A Apple TV+ estreia mais uma produção original que aposta na força dramática e em atuações de peso para fisgar o público. “Echo Valley”, filme dirigido por Michael Pearce e roteirizado por Brad Ingelsby — o mesmo criador de Mare of Easttown — é um suspense de curta duração, mas de intensidade crescente.
Com Julianne Moore e Sydney Sweeney nos papéis principais, o longa mergulha em uma trama sobre maternidade, culpa, manipulação e escolhas que não permitem retorno.
Embora siga convenções conhecidas do gênero, “Echo Valley” se destaca por sua construção atmosférica, pelas camadas emocionais e pela atuação contida de Moore, que entrega uma das performances mais densas de sua carreira recente. Em menos de 90 minutos, o filme faz o espectador confrontar uma pergunta nada simples: até onde é possível ir por amor a um filho?
Sinopse de Echo Valley (2025)
Kate Garrett (Julianne Moore) vive isolada em uma fazenda na Pensilvânia, dedicada à criação de cavalos e tentando lidar com o luto pela morte recente de sua esposa. Sua rotina silenciosa é interrompida quando Claire (Sydney Sweeney), sua filha distante e envolvida com drogas, aparece de surpresa — coberta de sangue e alegando ter matado o namorado.
Diante do desespero da filha, Kate toma uma decisão radical: ajuda a esconder o corpo. Só que dias depois, a verdade começa a emergir. O rapaz está vivo, e o cadáver enterrado pertence a outra vítima — uma armadilha criada por Claire para escapar das ameaças de Jackie (Domhnall Gleeson), um traficante perigoso com quem estava envolvida.
Enredada em uma trama de chantagem, Kate decide contra-atacar. Forja um incêndio para se livrar de provas e de Jackie, em uma reviravolta arriscada. O desfecho é tenso, mas o filme termina com uma pergunta em aberto: Claire retorna pedindo perdão. Mas será que a mãe a deixará entrar?

Crítica do filme Echo Valley
Julianne Moore entrega uma atuação centrada e de camadas profundas. Sua Kate é uma mulher despedaçada pelo luto, pela frustração materna e pela solidão. O filme evita explosões emocionais gratuitas e aposta em silêncios, olhares e escolhas ambíguas — tudo sustentado por Moore com maestria.
A atriz domina cenas de tensão interna e transforma pequenos gestos em declarações de desespero ou força. Sua jornada é marcada por dor e resiliência, mas também por uma gradual perda de limites éticos.
Já Sydney Sweeney, embora com menos tempo de tela do que o esperado, imprime força a uma Claire que transita entre o papel de filha vulnerável e manipuladora implacável. A atriz acerta ao mostrar as rachaduras de uma jovem à deriva, cuja dependência química é apenas uma camada de um vazio maior.
Há uma cena emblemática em que Claire, sem dizer uma palavra, faz a mãe ceder apenas com um olhar — revelando o domínio psicológico que exerce sobre Kate.
➡️ ‘O Pranto do Mal’, quando o terror é um eco que não se cala
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➡️ ‘Improvisação Perigosa’ mistura talento e previsibilidade
Atmosfera densa e direção segura
Michael Pearce conduz a narrativa com discrição, evitando excessos visuais ou trilhas exageradas. A fotografia de Benjamin Kračun, fria e melancólica, cria uma sensação de enclausuramento. A fazenda, com seus tons azulados e silêncios incômodos, torna-se um espelho emocional da protagonista. Já a trilha de Jed Kurzel reforça essa sensação de suspense abafado, embora em alguns momentos soe redundante.
Narrativamente, o filme se mantém fiel à estrutura clássica do suspense psicológico, com viradas bem pontuadas. Mesmo assim, alguns diálogos beiram o artificial, e o terceiro ato abraça soluções fáceis demais. A reviravolta que revela o verdadeiro papel de Claire é eficiente, mas não inteiramente crível. O plano final de Kate — envolvendo incêndio, seguro e prisão do traficante — exige certa suspensão da lógica.
O vazio deixado pelo final
O desfecho aberto pode ser considerado ousado ou frustrante, dependendo da expectativa do público. Ao não mostrar a resposta de Kate ao pedido de perdão da filha, o longa convida à interpretação. Julianne Moore afirmou em entrevista que deixaria Claire entrar. No entanto, o filme não sugere redenção nem condenação, apenas um novo dilema.
Apesar disso, o encerramento deixa de aprofundar feridas abertas ao longo da narrativa — como o luto de Kate, a dependência emocional de Claire ou a desconstrução do ideal de amor incondicional. São temas que aparecem, mas não encontram real desfecho.
Vale a pena ver Echo Valley na Apple TV+?
“Echo Valley” é um suspense contido e eficaz, que se apoia no talento de suas protagonistas e em um roteiro que, apesar de suas limitações, sabe conduzir a tensão até o fim. Com Julianne Moore em forma e Sydney Sweeney se consolidando como nome forte do drama contemporâneo, o longa entrega uma história sobre amor, culpa e sobrevivência moral.
Embora não rompa com padrões nem mergulhe a fundo em todos os dilemas que levanta, é uma experiência satisfatória para quem aprecia thrillers psicológicos intimistas. E mais do que uma investigação sobre um crime, “Echo Valley” é um estudo silencioso sobre o peso de ser mãe quando amar também destrói.
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Onde assistir ao filme Echo Valley?
O filme está disponível para assistir na Apple TV+.
Trailer de Echo Valley (2025)
Elenco de Echo Valley, da Apple TV+
- Julianne Moore
- Sydney Sweeney
- Domhnall Gleeson
- Fiona Shaw
- Edmund Donovan
- Albert Jones
- Kyle MacLachlan
- Katya Campbell
- Melanie Nicholls-King
- Rebecca Creskoff