‘Bicho Monstro’ marca a estreia de Germano de Oliveira na direção de longas e confirma sua ousadia em transitar entre gêneros, criando um suspense extremamente lúdico. A produção aposta no realismo fantástico com pitadas de terror psicológico, revisitando lendas regionais e explorando o imaginário popular do Sul do Brasil.
Com forte presença nos festivais nacionais, o filme busca romper com narrativas convencionais e entrega uma obra fragmentada, repleta de silêncios e metáforas. A fotografia densa e a direção de arte cuidadosa sustentam o projeto, que exige atenção do espectador para decifrar os detalhes escondidos em suas camadas.
Sinopse
A trama acompanha duas linhas temporais distintas. No presente, Ana (Kamilly Wagner), uma menina curiosa, assiste a uma peça sobre o enigmático Thiltapes, criatura que aterroriza os moradores de um vilarejo rural. Intrigada, ela começa a investigar estranhos ataques que afetam os animais da região.
Séculos antes, um botânico alemão (Pascal Berten) se lança em uma expedição obsessiva para encontrar o mesmo ser lendário. Seu diário registra descobertas e mistérios, conectando de forma sutil passado e presente em torno do mito que desafia explicações.
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Crítica
‘Bicho Monstro’ aposta em um terror que se constrói mais no invisível do que no explícito e consegue manter isso satisfatoriamente com uma criança curiosa como protagonista. O medo surge a partir de sons, silêncios, jogos de luz e sombra e movimentos sugeridos, deixando espaço para que o espectador projete sua própria versão do monstro.
O realismo fantástico é o coração da narrativa, transformando a lenda do Thiltapes em metáfora das inquietações humanas. Ao intercalar duas épocas distintas, o filme questiona o que é mito e o que é realidade, sem oferecer respostas definitivas.
Estética sombria e regional
A atmosfera é reforçada pelos cenários do interior gaúcho, que dão autenticidade e profundidade à história. Florestas fechadas são o lar da imaginação e do monstro, vilarejos isolados e o clima enevoado criam um ambiente de tensão constante, explorado pela fotografia poética de Bruno Polidoro.
As atuações sustentam boa parte da experiência e conseguem manter a trama com um tom de intimidade que só se tem ao vivenciar a vida no interior. Kamilly Wagner transmite a curiosidade e o medo de Ana apenas pelo olhar, enquanto Pascal Berten mergulha na obsessão do botânico, revelando como a busca pelo desconhecido pode consumir alguém.

Entre mito e reflexão
Apesar da narrativa interessante, o ritmo lento e a trama fragmentada podem incomodar quem busca sustos imediatos, principalmente durante o ponto de vista que apresenta o botânico. Ainda assim, essa escolha reforça a imersão e estimula um olhar atento, transformando o filme em uma experiência de contemplação e inquietude.
No fim, ‘Bicho Monstro’ não se preocupa em mostrar a criatura de forma clara, mas em provocar reflexões, provando que o terror quase sempre é mero coadjuvante das nossas expectativas e formas de observar o mundo. É uma obra que mistura mito, medo e memória coletiva, deixando o público com mais perguntas do que respostas, mas também com imagens difíceis de esquecer.
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Conclusão
‘Bicho Monstro’ agrada pelo lúdico e subjetividade construída na trama. É uma experiência sensorial, que prefere instigar em vez de responder. O longa propõe um mergulho no desconhecido, deixando espaço para interpretações múltiplas.
Ao transformar lenda em cinema, Germano de Oliveira entrega uma obra atmosférica e ambiciosa. ‘Bicho Monstro’ é, acima de tudo, um convite para enxergar o poder das narrativas regionais como parte essencial da identidade do cinema brasileiro.
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Onde assistir ao filme Bicho Monstro?
O filme estreia nos cinemas na quinta-feira, dia 25 de setembro de 2025.
Veja o trailer de Bicho Monstro (2025)
Quem está no elenco de Bicho Monstro?
- Kamilly Wagner
- Araci Mercedes
- Pascal Berten
- Alex Pantera
- Geraldo Souza
- Décio Worst
- Daniel Tonin Lorenzon
- Carlos Alberto Klein