Sinopse do filme Lilo & Stitch
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Crítica de Lilo e Stitch (2025)
A relação entre Lilo e Nani é o grande coração do filme. Se na animação já era comovente, aqui ganha ainda mais densidade. Nani deixa de ser apenas a irmã protetora para se revelar uma adolescente que teve sonhos interrompidos em nome da responsabilidade.
O roteiro acerta ao mostrar fragmentos de sua vida antes do desastre, humanizando a personagem de maneira marcante e permitindo que Sydney Agudong brilhe, entregando uma performance cheia de nuances emocionais.
Stitch: um triunfo visual e emocional
A preocupação com Stitch era natural, afinal, como recriar com credibilidade — e sem cair no bizarro — uma criatura tão carismática? A resposta veio através de um CGI impecável, que capta não apenas as feições expressivas do personagem, mas também sua essência destrutiva e afetuosa. Chris Sanders retorna como dublador, garantindo a continuidade da personalidade marcante do alienígena.
Cada cena em que Stitch aparece é um espetáculo visual, mas, mais do que isso, o personagem funciona dramaticamente. A narrativa enfatiza sua trajetória de transformação: de criatura criada para destruir a membro fundamental de uma nova família. A emblemática frase “Ohana significa família” continua sendo o pilar emocional do longa, agora potencializada pelo realismo das atuações e da ambientação.
A química entre as irmãs: alma do filme
A dupla Maia Kealoha e Sydney Agudong é um dos pontos altos da produção. Kealoha, em sua estreia, traz à Lilo a desobediência, o espírito rebelde e a ternura que o público conhece, mas adiciona uma camada de vulnerabilidade ainda mais palpável. Sua química com Agudong faz com que cada briga e reconciliação soe autêntica, ampliando a identificação do público com o drama familiar.
A decisão de aprofundar a trajetória de Nani, revelando o que ela precisou abdicar após a perda dos pais, confere maturidade ao filme. O espectador se conecta com o dilema dessa jovem obrigada a assumir o papel de mãe sem estar preparada para isso. A personagem se torna um símbolo de resiliência, e Agudong oferece uma atuação que merece reconhecimento.
Mudanças controversas, mas compreensíveis
Nem todas as escolhas agradarão aos fãs mais puristas. A decisão de apresentar Jumba (Zach Galifianakis) e Pleakley (Billy Magnussen) como figuras humanas, e não alienígenas disfarçados, gerou controvérsia. Por um lado, essa mudança suaviza o aspecto mais cartunesco da história, adequando-se ao realismo pretendido. Por outro, sacrifica parte do humor visual e das icônicas caracterizações que marcaram o original.
Mesmo assim, ambos os atores conseguem entregar boas performances. Magnussen se destaca ao manter a ingenuidade cômica de Pleakley, ainda que de maneira mais contida. Galifianakis, no entanto, parece menos à vontade, resultando em um Jumba funcional, mas não tão memorável.
A ausência dos disfarces extravagantes de Pleakley — marca registrada do personagem — é sentida, embora o figurino da versão humana tente, timidamente, compensar com escolhas estilísticas mais ousadas.
Beleza visual e identidade própria
A fotografia é outro elemento que merece aplausos. O diretor de fotografia aposta em cores quentes e iluminação natural, capturando com sensibilidade a beleza do Havaí. A ambientação não apenas serve de pano de fundo, mas funciona como um personagem à parte, reforçando o sentimento de isolamento e pertencimento que atravessa a história.
A trilha sonora preserva clássicos de Elvis Presley, ao mesmo tempo em que insere composições havaianas contemporâneas, criando um mix que homenageia a animação, mas também atualiza sua sonoridade.
A opção por um tom menos caricatural resulta em um filme com menos cenas de destruição caótica protagonizadas por Stitch, como no original. Contudo, a essência do personagem e da trama permanece intacta. O caos foi apenas ajustado ao contexto “realista”, sem jamais diluir o carisma do bichinho.
Uma narrativa que fala para diferentes gerações
O maior mérito do live-action é conseguir emocionar tanto quem cresceu com a animação quanto quem está conhecendo a história pela primeira vez. O filme preserva a essência da lição sobre Ohana, mas também introduz novos subtextos que dialogam com o público atual, como a discussão sobre saúde mental, responsabilidade precoce e os desafios das famílias não convencionais.
Conclusão
Mesmo com algumas mudanças questionáveis, especialmente no núcleo alienígena, o saldo é extremamente positivo. A química do elenco, o visual exuberante, a trilha sonora sensível e o Stitch irresistível consolidam o filme como uma obra que merece ser celebrada.