
Foto: Max / Divulgação
Com “Lazarus”, Shinichirō Watanabe retorna ao cenário do anime carregando uma expectativa monumental. Criador de obras icônicas como Cowboy Bebop e Samurai Champloo, o cineasta poderia simplesmente se apoiar em seu legado.
No entanto, o episódio de estreia de “Lazarus”, intitulado “Adeus, Mundo Cruel”, mostra que o diretor japonês ainda está mais interessado em provocar do que agradar — e que o fim pode ser só o começo.
Sinopse do episódio 1 do anime Lazarus (2025)
Em um futuro não tão distante, o mundo vive sob a promessa de uma vida sem dor graças à droga Hapna, criada pelo brilhante — e misterioso — Dr. Skinner. Três anos após desaparecer, ele retorna com um aviso apocalíptico: Hapna mata. Em 30 dias, todos que tomaram o remédio começarão a morrer. Apenas ele possui o antídoto.
É nesse cenário que conhecemos Axel, um prisioneiro carismático e rebelde, recrutado por Hersch para integrar uma força-tarefa secreta chamada Lazarus. Após uma fuga espetacular, Axel encontra os demais membros da equipe: Doug, Chris, Leland e Eleina. A missão deles? Encontrar Skinner antes que o relógio zere — e o mundo também.
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Crítica do 1º episódio da série Lazarus, da Max
Logo de cara, “Lazarus” se impõe visualmente. A animação do estúdio MAPPA é fluida, precisa e estonteante, especialmente nas sequências de ação coreografadas por Chad Stahelski (John Wick). A fuga de Axel é uma das melhores amostras do que se pode fazer com câmera subjetiva, parkour e imaginação. O resultado é cinético, imersivo e quase hipnótico.
A direção de Watanabe, combinada à trilha sonora que une Kamasi Washington, Bonobo e Floating Points, cria um ambiente onde cada frame pulsa com estilo e intenção. É jazz futurista em forma de imagem.
Uma trama densa sob o véu do entretenimento
Por trás das cenas de ação e do design estilizado, “Lazarus” propõe reflexões inquietantes. O vilão Skinner quer punir a humanidade pela busca imediatista por soluções fáceis. A cidade chamada Babilônia não é nomeada por acaso — o anime ressoa com referências religiosas e éticas desde seu primeiro minuto.
Axel, o protagonista, é o paradoxo em forma humana: está preso, mas é o único verdadeiramente livre. Sua resistência ao uso de Hapna o coloca como um possível messias num mundo à beira da extinção. Essa dualidade — entre ação pura e simbolismo profundo — permeia todo o episódio, mesmo que nem sempre de forma orgânica.
A sombra de Cowboy Bebop
É impossível assistir “Lazarus” sem lembrar de Cowboy Bebop. A estrutura da equipe, o humor ácido, o clima melancólico e até o uso da trilha sonora remetem diretamente à obra-prima de Watanabe. No entanto, ao invés de homenagear, o anime, às vezes, parece ansioso demais em se provar como “sucessor espiritual”.
Isso pode limitar a série, ao menos neste início. Falas como “ele voou como um pássaro que foi libertado da gaiola” soam forçadas, não por serem poéticas, mas por parecerem desconectadas da situação. O anime quer soar profundo, mas esquece que a naturalidade também constrói personagens memoráveis.
Personagens promissores, mas ainda superficiais
Axel tem carisma e presença. Sua inteligência é demonstrada mais por suas ações do que pelas palavras, e isso funciona. Já os demais membros do time Lazarus — Doug, Chris, Leland, Eleina — são introduzidos de forma quase protocolar. Há potencial ali, claro, mas o episódio 1 oferece apenas vislumbres.
Chris, por exemplo, traz ecos de Faye Valentine, enquanto Doug assume o arquétipo do “brucutu com coração”. Leland, o garoto prodígio que decide não ir mais à escola, é a face mais interessante dessa nova geração que encara o fim com alívio, não com medo. Ainda assim, falta desenvolvimento — o que pode vir nos próximos capítulos.
O preço da anestesia emocional
Se a dor é o que nos torna humanos, o que resta quando ela desaparece? Essa é a pergunta central de “Lazarus”, e embora o anime entregue entretenimento imediato, sua crítica está ali, esperando para ser percebida.
O primeiro episódio é, em essência, sobre como a humanidade trocou sofrimento por apatia — e como isso pode ser mais fatal do que a própria dor. O simbolismo da ressurreição (o nome “Lazarus” não é gratuito) sugere que o renascimento talvez só venha quando se encara o fim com coragem.
Conclusão
“Lazarus” estreia com força, ritmo e estilo de sobra. Mas ainda precisa provar que pode ser mais do que uma soma de referências e cenas impactantes. O episódio 1 deixa claro que Watanabe quer mais do que criar um novo Cowboy Bebop: ele quer nos fazer pensar — e sentir.
Apesar dos tropeços no texto e da superficialidade inicial dos coadjuvantes, a base está lançada para algo grandioso. “Lazarus” é, paradoxalmente, uma obra sobre a importância da dor que começa tentando nos entreter sem fazer doer. Resta saber se, nos próximos episódios, a série deixará o prazer fácil de lado para abraçar seu verdadeiro potencial.
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Onde assistir ao anime Lazarus?
A série está disponível para assistir na Max.
Trailer de Lazarus (2025)
Elenco de Lazarus, da Max
- Mamoru Miyano
- Makoto Furukawa
- Maaya Uchida
- Yuma Uchida
- Manaka Iwami
- Megumi Hayashibara
- Kôichi Yamadera
- Akio Ôtsuka
- Tomoko Miyadera
- Miyuri Shimabukuro
Ficha técnica da série Lazarus
- Título original: Lazarus
- Criação: Shin’ichirô Watanabe
- Gênero: anime, aventura, ação, ficção científica, suspense
- País: Japão, Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 13
- Classificação: 14 anos