Crítica do filme indiano A Mãe e a Maldição, da Netflix (2025) - Flixlândia (1)

‘A Mãe e a Maldição’: entenda o final chocante e a conexão com ‘Shaitaan’ na Netflix

Desfecho tem gerado opiniões distintas

Foto: Netflix / Divulgação
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O cinema de horror indiano tem vivido um renascimento notável nos últimos anos, especialmente com a ascensão do “folk horror”, subgênero que mergulha fundo nas raízes mitológicas e folclóricas do país. Nesse cenário, “A Mãe e a Maldição” (Maa), dirigido por Vishal Furia, surge como uma ambiciosa tentativa de dar continuidade ao “universo Shaitaan”, iniciado em 2024.

Com Kajol no papel principal, prometendo uma performance visceral como a “mãe salvadora”, o filme da Netflix se propõe a ser uma história de horror mitológico sobre a força destrutiva e inabalável da maternidade. No entanto, o complexo e, para muitos, confuso final de “A Mãe e a Maldição”, tem gerado debates e teorias, especialmente em relação à sua ligação com o aclamado “Shaitaan”.

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A premissa intrigante: maternidade, maldição e mitologia

A trama de “A Mãe e a Maldição” acompanha Ambika (Kajol) e sua filha adolescente, Shweta (Kherin Sharma), que são forçadas a retornar à ancestral mansão da família, a Rajbari, em Chandanpur, um remoto vilarejo em Bengala. A viagem é motivada pela morte do pai de Shweta, Shuvankar (Indraneil Sengupta), com o objetivo de vender a propriedade.

Contudo, Chandanpur é assombrado por uma maldição ancestral: jovens garotas na puberdade desaparecem misteriosamente, retornando mais tarde sem memória do ocorrido. Ambika logo percebe que sua filha está em perigo, e que o vilarejo esconde um segredo sombrio ligado a um demônio que se manifesta como uma árvore, o Amsaja, um descendente do mitológico Raktabeej.

Em meio à suspeita e hostilidade dos moradores, liderados por Joydev (Ronit Roy), Ambika deve desvendar o mistério da mansão e de sua própria linhagem para proteger Shweta, numa batalha que entrelaça fé e medo de maneira caótica.

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A batalha começa: Amsaja e a força destrutiva da maternidade

O conceito de uma mãe que se transforma em uma entidade quase divina para proteger seu filho é universalmente potente. Em “A Mãe e a Maldição”, a atuação de Kajol é, sem dúvida, o ponto de luz que sustenta o filme. Sua interpretação emocionalmente crua e convincente incorpora a dor, o medo e, finalmente, a fúria que dão nome ao filme.

Sua personagem, Ambika, cujo nome é uma das representações da deusa Durga, tem um arco interessante, evoluindo de uma mãe indefesa para uma verdadeira “força da natureza”. A dedicação de Kajol à ideia de que “não há deus mais forte que uma mãe” é visível em cada cena.

No entanto, a narrativa tropeça significativamente na construção de seu antagonista. Amsaja, o demônio da árvore, não consegue incutir medo. Apesar do investimento em efeitos visuais, a criatura é descrita como mais parecida com uma versão “raivosa e superdesenvolvida de Groot” do que com uma entidade maligna e aterrorizante.

Amsaja carece de personalidade, diálogos marcantes e, sobretudo, da malícia que tornou o diabo de “Shaitaan” tão fascinante. Essa falha em criar um antagonista forte enfraquece a batalha central e transforma o confronto final em um espetáculo de CGI sem peso emocional. A atmosfera sombria criada pela fotografia e pelo design de produção não compensa a ausência de um terror genuíno.

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Quem é o verdadeiro vilão em “A Mãe e a Maldição”?

Conforme a trama se desenrola, o filme revela que o verdadeiro vilão por trás das conspirações e práticas malignas no vilarejo é Joydev (Ronit Roy), o sarpanch da vila. Joydev, que era humano, foi possuído pelo espírito de Amsaja ao longo de décadas, absorvendo as habilidades do demônio e perpetuando seu reinado de terror.

Ele foi o responsável por sacrificar bebês ao demônio e, em um ato hediondo, violentou uma mulher idosa da vila, que mais tarde foi ostracizada e considerada uma bruxa por se opor ao sacrifício de crianças.

Joydev admitiu ter assassinado Shuvankar (o marido de Ambika) e até mesmo seu próprio pai para garantir que Ambika e Shweta retornassem ao vilarejo. Seu objetivo sinistro era impregnar Shweta com o demônio Raktabeej, dando continuidade à linhagem maligna.

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Final explicado de “A Mãe e a Maldição”: o confronto divino e a reviravolta

No clímax, Ambika, canalizando o poder da Deusa Kali, confronta Joydev/Amsaja. Ela realiza a Kali Puja e busca as bênçãos do poder divino para triunfar sobre o mal. Embora o demônio a ataque brutalmente, chegando a matá-la ao quebrar seu pescoço, Ambika é renascida com os poderes divinos de Maa Kali. Com essa força renovada, ela consegue subjugar o demônio, arrancando seu coração e alcançando uma vitória aparente sobre o mal.

Crítica do filme A Mãe e a Maldição, da Netflix (2025) - Flixlândia
Foto: Netflix / Divulgação

A maldição de Raktabeej: Shweta e o sacrifício desnecessário

No entanto, a batalha não termina com a derrota de Joydev. Shweta, a filha de Ambika, é impregnada pelo demônio, o que leva Ambika a se preparar para o sacrifício final de sua própria filha, acreditando ser a única forma de salvar o povo e quebrar a maldição.

No momento crucial, quando ela está prestes a decapitar Shweta, a velha pára Ambika. É revelado que as profecias de Maa Kali foram mal interpretadas. A Deusa, por sua intervenção divina, reverteu a semente de Raktabeej do útero de Shweta.

Essa revelação expõe uma verdade sombria: os ancestrais masculinos de Shuvankar haviam usado a maldição como uma desculpa para o infanticídio feminino, em vez de tentar salvar as meninas. O filme sugere que a lágrima de Ambika com o sangue da filha, caindo na terra, ajudou a matar o monstro.

A Deusa Kali nunca pediu por tais sacrifícios. A alma dos bebês mortos em gerações anteriores também foi ativada e ajudou a salvar a filha de Kajol do sacrifício. Este desfecho lança uma crítica à forma como a doutrina religiosa pode ser distorcida para justificar atos de violência e controle patriarcal sobre as mulheres.

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Conexões: o universo “Shaitaan” e a cena pós-créditos

Um dos aspectos mais intrigantes de “A Mãe e a Maldição” é sua inserção no que se sugere ser um universo cinematográfico compartilhado com “Shaitaan”. A cena pós-créditos é fundamental para essa conexão. Nela, um homem encapuzado, interpretado por R. Madhavan, entra na floresta assombrada, agora reduzida a cinzas após a vitória de Ambika. Ao coletar as cinzas do demônio Amsaja em uma de suas mãos, sua pele começa a se transformar, enquanto a música tema de “Shaitaan” toca ao fundo.

Este homem é Vanraj Kashyap, o antagonista de “Shaitaan”. Ao absorver os restos de Amsaja, ele adquire habilidades sobrenaturais. Vanraj então profere um monólogo arrepiante: “Vocês, humanos, sabem qual é a sua maior tolice? Vocês acham que mataram o mal ao matar o malvado, ao me matar. Mas enquanto o ser humano viver neste universo, o Shaitaan dentro dele viverá). Ele ri, e os créditos finais rolam”.

Essa cena levanta uma série de questões e teorias entre os espectadores e a crítica. Quando visto pela última vez, Vanraj estava sob custódia de Kabir (Ajay Devgn), emaciado e aprisionado, tendo perdido a língua na batalha final de “Shaitaan”. A cena pós-créditos de “Maa” sugere que o filme pode ser uma prequela de “Shaitaan”, explicando como Vanraj adquiriu seus poderes para controlar jovens, de forma similar a Joydev, que foi empoderado por Amsaja.

A possibilidade de Vanraj retornar em uma forma ainda mais formidável, ameaçando tanto Kabir quanto Ambika, deixa um gancho para futuros filmes. Vale ressaltar que Ajay Devgn co-produziu “Maa” e “Shaitaan” foi um sucesso de bilheteria, arrecadando mais de 200 crore de rúpias.

Pontos fortes e fracos

Apesar de uma premissa de “ouro”, “A Mãe e a Maldição” se perde na execução. A tentativa de fundir o horror mitológico com um drama familiar sobre a força da maternidade resulta em uma mistura confusa.

  • Atuação de Kajol: Inegavelmente, o talento de Kajol, que se entrega completamente ao papel de Ambika, é a única coisa que mantém o espectador minimamente engajado. Ela rouba a cena e entrega uma atuação poderosa, sustentando o filme.
  • Problemas Narrativos: O roteiro é apontado como tendo “falhas graves”, um “ritmo lento” e um “antagonista que falha em ser ameaçador”. A primeira metade do filme é particularmente arrastada, levando mais de uma hora para que a trama principal realmente se desenvolva, minando qualquer tensão. A ausência de lógica em diversas decisões dos personagens, como Ambika insistindo em permanecer em um local assombrado mesmo após eventos aterrorizantes, quebra o pacto de suspensão de descrença necessário para o gênero. O filme se perde em um labirinto de subenredos sobre sacrifícios humanos, o passado da família feudal e rituais de Kali Puja, que, em vez de aprofundar a história, apenas a tornam mais confusa e desconexa.
  • Crítica Social: O filme, além de seus elementos sobrenaturais, tenta criticar o patriarcado e a cultura do estupro. O abuso sexual na trama serve como uma arma de poder, não de desejo, e o filme expõe como as interpretações patriarcais do dogma religioso sustentaram a violência e o controle sobre as mulheres. No entanto, essa crítica é frequentemente ofuscada pela execução falha.
  • Efeitos Visuais: A qualidade dos efeitos visuais para o demônio Amsaja e os cenários, como a floresta visivelmente artificial, são criticados por sua falta de imersão e por não serem assustadores.

Em última análise, “A Mãe e a Maldição” tenta ser muitas coisas — um horror folk, um drama sobre a guerra de gêneros, uma fantasia mitológica — e acaba não sendo bom em nenhuma delas. Em um momento em que o cinema indiano se arrisca no gênero de horror, o filme é visto como um “passo para trás” e uma “oportunidade perdida”.

Apesar de seu potencial e de uma atuação central poderosa, é um lembrete melancólico de que nem mesmo uma lenda do cinema pode salvar uma história que carece de coerência e, ironicamente, de alma.

Onde Assistir ao Filme “A Mãe e a Maldição”?

O filme “A Mãe e a Maldição” (Maa) está disponível para ser assistido na plataforma de streaming Netflix.

Elenco principal de “A Mãe e a Maldição”

  • Kajol (Ambika)
  • Ronit Roy (Joydev / Jaidev)
  • Indraneil Sengupta (Shuvankar)
  • Jitin Gulati (Shekhar)
  • Kherin Sharma (Shweta / Sweta)
  • Gopal Singh
  • Dibyendu Bhattacharya
  • Surjyasikha Das (Nandini)
  • Rupkatha Chakraborty (Deepika)
  • Aashit Chatterjee
  • Vibha Rani
  • Yaaneea Bhardwaj
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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