Início » ‘Fé Para o Impossível’: fé, família e superação entre clichês e emoção

Inspirado em um episódio trágico e real ocorrido no Rio de Janeiro em 2012, o filme “Fé Para o Impossível”, dirigido por Ernani Nunes, chega à Netflix com a promessa de emocionar e inspirar. Baseado na história de Renee Murdoch, uma pastora norte-americana brutalmente agredida enquanto corria na praia da Barra da Tijuca, o longa aposta na força da fé e na união familiar como pilares centrais de sua narrativa.

Estrelado por Vanessa Giácomo e Dan Stulbach, o filme reconta a luta pela sobrevivência de Renee e o movimento de oração global iniciado por seu marido, Philip. A obra busca mais do que simplesmente relatar um milagre: pretende reforçar valores religiosos e destacar a importância do apoio coletivo em tempos de crise.

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Sinopse do filme Fé Para o Impossível (2025)

Renee Murdoch (Vanessa Giácomo) vive uma rotina aparentemente tranquila ao lado do marido e dos quatro filhos, até que um dia, durante sua corrida matinal, é violentamente atacada por um homem em situação de rua com transtornos mentais. A agressão a deixa em estado crítico, obrigando Philip (Dan Stulbach) a tomar decisões médicas difíceis, além de mobilizar amigos e desconhecidos pelas redes sociais em uma corrente de oração.

Enquanto Renee luta pela vida no hospital, a família enfrenta tensões internas. O filho adolescente, Micah (Théo Medon), questiona os dogmas da família, enquanto a filha mais velha (Júlia Gomes) enfrenta seus próprios desafios de autoconfiança. A recuperação de Renee se torna, assim, não apenas uma batalha médica, mas também espiritual e emocional para todos os envolvidos.

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Crítica de Fé Para o Impossível, da Netflix

“Fé Para o Impossível” claramente não esconde seu público-alvo: a comunidade cristã evangélica. A estrutura narrativa, repleta de discursos edificantes e situações de superação, segue o formato clássico das produções religiosas contemporâneas. A crença absoluta na força divina é tratada como elemento central e inquestionável, com a oração coletiva funcionando como catalisadora do milagre.

Ao apostar nesse modelo, o filme abdica de nuances dramáticas mais complexas. Não há espaço para a dúvida ou para o questionamento mais profundo da fé: o roteiro apresenta uma visão pragmática e dogmática sobre espiritualidade, na qual o sofrimento é visto como oportunidade de fortalecimento da crença. Essa escolha pode emocionar quem compartilha da mesma visão religiosa, mas limita o alcance da obra a públicos mais diversos.

O sentimentalismo como motor narrativo

A condução de Ernani Nunes opta deliberadamente por um tom melodramático, evocando o sentimentalismo como principal ferramenta de engajamento do espectador. A construção das cenas — com trilha sonora emotiva, câmeras lentas e flashbacks constantes — reforça a tentativa de transformar cada pequeno avanço na recuperação de Renee em um momento catártico.

Embora esse modelo funcione dentro da proposta, ele sacrifica a complexidade dos personagens. A família Murdoch, inicialmente apresentada como idealizada — quatro filhos bem ajustados, pais amorosos e devotos — vai sendo lentamente desconstruída pela adversidade.

No entanto, a falta de aprofundamento psicológico faz com que muitos conflitos, especialmente os envolvendo Philip e Micah, sejam apenas sugeridos, sem a densidade necessária para realmente impactar.

Atuação intensa de Vanessa Giácomo e destaque para Théo Medon

O elenco, contudo, é o grande trunfo da produção. Vanessa Giácomo entrega uma performance sensível e potente, principalmente nas cenas em que sua personagem desperta do coma em meio a surtos psicóticos. A atriz consegue equilibrar fragilidade e força, tornando Renee uma figura de inspiração sem cair na caricatura.

Dan Stulbach, como Philip, interpreta um pai resiliente, mas também intransigente, o que cria alguns dos momentos mais interessantes do filme — sobretudo quando confrontado pelo filho adolescente. Théo Medon surpreende ao dar vida a Micah, expondo com autenticidade os conflitos típicos da juventude em uma família extremamente religiosa.

Júlia Gomes também se destaca, especialmente ao interpretar a canção-tema do filme, adicionando um tom ainda mais emotivo à produção. Bella Alelaf e Arthur Biancato completam o elenco mirim, embora com menos espaço para desenvolvimento dramático.

Cartilha do gênero

“Fé Para o Impossível” segue à risca os clichês do cinema religioso: a crise de fé de um dos personagens, a união familiar em torno da recuperação, a atuação da igreja como rede de apoio, e a música como instrumento emocional. Tudo está lá, do início ao fim, de forma previsível e confortável.

Essa previsibilidade, no entanto, não deve ser vista apenas como um demérito. Para quem busca justamente esse tipo de narrativa — um drama inspirador, com mensagem clara de superação e valorização da fé — o filme cumpre sua função com eficiência. O problema reside na falta de ambição estética e narrativa: não há espaço para ambiguidade, nem para discussões mais profundas sobre a complexidade humana diante do sofrimento.

Um debate silencioso sobre a fragilidade e a força

Apesar da superficialidade de alguns arcos, o filme acerta ao sugerir, ainda que timidamente, a ideia de que a vulnerabilidade e o sofrimento também fazem parte da experiência humana e espiritual. O momento em que Micah confronta o pai e o obriga a reconhecer que a tristeza e o medo são legítimos, mesmo dentro de uma perspectiva religiosa, é um dos pontos altos do roteiro.

Essa pequena ruptura na rigidez dogmática proposta pelo filme revela uma abertura importante: a de que a espiritualidade pode — e talvez deva — acolher as fragilidades humanas, em vez de apenas exigir uma fé cega e inabalável.

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Conclusão

“Fé Para o Impossível” é, acima de tudo, uma obra feita para emocionar e reforçar a importância da crença em meio à adversidade. Baseado em uma história real impactante, o filme aposta no apelo do milagre e na força da oração como elementos transformadores.

Embora escorregue ao aderir demasiadamente aos clichês do gênero e ao sentimentalismo fácil, o longa encontra respaldo nas boas atuações do elenco e na condução segura de Ernani Nunes, que compreende bem o público que deseja atingir.

Para quem compartilha dos mesmos valores e crenças, será uma experiência inspiradora e edificante. Já para quem busca uma análise mais crítica ou um drama com maior profundidade psicológica, talvez o filme pareça um produto previsível e excessivamente didático.

De todo modo, “Fé Para o Impossível” deixa uma reflexão importante: nos momentos mais sombrios, a fé — seja ela em Deus, na ciência ou nas pessoas ao redor — pode ser o fio que mantém tudo unido.

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Onde assistir ao filme Fé Para o Impossível?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Trailer de Fé Para o Impossível (2025)

Elenco de Fé Para o Impossível, da Netflix

  • Dan Stulbach
  • Vanessa Giácomo
  • Júlia Gomes
  • Theo Medon
  • Bella Alelaf
  • Arthur Biancato

Ficha técnica do filme Fé Para o Impossível

  • Direção: Ernani Nunes
  • Roteiro: Carolina Minardi, Guilherme Ruiz
  • Gênero: drama
  • País: Brasil
  • Duração: 100 minutos
  • Classificação: 12 anos

Sobre o autor

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