A temporada 2 de Pacificador (Peacemaker), que chegou ao seu oitavo e último episódio na HBO Max, encerrou o arco de Christopher Smith (John Cena) com uma nota agridoce e, para muitos, profundamente insatisfatória.
Embora a temporada tenha sido elogiada em grande parte pela sua profundidade de personagem, o episódio final se tornou o mais mal avaliado de toda a série, com uma nota de 6.8/10 no IMDb, gerando uma onda de críticas direcionadas a James Gunn, que assina o roteiro e a direção de parte da temporada.
A decepção dos fãs decorreu principalmente da sensação de que o encerramento sacrificou a conclusão da história individual da série em prol de preparar o terreno para o futuro do Universo DC (DCU), um hábito narrativo que o próprio Gunn, agora co-CEO da DC Studios, já criticou em outras mídias de super-heróis.
Final inconclusivo e o problema do cliffhanger sem promessa da 3ª temporada
A crítica mais veemente reside no desfecho em aberto (cliffhanger) que encerra a série sem a garantia de uma terceira temporada. Muitos espectadores sentiram que o oitavo episódio, intitulado “Chave Nelson”, parecia mais o primeiro episódio da próxima temporada ou um epílogo estendido do que um final de série.
O arco do protagonista Chris Smith, que passou a temporada buscando amor e aceitação, é momentaneamente resolvido quando seus amigos da Rua 11 o convencem de que ele é amado, e Emilia Harcourt (Jennifer Holland) finalmente admite que a noite no barco foi significativa. No entanto, essa felicidade é roubada abruptamente quando Chris é sequestrado por Rick Flag Sr. (Frank Grillo) e jogado em uma dimensão-prisão chamada Salvação.
“Se a gente nunca tivesse tido a segunda temporada, estaríamos de boa (mas com saudade). Mas demorou quase quatro anos entre as temporadas”. O descontentamento cresce com a confirmação de James Gunn de que não há “planos atuais para uma 3ª temporada”, e que a resolução desse gancho será em outros projetos do DCU, como Homem do Amanhã (Superman 2027). Para os fãs, isso configura um “gancho super-emocionante” que, sem continuidade imediata, torna-se frustrante.
➡️ ‘Pacificador’ e a solidão de um herói no fim do mundo
➡️ Prime Video revela teaser trailer e data de lançamento da 4ª temporada de ‘Invencível’; veja
➡️ Tudo sobre ‘O Cavaleiro dos Sete Reinos’, nova série derivada de ‘Game of Thrones’: quando estreia, teaser trailer e elenco
Críticas ao ritmo, filler e a ‘síndrome do 2º ano’
O ritmo do episódio final foi amplamente criticado como “estranho” e “bagunçado”. Muitos sentiram que o episódio 7, que culminou com a fuga da Terra-X (o universo nazista alternativo), seria um final muito mais forte.
A inundação de montagens musicais e o ‘ego’ de Gunn
Uma das queixas mais polarizadoras foi a inclusão de longas sequências musicais, que alguns chamaram de “videoclipe do James Gunn”. O episódio incluiu duas apresentações de bandas, incluindo Nelson e Foxy Shazam, o que fez o capítulo parecer arrastado e “inchado”.
Críticos apontaram que o tempo dedicado a essas performances parecia “encheção de linguiça” e um ato de indulgência do diretor, priorizando suas “bandas favoritas” em vez de diálogos e interações cruciais para a trama, como a fundação da nova agência Checkmate.
➡️ Quer saber mais sobre filmes, séries e streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo Instagram, X, TikTok, YouTube, WhatsApp, e Google Notícias, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.
Onde foi parar o universo nazista da Terra-X?
Outro ponto de fricção foi o abrupto abandono da subtrama da Terra-X, o universo onde os nazistas venceram a Segunda Guerra Mundial. Essa premissa ambiciosa, que consumiu grande parte da temporada, foi resolvida de forma anticlimática. A conclusão do arco emocional de Chris, que viu uma versão melhor de seu pai e irmão em um mundo distorcido, foi alcançada, mas a ameaça nazista em si foi “ignorada imediatamente no final”, o que frustrou quem esperava um confronto maior.

O sacrifício do personagem Rick Flag Sr. para o DCU
O final de Pacificador foi visto como um sacrifício da “lógica de um personagem central” para expandir o universo. Rick Flag Sr. (Frank Grillo), apresentado em Comando das Criaturas, tem uma reviravolta para vilão que muitos consideraram incoerente e apressada.
No final, Flag Sr. está trabalhando com Lex Luthor (Nicholas Hoult) e se mostra obsessivamente focado em aprisionar metahumanos no Planeta Salvação, além de se vingar de Chris Smith pela morte de seu filho, Rick Flag Jr..
Contudo, a transição de Flag Sr. para essa “postura anti-meta” e vilania de “nível Luthor” foi considerada “do nada” e sem a construção narrativa necessária, especialmente porque ele já havia trabalhado ao lado de metahumanos em Comando das Criaturas. Alguns notaram, inclusive, a inconsistência em seu comportamento, como “rindo de alegria” enquanto agentes da ARGUS morriam.
A armadilha de Salvação, onde o Pacificador fica preso, será central na sequência de Superman, Man of Tomorrow, onde Gunn confirmou que a situação de Chris, a prisão de metahumanos e a parceria Flag-Luthor serão elementos-chave.
O legado da 2ª temporada de Pacificador: desenvolvimento ou preparação?
Apesar da recepção negativa do final, muitos defensores argumentam que a temporada, no geral, foi focada no desenvolvimento do Chris Smith como pessoa. A canção tema da abertura, Oh Lord, da banda Foxy Shazam, reflete a mensagem de um pai alertando o filho sobre a dureza do mundo.
O final, portanto, é visto como uma conclusão temática para o arco do personagem, que finalmente encontra a aceitação, apenas para ter essa nova vida roubada por Flag Sr., em uma “consequência temática” de seu passado.
No entanto, a sensação persistente entre os críticos é de que a temporada falhou ao contar uma história coesa e autônoma, atuando mais como um “veículo para preparar os futuros projetos do DCU” do que como uma narrativa fechada.
A formação do Checkmate, a nova agência de espionagem liderada por Leota Adebayo (Danielle Brooks) para se opor à ARGUS de Waller, e o uso de Salvação, que nos quadrinhos é uma prisão que leva aos Novos Deuses e Darkseid, são, sem dúvida, momentos instrumentais para o DCU. Mas o debate permanece: uma série individual deve sacrificar sua integridade narrativa para servir a um universo compartilhado?














