O terror de sobrevivência sempre foi terreno fértil para experimentações, mas raramente encontramos um título que consiga equilibrar ironia e brutalidade sem cair no puro ridículo. É justamente nessa zona instável que Sean Byrne, conhecido por ‘Entes Queridos’ e ‘O Doce do Diabo’, finca o pé em ‘Animais Perigosos’.
Misturando serial killer, tubarões e humor ácido, o longa estrelado por Jai Courtney (‘Spartacus: Sangue e Areia’) e Hassie Harrison (‘Yellowstone’) chega aos cinemas brasileiros com estética vibrante e um vilão carismático e assustador. O filme se apresenta como uma peça curiosa dentro do gênero, ainda que imperfeita em alguns aspectos, confira nossa crítica abaixo.
Sinopse
A trama se passa na ensolarada Gold Coast, na Austrália, onde Zephyr (Hassie Harrison), uma surfista nômade, acaba caindo nas mãos de Tucker (Jai Courtney), um aparente guia marítimo. O que parecia apenas mais um encontro casual logo se revela um pesadelo.
Sequestrada e mantida em cativeiro no barco do assassino, Zephyr descobre que Tucker não apenas mata suas vítimas de forma cruel, mas também as entrega como alimento aos tubarões, registrando tudo em vídeo. A jovem então precisa escolher qual inimigo enfrenta: o predador humano ou os animais do mar.
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Crítica
Grande parte da força de ‘Animais Perigosos’ está em Tucker, o que surpreende, afinal, as estrelas de filmes de tubarão costumam ter barbatanas. Courtney entrega um personagem grotesco, fanfarrão e assustador em igual medida. Seu comportamento exagerado, entre piadas mórbidas e crueldade calculada, dá o tom da narrativa. Não há disfarce: o verdadeiro animal perigoso nunca é o tubarão, mas o homem.
Essa escolha desloca o terror aquático para um campo mais psicológico, onde a violência humana assume protagonismo absoluto. O mar, nesse contexto, deixa de ser o inimigo imprevisível e passa a ser o palco para a encenação de um espetáculo macabro, reforçando a ideia de que os monstros que mais nos ameaçam não vivem sob as águas, mas caminham entre nós.
Escolhas estéticas e fotografia
Visualmente, o filme aposta em contrastes marcantes: o azul intenso do oceano contra o vermelho do sangue derramado, variando entre a imensidão do mar aberto em planos aéreos e o claustrofóbico calabouço em que a vítima está.
Essa oposição não apenas remete a ‘Tubarão’ de Spielberg, mas também cria uma identidade própria que dialoga com a estética de clipe musical, tão presente na obra de Byrne. Mesmo com orçamento limitado, a direção de fotografia de Shelley Farthing-Dawe consegue criar imagens potentes, reforçando o tom de espetáculo grotesco que o filme abraça sem pudor.
A montagem acompanha essa proposta, investindo em cortes rápidos e enquadramentos que simulam a estética de vídeos caseiros ou gravações amadoras. Essa linguagem aproxima o público da perspectiva do próprio vilão, intensificando a sensação de voyeurismo e tornando o espectador cúmplice involuntário de cada crime registrado em vídeo. O resultado é um filme que, mesmo quando escorrega no exagero, nunca perde o controle visual e mantém coesão no estilo.
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Roteiro e protagonistas
O texto de Nick Lepard, embora previsível em algumas resoluções, tem o mérito de não se levar tão a sério. O humor desconfortável e as falas cínicas de Tucker funcionam como válvula de escape, quebrando a tensão sem neutralizá-la por completo.
Essa dinâmica garante um ritmo peculiar, que oscila entre o horror gráfico e a ironia, sem nunca abandonar totalmente nenhum dos dois. Já a relação entre Zephyr e Moses (Josh Heuston) introduz um leve tom romântico que contrasta com o terror, mas sua execução soa artificial em certos momentos, lembrando produções mais juvenis e destoando da atmosfera mais sombria na qual o filme se amarra.
Ainda assim, Hassie Harrison sustenta com bastante firmeza o protagonismo. Sua Zephyr não se limita ao papel de vítima indefesa: ela é resistente, irônica e convincente como personagem que se recusa a se render diante do perigo. Essa resiliência se torna essencial para manter a tensão até o fim e evitar que o filme caia em clichês absolutos. Assim como os tubarões, Zephyr não é apenas objeto de narrativa, mas peça fundamental no jogo entre predador e presa, equilibrando o domínio que Tucker tenta impor com sua presença sufocante.
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Conclusão
‘Animais Perigosos’ não é um terror convencional. Sua mistura de serial killer e filme de tubarão resulta em algo irregular, mas cheio de personalidade. A obra entende que o exagero pode ser virtude, e não defeito, desde que sustentado com convicção estética e com um vilão que concentra boa parte da força narrativa.
No fim, o longa entrega uma experiência peculiar: brutal, irônica e consciente de seus excessos. Pode não reinventar o gênero e até mesmo cair em facilitações de roteiro para entregar o final, mas certamente encontra um lugar próprio no imaginário dos thrillers de sobrevivência, mostrando que ainda há espaço para ousadia mesmo em mares já tão explorados pelo cinema.
Onde assistir ao filme Animais Perigosos?
O filme estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 18 de setembro de 2025.
Veja o trailer de Animais Perigosos (2025)
Quem está no elenco do filme Animais Perigosos?
- Hassie Harrison
- Jai Courtney
- Josh Heuston
- Ella Newton
- Liam Greinke
















