Estrear como diretor não é tarefa fácil, principalmente para quem já é conhecido como ator. Jake Johnson, famoso por suas atuações em “New Girl” e “Minx”, decidiu dar seu primeiro passo atrás das câmeras com o filme “Autoconfiança” (Self Reliance), uma comédia de humor absurdo misturada a thriller.
Mas será que ele consegue superar as expectativas e trazer algo original para o público? Infelizmente, o filme parece se perder na tentativa de encontrar seu próprio tom e entregar uma mensagem clara, resultando em uma obra que, embora ambiciosa, se mostra inconsistente.
Sinopse do filme Autoconfiança (2023)
Em “Autoconfiança”, Jake Johnson vive Tommy, um homem comum que, preso na rotina após um término doloroso, vê sua vida virar de cabeça para baixo quando recebe uma proposta inesperada. Ele é abordado por Andy Samberg (interpretando a si mesmo) e convidado a participar de um perigoso reality show do submundo, transmitido na dark web.
A missão? Sobreviver por 30 dias enquanto caçadores tentam matá-lo, com uma regra peculiar: ele estará seguro desde que esteja acompanhado de alguém. O que começa como uma ideia absurda acaba se transformando em uma reflexão sobre isolamento e a busca por conexão humana, temas que ressoam em tempos de pandemia.
Você também pode gostar disso:
+ ‘Entrevista com o Demônio’ brinca com os limites da TV ao vivo
+ ‘O Caso dos Irmãos Menendez’: entre a verdade e a controvérsia
+ O que está no ar? O terror psicológico de ‘Prenda a Respiração’
Crítica de Autoconfiança, da Netflix
“Autoconfiança” é, sem dúvida, um filme ambicioso. Ele tenta misturar comédia, thriller e drama, enquanto faz uma crítica à solidão e à necessidade de companhia, questões tão presentes em nossa sociedade moderna. No entanto, o resultado final é inconsistente.
A narrativa se perde em cenas que parecem prolongar-se sem propósito, enquanto o humor baseado em diálogos improvisados acaba por deixar muitas piadas sem graça e sem impacto. Isso cria uma sensação de desconforto, como se os próprios atores estivessem tentando entender onde estava a graça.
A química entre Jake Johnson e Biff Wiff, que interpreta James, um morador de rua contratado por Tommy para acompanhá-lo e mantê-lo seguro, é um dos pontos altos do filme. As cenas entre os dois trazem um frescor cômico que parece genuíno, e há momentos de verdadeira conexão que nos fazem torcer para que essa relação seja mais explorada.
Contudo, todavia…
No entanto, essa dinâmica acaba sendo deixada de lado em prol de um romance forçado entre Tommy e Maddy (Anna Kendrick), que, apesar de tentativas de cenas divertidas, não consegue convencer ou cativar o espectador.
Jake Johnson, ao assumir os papéis de ator, roteirista e diretor, parece ter se colocado em uma posição complicada. O conceito de um reality show em que alguém precisa sobreviver enquanto é caçado soa promissor, mas a execução deixa a desejar.
As regras do jogo são explicadas de forma confusa e a exposição é frequentemente longa e desajeitada, o que enfraquece a narrativa ao invés de torná-la envolvente. Além disso, o tom do filme oscila constantemente entre o humor absurdo e o drama introspectivo, criando uma sensação de que a história não sabe exatamente o que quer ser.
Os momentos de tensão e perigo, que deveriam trazer emoção ao enredo, são poucos e mal desenvolvidos. Falta uma ameaça real que nos faça sentir que Tommy está verdadeiramente em risco. Em vez disso, o filme parece se apoiar mais em gags e cenas que tentam simular naturalidade, mas acabam parecendo apenas diálogos sem direção, sem um ponto de chegada claro. A tentativa de reproduzir um estilo de diálogo realista, com pausas e desconfortos, acaba falhando em trazer autenticidade, tornando muitas cenas arrastadas e sem graça.
Vale o elogio
Ainda assim, há algo a ser apreciado em “Autoconfiança”. A ideia central de um homem comum forçado a buscar companhia para salvar sua própria vida é interessante, e a atuação de Jake Johnson como Tommy é genuinamente cativante em alguns momentos.
Johnson tem carisma e sabe como interpretar o “perdedor adorável” que o público já conhece, mas seu trabalho como diretor e roteirista precisa de mais refinamento para que ele possa realmente alcançar o potencial mostrado em algumas cenas pontuais do filme.
Conclusão
“Autoconfiança” é uma estreia corajosa de Jake Johnson como diretor, mas marcada por tropeços que impedem o filme de ser verdadeiramente marcante. Apesar de momentos de brilho e um conceito interessante, o roteiro desajeitado e a falta de um tom consistente deixam a desejar.
Johnson claramente tem ideias e talento, mas talvez precise de um colaborador mais experiente para ajudá-lo a canalizar essas ideias de forma mais coesa e impactante. Ainda assim, é um começo, e há potencial para que ele cresça como cineasta em projetos futuros.
Siga o Flixlândia nas redes sociais
+ Instagram
+ Twitter
+ TikTok
+ YouTube
Onde assistir ao filme Autoconfiança?
O filme está disponível para assinantes da Netflix.
Trailer de Autoconfiança (2023)
Elenco de Autoconfiança, da Netflix
- Jake Johnson
- Anna Kendrick
- Natalie Morales
- Andy Samberg
- Christopher Lloyd
- Mary Holland
- Emily Hampshire
- Nancy Lenehan
- Daryl J. Johnson
Ficha técnica do filme Autoconfiança
- Título original: Late Night with the Devil
- Direção: Cameron Cairnes, Colin Cairnes
- Roteiro: Cameron Cairnes, Colin Cairnes
- Gênero: terror
- País: Austrália, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos
- Duração: 86 minutos
- Classificação: 16 anos
2 thoughts on “‘Autoconfiança’ é um filme ambicioso, mas peca pelo roteiro”