
Foto: Max / Divulgação
Produzida no México e transmitida pela Max, “Coiote, Herói e Fera” chegou ao final de sua primeira temporada com o aguardado episódio 8. A série, que mistura realismo brutal, folclore indígena e crítica social, dividiu opiniões ao longo de seus episódios, oscilando entre acertos estéticos e deslizes técnicos.
Mas o capítulo final, mesmo com seus tropeços, oferece um encerramento coeso e emocionalmente impactante — daqueles que podem não agradar a todos, mas que dificilmente passam despercebidos.
Sinopse do episódio 8, final da série Coiote, Herói e Fera (2025)
Após episódios de tensão crescente, o episódio 8 de “Coiote, Herói e Fera” mergulha de cabeça no confronto decisivo entre Lupe (Alejandro Speitzer) e Cimarrón (Horacio García Rojas), o líder do cartel que aterroriza La Moneda. Com seus poderes de nahual amadurecidos, Lupe precisa aceitar definitivamente sua condição de herói — ou fera — para salvar seu povo da dominação violenta do crime organizado.
Ao mesmo tempo, o episódio costura os arcos secundários: Jenny (Paulina Gaitán) confronta sua impotência diante da corrupção política, enquanto o velho xamã que despertou a força de Lupe paga o preço por desafiar forças ancestrais e contemporâneas. Tudo isso embalado por uma narrativa que, ainda que tropece nos efeitos, acerta em alma.
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Crítica do final de Coiote, Herói e Fera (episódio 8), da Max
Um dos pontos mais fortes do episódio final — e da série como um todo — é a maneira como retrata a realidade do México dominado pelo crime organizado. “Coiote” não romantiza o narcotráfico. Ao contrário, escancara a podridão de políticos corruptos, a banalização da violência e o terror diário imposto às comunidades esquecidas do norte do país. Não há glamour, não há ídolos. Há sangue, medo e sobrevivência.
Neste último episódio, essa crueza é levada ao extremo: execuções, emboscadas e a sensação de que ninguém está seguro tornam-se parte do tecido narrativo. Ao mesmo tempo, a série se permite um olhar sensível para os moradores de La Moneda, que continuam rezando por um milagre ou, no mínimo, por uma trégua.
O misticismo como resposta à desesperança
Se o realismo da série incomoda pelo seu peso, o componente místico traz o alívio necessário — mas não ingênuo. A figura do nahual, profundamente enraizada na mitologia mesoamericana, é mais do que um artifício fantástico: é símbolo de resistência espiritual e cultural. A transformação de Lupe em “coiote” não é só física, mas sobretudo simbólica: ele carrega, em sua metamorfose, o fardo da ancestralidade, da dor coletiva e da busca por justiça.
Neste episódio, isso fica ainda mais claro quando Lupe hesita em usar sua força: ser fera implica sacrificar partes da própria humanidade. Quando, enfim, ele a libera, o resultado é devastador — e necessário.
Atuação potente, mesmo entre os excessos
Alejandro Speitzer entrega sua performance mais intensa no episódio final. Seus olhos dizem mais que suas falas, especialmente nos momentos em que a transformação o consome por dentro. Paulina Gaitán, mesmo com pouco tempo de tela, reafirma sua presença e entrega diálogos carregados de verdade. Já Horacio García Rojas, como Cimarrón, é uma força silenciosa. Seu vilão não precisa gritar: ele ameaça com o olhar, com a presença, com a frieza.
Ainda assim, o episódio peca ao exagerar em alguns momentos dramáticos, que beiram o melodrama. A trilha sonora sublinha demais certos momentos, como se o espectador precisasse ser conduzido emocionalmente. É um detalhe que destoa de uma construção tão visceral.
Técnica instável: acertos visuais e efeitos capengas
A direção de Batán Silva continua sendo um dos pontos altos. A fotografia carrega o peso do deserto, das ruas poeirentas, das madrugadas sangrentas. Há cenas que lembram o cinema de horror político dos anos 70 — um elogio raro à TV atual.
Porém, os efeitos visuais continuam sendo o calcanhar de Aquiles da produção. A transição entre Lupe humano e criatura ainda sofre com CGI datado, e o clímax da batalha poderia ter sido mais convincente tecnicamente.
Apesar disso, a atmosfera é tão bem construída que o espectador se permite relevar os defeitos. Há uma alma pulsando ali, mesmo com os recursos limitados.
Conclusão
O episódio final de “Coiote, Herói e Fera” entrega o que prometeu: um embate visceral entre o místico e o real, entre o herói e o sistema podre que ele tenta combater. A série não é perfeita — longe disso. Mas sua imperfeição é, paradoxalmente, parte do seu charme.
No meio do caos e da fantasia, “Coiote” se posiciona como uma das produções mais ousadas da Max nos últimos tempos. Ao optar por uma abordagem suja, violenta e espiritualmente carregada do México profundo, ela se afasta das narcosséries convencionais e abre espaço para uma nova forma de contar histórias: mais próxima da terra, da dor e da resistência.
Se você busca um final que abrace o desconforto, que una lenda e realidade sem medo de ser kitsch, “Coiote, Herói e Fera” pode ser exatamente a série que faltava no seu radar. E se não for, pelo menos não poderá dizer que viu algo igual antes.
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Onde assistir à série Coiote, Herói e Fera?
A série está disponível para assistir na Max.
Trailer de Coiote, Herói e Fera (2025)
Elenco de Coiote, Herói e Fera, da Max
- Alejandro Speitzer
- Paulina Gaitán
- Horacio García Rojas
- Ben Zeng
- Hozé Meléndez
- Lucia Uribe
- Mauricio Isaac
- Mayra Sérbulo
- Gerardo Taracera
- José Semafi
- Pablo Cruz
- Roberto Sosa
- Andrés Almeida
- Gorkaa Lasaosa
Ficha técnica da série Coiote, Herói e Fera
- Título original: Cóyotl: Héroe y Bestia
- Gênero: fantasia
- País: México
- Temporada: 1
- Episódios: 2
- Classificação: 16 anos