Início » ‘Coração Delator’ emociona sem desafiar – e talvez esse seja o problema

Estreando na Netflix nesta sexta-feira (30), “Coração Delator”, filme dirigido por Marcos Carnevale, é mais uma incursão do cineasta argentino no território das emoções fáceis e das tramas moralmente redentoras.

Protagonizado por Benjamín Vicuña e Julieta Díaz, o filme se ancora em uma premissa poderosa — um transplante de coração que muda vidas — para construir uma narrativa sobre reconexão, empatia e segundas chances. Mas será que, em meio à sensibilidade do tema, o longa consegue ir além do conforto do previsível?

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Sinopse do filme Coração Delator (2025)

Juan Manuel (Benjamín Vicuña) é um empresário frio e bem-sucedido que sofre um infarto e, para sobreviver, recebe o coração de Pedro, um homem humilde morto após um acidente. Pedro era morador de um bairro popular em Buenos Aires, onde sua viúva Valeria (Julieta Díaz) tenta manter viva a memória do marido e proteger a comunidade contra uma iminente demolição comandada… pelo próprio Juan.

Movido por uma transformação súbita e sem revelar sua verdadeira identidade, Juan se aproxima de Valeria e dos moradores locais. Ao mergulhar na vida que Pedro deixou para trás, ele se vê envolvido emocionalmente e moralmente, confrontando seus valores e suas escolhas diante de uma chance única de redenção.

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Crítica de Coração Delator, da Netflix

Marcos Carnevale não esconde sua predileção por narrativas que combinam o trágico com o esperançoso, e “Coração Delator” é mais um exemplar dessa receita. Aqui, ele evita os exageros do melodrama tradicional, mas também não se permite ousadias. A narrativa flui com a previsibilidade de um filme vespertino: personagens opostos que se complementam, destino que empurra mais que os próprios protagonistas e reviravoltas que não surpreendem.

A construção emocional funciona — em parte — graças ao carisma do elenco. Vicuña oferece um Juan Manuel inicialmente cínico, mas crível em sua mudança de atitude. Díaz, por sua vez, empresta dignidade e contenção a Valeria, personagem que poderia facilmente resvalar no sentimentalismo. No entanto, mesmo com boas atuações, falta intensidade verdadeira ao arco central.

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Entre o drama social e o romance redentor

O pano de fundo do filme — a ameaça de demolição de um bairro popular — parece prometer um confronto de classes ou ao menos uma crítica mais contundente ao abismo social argentino. Mas essa camada social está ali apenas como cenário para o drama pessoal de Juan. O roteiro opta por transformar a luta da comunidade em um impulso para a evolução do protagonista, enfraquecendo o potencial de engajamento mais profundo.

Nesse sentido, a crítica de classe é superficial, quase decorativa. Os moradores do bairro, embora simpáticos e diversos, são personagens acessórios, inseridos para gerar simpatia e acolher a transformação do “homem de negócios” em “homem de alma”.

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Direção eficiente, mas sem risco

Tecnicamente, “Coração Delator” é bem executado. A fotografia de Horacio Maira ilumina o contraste entre os espaços frios da elite urbana e o calor humano do bairro de Pedro. A direção de arte de Graciela Fraguglia reforça esse jogo de opostos com competência. Já a música de Gerardo Gardelín cumpre seu papel de acentuar as emoções, sem exagerar.

Ainda assim, tudo isso serve a uma estrutura de narrativa que não quer desestabilizar. Carnevale segue a tradição de filmes como Elsa & Fred ou Goyo: histórias comoventes, mas que entregam suas mensagens de forma direta, quase publicitária. O tema dos transplantes, por exemplo, aparece com força simbólica, mas não é explorado de modo ético ou existencial. Há culpa, sim, mas filtrada por boas intenções e resoluções fáceis.

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Um produto sob medida para o streaming

Em seus 89 minutos, o filme evita a complexidade e se encaixa com perfeição no que se espera de um drama leve da Netflix. Com elementos de Clube da Lua e até ecos distantes de A Felicidade Não Se Compra, de Frank Capra, “Coração Delator” tenta tocar o espectador, mas sem jamais incomodá-lo. É feito para ser assistido em uma tarde chuvosa, emocionando de forma passageira e logo sendo esquecido.

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Conclusão

“Coração Delator” é um filme competente, emocionalmente acessível e visualmente agradável. Seu maior mérito talvez seja exatamente esse: ser eficaz em sua proposta de entreter e tocar o coração do público sem exigir muito. Mas é justamente por não arriscar que ele se limita.

Para quem busca um drama comovente e de fácil digestão, o filme cumpre bem seu papel. Para quem espera mais — mais crítica, mais desconforto, mais verdade —, fica a sensação de que o coração do filme bate, mas não pulsa com força total.

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Onde assistir ao filme Coração Delator?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Trailer de Coração Delator (2025)

Elenco de Coração Delator, da Netflix

  • Benjamín Vicuña
  • Julieta Díaz
  • Peto Menahem
  • Gloria Carrá
  • Julia Calvo
  • Yayo Guridi
  • Bicho Gómez
  • Facundo Espinosa
  • Verónica Hassan

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