O documentário “Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA”, lançado pela Netflix no marco de 30 anos do atentado que matou 168 pessoas — incluindo 19 crianças —, revisita o maior ato de terrorismo doméstico da história dos Estados Unidos.
Em apenas 82 minutos, a obra dirigida por Greg Tillman se propõe a recontar a tragédia que explodiu não só o prédio federal Alfred P. Murrah, mas também a sensação de segurança em solo americano. A pergunta que paira é: será que, depois de tantas versões documentais sobre o tema, ainda há algo novo a ser dito?
Sinopse do documentário Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA (2025)
No dia 19 de abril de 1995, às 9h02, o silêncio da manhã em Oklahoma foi interrompido por uma explosão devastadora. Um caminhão-bomba estacionado em frente ao edifício federal Murrah, carregado com toneladas de explosivos caseiros, foi detonado por Timothy McVeigh, ex-soldado da Guerra do Golfo e radical anti-governo. Ao lado de cúmplices como Terry Nichols e Michael Fortier, McVeigh arquitetou o ataque como uma retaliação ao cerco de Waco, ocorrido exatamente dois anos antes.
“American Terror” reconstrói os acontecimentos a partir de relatos de sobreviventes, oficiais da lei, médicos e testemunhos do próprio McVeigh — cujas palavras, gravadas por um jornalista durante entrevistas na prisão, atravessam a narrativa como um eco frio e calculado do ódio que o motivou.
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Crítica do filme Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA, da Netflix
Tillman opta por uma estrutura tradicional: entrevistas, imagens de arquivo, depoimentos emocionantes e uma cronologia linear dos fatos. A escolha não compromete a potência emocional da narrativa, mas a falta de ousadia formal impede o documentário de alcançar voos mais altos.
Diferente da minissérie “One Day in America” (NatGeo) ou do instigante “Terrorismo Americano: O Atentado de Oklahoma City” (HBO), que contextualizam o ataque com mais profundidade sociopolítica, “Terror nos EUA” entrega um produto eficiente, porém pouco inovador.
Vozes que humanizam o horror
O que sustenta o documentário são as histórias pessoais, como a de Amy Downs, que sobreviveu soterrada sob 10 metros de escombros e anos depois se tornou CEO da mesma cooperativa onde trabalhava. Ou Renee Moore, que perdeu seu bebê de seis meses no berçário do prédio — num dos relatos mais dilacerantes do filme.
O médico Carl Spengler, por sua vez, revive o trauma de ter que escolher quem teria chance de sobreviver, enquanto a poeira e os gritos preenchiam a cena do caos. Essas vozes não apenas contextualizam a tragédia — elas a sentem por nós, e é nelas que o filme mais brilha.
A ausência que incomoda: o retrato de McVeigh
Embora a obra traga trechos inéditos das entrevistas de Timothy McVeigh, realizadas enquanto ele estava preso, seu perfil psicológico é apenas esboçado. Sabemos que ele foi intimidado na infância, que se sentia seguro com armas, e que se inspirava em “The Turner Diaries”, uma obra de ficção racista e violenta. Mas isso é pouco.
Faltam mais perguntas incômodas: por que McVeigh se radicalizou? Como sua trajetória militar o moldou? Que papel sua família teve — e por que ela está ausente do filme? Essas lacunas tiram do documentário a chance de ser mais do que um memorial: ele poderia ser também uma investigação crítica.
Um lamento abafado pela simplicidade
Mesmo com algumas imagens raras e novos dados que surgem em meio aos depoimentos, “Terror nos EUA” às vezes parece mais preocupado em não causar polêmica do que em explorar as contradições profundas do caso. Questões controversas — como teorias de conspiração, falhas do FBI ou a suposta existência de um “John Doe II” — são convenientemente ignoradas.
A impressão é que, ao buscar uma abordagem palatável para o público da Netflix, Tillman opta pela segurança narrativa com “Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA”, evitando confrontar os dilemas éticos, políticos e institucionais que o atentado revelou.
Conclusão
“Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA” é um documentário sensível, poderoso em suas emoções e respeitoso com as vítimas — mas excessivamente cauteloso em sua análise.
Funciona bem como porta de entrada para quem pouco conhece o atentado, mas decepciona quem espera um mergulho profundo nas entranhas do extremismo americano e nas falhas que o permitiram crescer. Ainda assim, é impossível sair indiferente ao sofrimento retratado e à força dos sobreviventes. No fim, é um retrato necessário — mas que, ironicamente, evita encarar o terror de frente.
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Onde assistir ao documentário Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA (2025)
Elenco de Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA, da Netflix
- Max Bennett
- Tom Brokaw
- Danny Brugmann
- Angela Buckelew
- George Bush
- Michael Charles Jr.
Ficha técnica do filme Atentado em Oklahoma: Terror nos EUA
- Título original: Yellowjackets
- Direção: Greg Tillman
- Gênero: documentário
- País: Estados Unidos
- Duração: 82 minutos
- Classificação: 14 anos