate Hudson segura bem o protagonismo, o elenco coadjuvante é afiado e a trama tem bons momentos, mas o roteiro nem sempre consegue entregar diálogos naturais e situações genuinamente engraçadas.
Se houver uma segunda temporada, espera-se que a série aproveite melhor seus conflitos internos e explore mais a evolução de Isla de maneira orgânica. No momento, “A Dona da Bola” é como um time promissor que precisa de mais treinos para realmente dominar a quadra.
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Onde assistir à série A Dona da Bola?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de A Dona da Bola (2025)
Elenco de A Dona da Bola, da Netflix
- Kate Hudson
- Drew Tarver
- Scott MacArthur
- Brenda Song
- Fabrizio Guido
- Chet Hanks
- Toby Sandeman
- Justin Theroux
- Max Greenfield
Ficha técnica da série A Dona da Bola
- Título original: Running Point
- Criação: Mindy Kaling, Ike Barinholtz, David Stassen, Elaine Ko
- Gênero: comédia
- País: Estados Unidos
- Ano: 2025
- Temporada: 1
- Episódios: 10
- Classificação: 16 anos