Visual e ação de ‘GTMax’ superam a falta de originalidade do roteiro
Wilson Spiler20/11/20243 Mins de Leitura13 Visualizações
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Nos últimos anos, o cinema de ação mundial foi inundado por filmes inspirados no fenômeno Velozes e Furiosos, gerando subgêneros que misturam corridas, roubos e dramas familiares. Dentro desse contexto, o filme “GTMax”, dirigido por Olivier Schneider, surge como uma nova adição ao catálogo da Netflix.
Com uma trama que combina motocross, dilemas familiares e cenas de perseguição pelas ruas de Paris, o longa tenta capturar a adrenalina dos clássicos do gênero. Mas será que ele consegue?
“GTMax” segue Soélie (Ava Baya), uma ex-prodigiosa do motocross que abandona as competições após um acidente traumático. Agora, ela dedica seu tempo a treinar o irmão mais novo, Michael (prodigiosa), que sonha em levar adiante o legado da família.
Porém, após perder uma importante corrida, Michael se vê recrutado por um grupo de ladrões que utilizam scooters modificadas para realizar assaltos ousados. Quando Soélie descobre o envolvimento do irmão em atividades criminosas, ela precisa superar seus medos e retornar ao motocross para salvá-lo, enfrentando tanto a polícia quanto o líder implacável do bando, Elyas (Jalil Espert).
“GTMax” é um filme que sabe onde quer brilhar: nas cenas de ação. E nisso, Olivier Schneider, com sua vasta experiência como coordenador de dublês em franquias como 007 e Velozes e Furiosos, entrega um espetáculo visual. As perseguições pelas ruas de Paris, capturadas por drones e repletas de acrobacias, são o ponto alto do filme, oferecendo ao público momentos de pura adrenalina.
No entanto, o roteiro – escrito por um time de cinco pessoas – carece de originalidade. A jornada de Soélie, desde sua resistência inicial até o clímax previsível em que ela volta a pilotar, segue um padrão já muito explorado em filmes do gênero. O drama familiar, que poderia ser um elemento diferencial, acaba ficando raso, com pouco tempo para desenvolver a relação entre os irmãos ou aprofundar os dilemas financeiros da família.
O elenco faz o possível com o material disponível. Ava Baya se destaca como a protagonista, transmitindo a determinação e a vulnerabilidade de Soélie, mas é prejudicada por um roteiro que não explora todo o potencial da personagem.
Jalil Espert traz carisma ao vilão Elyas, mas carece de uma motivação mais convincente. Riad Belaiche, como Michael, tenta entregar alguma emoção ao papel, mas sua trajetória é subdesenvolvida, enfraquecendo o impacto emocional da trama.
Apesar dos problemas narrativos, “GTMax” compensa com seu apelo visual. A direção de Schneider acerta ao manter o foco nas cenas de ação, utilizando efeitos práticos e CGI com parcimônia. No entanto, falta equilíbrio. O filme não consegue sustentar a tensão fora das cenas de perseguição, tornando os momentos de transição arrastados e pouco memoráveis.
“GTMax” é uma experiência visualmente impactante, mas narrativamente esquecível. Seus momentos de ação são dignos de aplausos, e a ambientação parisiense adiciona charme ao longa-metragem. Contudo, o roteiro previsível e a falta de desenvolvimento dos personagens impedem que o filme alcance o potencial que sua premissa prometia.
Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.