O plot twist, ou a reviravolta no enredo, é um recurso narrativo amplamente utilizado em diversas formas de mídia, como livros, filmes e séries de televisão. Sua função principal é oferecer ao público uma experiência excepcional, desafiando as expectativas construídas ao longo da trama.
Esse mecanismo poderoso tem a capacidade de transformar uma história comum em algo memorável e complexo. Ele mantém o espectador (ou leitor) intrigado, muitas vezes forçando uma reavaliação completa dos eventos anteriores. A ideia central é sempre surpreender quem está assistindo com revelações completamente inesperadas.
A origem histórica do plot twist: de Aristóteles a Hollywood
A prática de introduzir uma reviravolta inesperada na narrativa é muito antiga, antecedendo o próprio cinema. Suas raízes podem ser rastreadas até a Grécia Antiga, na teoria da tragédia, conforme estudada pelo filósofo Aristóteles.
O pensador estabeleceu dois conceitos fundamentais que são precursores diretos do plot twist moderno: a anagnórise e a peripécia. O recurso é utilizado há séculos, aparecendo também em textos como a peça Édipo Rei e o conto medieval As Três Maçãs de As Mil e Uma Noites.
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O que é anagnórise e como ela se relaciona com a reviravolta?
A anagnórise, que significa “descoberta” ou “reconhecimento”, ocorre quando um personagem tem uma percepção súbita e crucial sobre sua própria identidade, sua família ou suas circunstâncias atuais. Essa revelação transforma a compreensão da realidade do personagem, e geralmente desencadeia a mudança drástica na história.
Já a peripécia representa a reversão súbita da sorte do protagonista, alterando o curso da narrativa a partir daquele ponto. É fundamental, no entanto, que tanto a anagnórise quanto a peripécia surjam de circunstâncias naturais do enredo, e não como um evento forçado ou jogada de sorte sem sentido.
Embora o termo “plot twist” seja mais comum em contextos de cultura pop e cinema, o recurso ganhou popularidade intensa na sétima arte, especialmente a partir da década de 70. Diretores como Alfred Hitchcock e, mais recentemente, M. Night Shyamalan, são conhecidos por utilizarem reviravoltas impactantes.

Quais são os principais tipos de plot twist no cinema?
Existem diferentes mecanismos que os criadores de histórias utilizam para surpreender o público. Uma técnica comum é a Falsa Pista (Red Herring), que introduz informações destinadas a desviar a atenção e levar a conclusões incorretas sobre a trama.
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Como o narrador não confiável manipula a percepção do público?
Outra abordagem poderosa é a do Narrador Não Confiável, que manipula a perspectiva do público, distorcendo o entendimento dos eventos até o momento da revelação final. O narrador pode enganar o espectador e tem o poder de manipulá-lo para distorcer o final, como visto em filmes do tipo mind-game film.
Filmes como Clube da Luta exemplificam essa técnica através da revelação de um alter-ego do protagonista. O enredo se constrói de forma a esconder informações, subvertendo as expectativas da audiência ao brincar com sua percepção da realidade.
A Revelação de Identidade é um tipo clássico, onde a informação crucial sobre um personagem muda drasticamente a percepção sobre suas ações. Um exemplo icônico é o momento em que Darth Vader revela ser o pai de Luke Skywalker em Star Wars V – O Império Contra Ataca.
Muitas vezes, a surpresa está reservada para o Final Surpresa (Twist Ending), que redefine toda a narrativa e força uma reavaliação retrospectiva dos fatos. O caso famoso de O Sexto Sentido, que muda completamente o contexto da história no último ato, é um exemplo notável.
O uso da Narrativa Não Linear também é frequente em histórias com plot twists, pois organiza a trama de forma não cronológica, suprimindo ou retomando informações em momentos inesperados. Essa quebra da linearidade é essencial para manipular a construção que o espectador faz da fábula e potencializar a surpresa.

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Como criar um plot twist inesquecível e coerente?
Para que um plot twist seja bem-sucedido, ele deve manter um equilíbrio delicado entre o choque da surpresa e a credibilidade narrativa. É vital que, após a revelação, o evento faça sentido lógico dentro do universo da história.
O planejamento detalhado é, portanto, crucial. Os autores devem plantar pistas sutis, muitas vezes chamadas de prefiguração, ao longo do enredo que, em retrospecto, justifiquem a reviravolta. O próprio longa costuma dar pequenas dicas sobre a reviravolta, deixando pistas sutis para a audiência seguir.
Caso a reviravolta pareça arbitrária ou sem fundamento, o público pode sentir-se frustrado e desorientado, perdendo o engajamento. Os melhores plot twists são aqueles cuidadosamente planejados, que surpreendem, mas fazem sentido retrospectivamente.
É importante também estar ciente das expectativas do público e dos clichês do gênero, subvertendo-os para criar algo realmente original e impactante. A reviravolta pode ocorrer em momentos variados da estrutura da trama, seja no clímax ou no meio da história (mid twists).
O plot twist é, portanto, muito mais do que um mero truque de roteiro. É uma técnica sofisticada que, quando dominada, garante que a história permaneça na memória do público. Ao explorar o potencial da surpresa, os criadores convidam o público a uma leitura ativa e desafiadora.
Essa capacidade de surpreender e encantar é o que solidifica a reviravolta como um recurso inestimável na arte milenar de contar histórias, transformando a percepção do público e adicionando camadas de profundidade à narrativa.












