Cena da série 'Delírio', da Netflix (2025) - Flixlândia

‘Delírio’: uma teia de segredos e desilusões visuais

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A Netflix, em sua contínua estratégia de investir em joias da literatura colombiana para criar conteúdo de alto prestígio com ressonância local e apelo global, traz às telas “Delírio”. Esta minissérie de oito episódios é uma adaptação do aclamado romance homônimo de Laura Restrepo, publicado em 2004.

Produzida pela TIS Productions, a série se posiciona como um drama psicológico intenso, focado na busca de Fernando Aguilar, um professor universitário, pela causa do colapso mental inexplicável de sua esposa, Agustina Londoño.

A chegada de Delírio é um evento notável na televisão latino-americana, seguindo a adaptação de alto perfil de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, pela mesma plataforma. Com uma premissa que promete explorar uma mente fraturada e os segredos sombrios de uma nação, a série convida o espectador a uma jornada desorientadora, mas nem sempre plenamente satisfatória

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Sinopse

A trama de Delírio se desenrola em duas linhas do tempo interligadas, uma escolha narrativa deliberada para espelhar a fragmentação psicológica de sua protagonista. No presente, o professor Fernando Aguilar (interpretado por Juan Pablo Raba) retorna para casa após uma breve viagem e encontra sua esposa, Agustina Londoño (Estefania Piñeres), em um estado de colapso mental profundo e inexplicável. Sua investigação desesperada pelos eventos que levaram à condição dela impulsiona a narrativa.

Paralelamente, uma segunda linha do tempo mergulha no passado de Agustina, revelando uma criação turbulenta dentro da rica e influente família Londoño de Bogotá, marcada por traumas profundos. À medida que Aguilar aprofunda sua busca, ele desenterra uma complexa teia de segredos familiares, a sufocante hipocrisia da elite social bogotana e conexões diretas com o perigoso mundo do narcotráfico que moldou a Colômbia nos anos 1980.

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Crítica

Um dos maiores triunfos de Delírio reside em sua linguagem visual e cinematografia. A série é, sem dúvida, esteticamente impressionante, “parecendo ótima” e utilizando um simbolismo em camadas para externalizar o estado interno de Agustina. A evolução da personagem é habilmente retratada através de visuais significativos que destacam sua criação frustrante e suas influências.

Além disso, as cenas íntimas são empregadas com um cuidado deliberado, não para mero efeito gratuito, mas como uma ferramenta narrativa essencial para explorar e enfatizar as complexidades dos relacionamentos e das dinâmicas de poder entre os personagens.

A maneira como a série “não se apoia no sexo como meio de chamar a atenção”, mas o utiliza para aprofundar a compreensão de Agustina e suas decisões, é um ponto forte notável. Essa abordagem visual contribui significativamente para o tom “líquido” e “raro” que o elenco descreveu como um desafio, mas que a série consegue, em grande parte, traduzir para o meio visual.

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Atuações convincentes em meio à inconsistência

O elenco entrega performances sólidas e realistas, que, em muitos momentos, conseguem elevar o material. Estefania Piñeres, como Agustina Londoño, é o coração enigmático da história. Sua atuação é destacada como “bela” e capaz de transmitir “a profundidade de suas emoções nos olhos”, tornando Agustina uma protagonista consistentemente interessante.

No entanto, enquanto as atuações são um ponto positivo, a escrita para muitos dos personagens secundários é frequentemente superficial, tornando-os unidimensionais e, por vezes, esquecíveis. Eles podem ter “momentos memoráveis”, mas estes muitas vezes ocorrem em “vácuos” que não contribuem para o propósito geral da trama.

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Crítica da série 'Delírio', da Netflix (2025) - Flixlândia
Cena da série ‘Delírio’ (Foto: Netflix / Divulgação)

A fragilidade narrativa e o ritmo desorientador

A estrutura de duas linhas do tempo, embora conceitualmente potente para espelhar a fragmentação psicológica, ocasionalmente prejudica a fluidez narrativa. O foco intenso no passado de Agustina e seus traumas muitas vezes “deixa a investigação do presente em segundo plano”, fazendo com que algumas das ações de Fernando Aguilar pareçam “inconsistentes ou subdesenvolvidas”.

As decisões “surpreendentemente estranhas” de Aguilar após o incidente de Agustina fazem com que a linha do tempo presente pareça “um completo segundo plano”. Além disso, a série tem decisões de enredo ruins que, embora não anulem totalmente as ideias e temas interessantes, negam alguns elementos centrais da história ao se desviarem da linha principal. O resultado é uma experiência que, apesar de intrigante em certos momentos, não se torna memorável.

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Conclusão

Enquanto as qualidades visuais de Delírio são inegáveis, com uma cinematografia que exala simbolismo e uma direção cuidadosa nas cenas íntimas, e as atuações do elenco principal são louváveis, a série se vê limitada por um roteiro inconsistente e um desenvolvimento de personagens que, fora de Agustina, muitas vezes permanece na superfície.

A ambição de traduzir um estado psicológico intrincado e um panorama social complexo é evidente, mas a execução por vezes falha em manter o espectador totalmente investido ou a evocar um impacto mais forte.

Mesmo com bons momentos e reviravoltas que podem surpreender, Delírio não deixa uma marca duradoura e nem chega à altura de sua promessa inicial. É um lembrete de que, mesmo com uma base literária forte e talentos na tela, a coesão narrativa é fundamental para a transposição de uma obra para o audiovisual.

Onde assistir à série Delírio?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Assista ao trailer de Delírio (2025)

YouTube player

Elenco de Delírio, da Netflix

  • Estefanía Piñeres
  • Juan Pablo Raba
  • Juan Pablo Urrego
  • Paola Turbay
  • Jose Julián Gaviria
  • Jacobo Diez Díaz
  • Salvador del Solar
  • Fernando Bocanegra
  • Luis Miguel González Rodríguez
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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