Crítica do filme A Longa Marcha – Caminhe ou Morra (2025) - Flixlândia

‘A Longa Marcha – Caminhe ou Morra’ é assustadoramente atual

Filme é uma adaptação do livro de Stephen King

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Seja por falta de inspiração ou por homenagem ao grande mestre literário do terror, Stephen King tem ganhado cada vez mais adaptações no cinema. A bola da vez é “A Longa Marcha – Caminhe ou Morra” (The Long Walk), suspense inspirado no livro homônimo publicado por aqui pela editora Suma, que estreia no Brasil nesta quinta-feira, 18 de setembro.

Diferentemente da maior parte das obras de King, o longa-metragem não é uma história de terror, ao menos não ao que se entende ao pé da letra sobre o gênero. Estrelado por Cooper Hoffman e David Jonsson, “A Longa Marcha” não traz sustos, mas uma história densa com uma crítica social afiada.

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Sinopse

Até onde você consegue ir? Na trama, contrariando a vontade da mãe, o jovem Ray Garraty se inscreve e é sorteado para participar de uma famosa prova anual de resistência, intitulada de “A Grande Marcha”.

A disputa atrai milhares de espectadores, que assistem nas ruas e na televisão. Mas a competição não tem linha de chegada: ela só termina quando restar um único sobrevivente.

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Crítica

A ideia central é completamente absurda: o vencedor da prova pode escolher qualquer coisa que desejar, pelo resto da vida. Seja muito dinheiro ou até as algo completamente estapafúrdio. Na disputa, os jovens (homens) devem caminhar acima de uma velocidade mínima estabelecida. Para se manter na competição, eles não podem diminuir o ritmo nem parar.

Cada infração às regras do jogo lhes confere uma advertência. Ao acumular mais de três penalidades, o competidor é eliminado – leia-se MORTO. Portanto, o último a continuar de pé sagra-se campeão. E tudo isso sem qualquer questionamento das autoridades ou da mídia, pelo contrário: a prova é acompanhada pelos militares.

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Jogos Vorazes de Stephen King

Não há como não associar “A Longa Marcha” à franquia “Jogos Vorazes”. Então não foi nenhuma surpresa que Francis Lawrence (responsável pela franquia estrelada por Jennifer Lawrence) tenha sido o escolhido para capitanear essa outra adaptação.

Afinal, o filme também tem a premissa de um jogo onde os participantes lutam pela sobrevivência. E, assim como nos livros de Suzanne Collins, tudo vira um espetáculo circense, com o público assistindo nas ruas e na televisão. A diferença é que King escreveu o livro em 1979, enquanto o primeiro “Jogos Vorazes” só foi publicado em 2008. Ou seja: certamente a autora bebeu da fonte de “A Longa Marcha”.

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O horror do ser humano

O longa se passa num período pós-guerra nos EUA. Embora não tenha expressado claramente a qual conflito se referia, acredita-se que tenha sido o da Guerra do Vietnã, quando os norte-americanos foram derrotados e passaram por um período de crise na década de 1970 (período, inclusive, em que King escreveu o livro). Por isso, muitos jovens resolveram se arriscar nessa prova, já que não viam perspectiva de mudar de vida.

Quem gosta do lado mais tenebroso de King (e não tenha lido o livro que inspirou a obra), como em “It – A Coisa”, “O Cemitério”, “O Iluminado”, entre outras obras, pode se decepcionar com “A Longa Marcha”. Isso porque não se trata de uma história de terror exatamente, mas é assustadora e tão poderosa hoje quanto à época de sua publicação. O horror está no psicológico e em como a ganância e o sadismo podem forjar o ser humano.

Lawrence também consegue criar uma atmosfera melancólica e angustiante, onde muitas vezes o dia é mais apavorante que a noite. Isso porque o diretor não poupa os espectadores da violência gráfica, mostrando abertamente tiros na cabeça, pernas sendo esmagadas, entre outras atrocidades esperadas em um filme que se classifica como terror.

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Amizade palpável e falta de questionamento

Tirando a parte “absurda”, onde os participantes – não-atletas – conseguem caminhar por centenas de quilômetros e sem dormir por dias, a obstinação e a motivação de cada jovem aproxima o público, e cada personagem é bem desenvolvido, principalmente a dupla principal formada por Cooper Hoffman e pelo excepcional David Jonsson. Ainda que em pouco tempo juntos, a convivência diária, durante 24 horas, proporciona uma amizade palpável entre Garraty e McVries que sensibiliza o espectador.

Talvez o maior defeito do filme seja a falta de questionamento citada acima por parte da mídia, das autoridades políticas e organizações sociais, que parecem complacentes com o que acontece. A prova é basicamente um reality show, como se cada morte fosse uma mera eliminação no paredão. Por outro lado, talvez seja essa a ideia do diretor, deixando a entender que a vida do pobre vale muito pouco.

Final de A Longa Marcha pode gerar divisões de opiniões

Outro ponto que pode desapontar alguns espectadores com “A Longa Marcha” é o seu final. Não quem ganha a prova em si – que consegue fugir do clichê da famosa “jornada do herói” -, mas o desfecho em aberto do filme. Entretanto, vou evitar detalhes para não dar possíveis spoilers.

Mas se o filme todo convida os espectadores a uma reflexão sobre os novos – e antigos – tempos, quando nos vemos diante de uma expansão de regimes totalitários pelo planeta e um mundo ficando mais pobre, o final pode ser mais uma excelente oportunidade para nos aprofundarmos sobre essa poderosa mensagem da obra. Afinal, valeu a pena e para onde vamos com tudo isso?

Conclusão

Se boa parte das adaptações de Stephen King não honra o legado do autor, não se pode dizer o mesmo de “A Longa Marcha”. É um filme sensível sobre amizade e resistência em um mundo que “caminha” para dias piores. Um convite à reflexão sobre as nossas relações e como melhorá-las.

Diante desse cenário, a tal marcha vai se transformando cada vez mais em uma corrida para um buraco sem fundo. Fica o questionamento: ainda é possível mudar esse rumo?

Onde assistir ao filme A Longa Marcha – Caminhe ou Morra?

O filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 18 de setembro de 2025.

Veja o trailer de A Longa Marcha – Caminhe ou Morra (2025)

YouTube player

Quem está no elenco do filme A Longa Marcha – Caminhe ou Morra?

  • Mark Hamill
  • Cooper Hoffman
  • David Jonsson
  • Garrett Wareing
  • Tut Nyuot
  • Charlie Plummer
  • Ben Wang
  • Roman Griffin Davis
  • Jordan Gonzalez
  • Josh Hamilton
  • Judy Greer
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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