O cinema espanhol tem uma longa e frutífera história com o gênero suspense, nos dando obras que muitas vezes elevam o drama psicológico a um nível visceral. Em 2024, o diretor Gonzalo Perdomo se aventura nesse território com “A Fiança” (La Fianza), trazendo um thriller de escopo contido, mas de tensão explosiva.
Estrelado por nomes fortes como Juana Acosta, Israel Elejalde e Julián Román, o filme se propõe a ser mais do que apenas uma história de invasão domiciliar; ele é um mergulho brutal nas consequências de uma vida construída sobre enganos. Se você curte aquele suspense que te deixa roendo as unhas e questionando o que é verdade, é bom prestar atenção neste título.
Sinopse
A trama gira em torno de Ana (Juana Acosta), uma mãe de família aparentemente comum que vive em um subúrbio tranquilo. A vida parece normal, com o recente aniversário de seis anos da filha Laura (Adriana Saéz-Bravo Albuquerque) ainda fresco na memória. A rotina, no entanto, é violentamente interrompida quando um estranho chamado Walter (Julián Román) aparece em sua porta, procurando Ricardo (Israel Elejalde), seu marido.
O que começa como um mal-entendido ou uma visita desconfortável rapidamente se transforma em cativeiro. Walter não é um conhecido qualquer, mas um elo de uma perigosa organização criminosa para a qual Ricardo trabalha, e ele está ali para garantir que o “negócio” em andamento seja concluído.
Ana e sua filha se tornam, literalmente, a “fiança” humana de Ricardo. A partir desse ponto, Ana é forçada a confrontar não apenas a ameaça física de Walter, mas também a devastadora verdade sobre o homem com quem ela se casou: suas mentiras, infidelidades e, o mais importante, sua vida dupla no submundo. Presa em sua própria casa, ela precisa lutar para sobreviver e, ao mesmo tempo, lidar com o desmoronamento de toda a sua realidade.
➡️ Quer saber mais sobre filmes, séries e streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo INSTAGRAM, X, TIKTOK, YOUTUBE, WHATSAPP, e GOOGLE NOTÍCIAS, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.
Resenha crítica do filme A Fiança
O grande acerto de “A Fiança” é sua capacidade de transformar um ambiente de paz — a casa de uma família de classe média — em uma prisão claustrofóbica. Perdomo consegue sustentar o suspense principalmente através da atuação e de uma direção de arte esperta, que explora os espaços da casa para aumentar a sensação de confinamento e perigo.
🔪 O confronto de duas faces da moeda
A dinâmica entre Ana e Walter é o coração pulsante do filme. Juana Acosta entrega uma performance de tirar o chapéu como Ana. Não se trata de uma heroína de ação, mas de uma mulher forçada a ir do desespero à astúcia em questão de minutos. A tensão não é só sobre escapar, mas sobre como ela lida com a descoberta da traição e da vida secreta do marido enquanto está sob a mira de um criminoso.
Do outro lado, Julián Román, como Walter, é ameaçador de uma forma fria e calculista. Ele não precisa gritar para impor medo; sua presença e o que ele representa já são suficientes. Ele é o catalisador que expõe a podridão por baixo do verniz da vida perfeita.

🧠 Tensão psicológica x ação
“A Fiança” se apoia muito mais na tensão psicológica do que na ação desenfreada, o que é típico dos bons thrillers de câmara. O roteiro, assinado por Andrés Martorell, foca em diálogos afiados e nas revelações chocantes que vão minando a sanidade de Ana.
No entanto, o filme tem 92 minutos e, em alguns momentos, a tensão pode flutuar. Há um risco inerente em histórias que se passam em um único local: o ritmo precisa ser impecável para evitar o tédio. Perdomo, na maior parte do tempo, faz um bom trabalho ao introduzir reviravoltas no tempo certo, mas alguns momentos parecem alongados, talvez na tentativa de extrair o máximo de angústia da situação.
🚨 O gênero como espelho social
Como muitos thrillers espanhóis, “A Fiança” usa o suspense para falar de algo maior. Ele é um comentário ácido sobre a fragilidade da instituição familiar e as consequências do capitalismo desenfreado e da ambição.
Ricardo, o marido ausente (literalmente e metaforicamente), representa o homem que sacrificou a honestidade e a segurança familiar por uma vida de luxo e risco. Quando o sistema de mentiras cai, é a esposa e a filha que pagam a fiança, reforçando a ideia de que os crimes de um afetam profundamente todos ao redor.
Conclusão
“A Fiança” é uma adição sólida ao catálogo de suspense espanhol. Não é um filme que reinventa a roda do subgênero de cativeiro ou invasão, mas ele executa a fórmula com uma intensidade notável e atuações de peso.
Se você busca um thriller tenso, com um foco pesado no drama psicológico e na desconstrução familiar, e não se importa com uma ambientação quase teatral, a obra de Gonzalo Perdomo é uma boa pedida. Ele te faz pensar no preço que você pagaria (e que outros pagariam) para manter sua vida — ou a mentira dela — de pé.
Onde assistir ao filme A Fiança?
Trailer de A Fiança (2025)
Elenco do filme A Fiança
- Juana Acosta
- Israel Elejalde
- Julián Román















