Nova aposta do Globoplay, a novela “Guerreiros do Sol”, chega com fôlego de superprodução, apresentando uma releitura instigante do cangaço sob o olhar da dramaturgia moderna. Criada por George Moura e Sergio Goldenberg, a série estreou com cinco episódios eletrizantes e se distanciou dos moldes tradicionais ao propor uma narrativa mais crua, feminista e cinematográfica.
O enredo, livremente inspirado na história de Lampião e Maria Bonita, é centrado nos personagens Josué (Thomás Aquino) e Rosa (Isadora Cruz). Apesar da clara ambientação de época, a trama não hesita em dialogar com temas contemporâneos, como machismo, sororidade, sexualidade e justiça social.
Lançada em blocos semanais e exibida também no canal por assinatura Globoplay Novelas, a obra mistura elementos de faroeste, melodrama e crítica social. Desde os primeiros minutos, deixa claro que sua estética robusta e seu texto sofisticado não são mero adorno: são ferramentas narrativas que ampliam o alcance da história.
Sinopse da novela Guerreiros do Sol
Ambientada no sertão nordestino das décadas de 1920 e 1930, “Guerreiros do Sol” narra a trajetória de Rosa, jovem prometida ao poderoso coronel Elói (José de Abreu), apesar de seu amor por Josué, rapaz de origem humilde. Após uma sequência de injustiças, Josué e seus irmãos se juntam ao grupo de cangaceiros liderado por Miguel Ignácio (Alexandre Nero), mergulhando de vez na violência que define o cangaço.
Paralelamente, Rosa toma decisões drásticas que a colocam no centro da ação: ao matar Idálio (Daniel de Oliveira) em legítima defesa durante um tiroteio, ela inicia sua própria jornada como uma anti-heroína. Entre dilemas familiares, paixões perigosas e lutas por autonomia, a personagem vai se descolando do papel de mocinha tradicional.
Enquanto o roteiro avança, a novela constrói um mosaico de histórias femininas: a descoberta do câncer por Valiana (Nathalia Dill), o romance entre Otília (Alice Carvalho) e Jânia (Alinne Moraes), e o cotidiano das mulheres que resistem à opressão masculina completam esse retrato multifacetado do sertão.

Crítica de Guerreiros do Sol (2025)
Sob a direção precisa de Rogério Gomes, os primeiros episódios de “Guerreiros do Sol” impressionam pelo uso de planos abertos e cuidadosa composição visual. As cenas de ação têm ritmo, intensidade e uma paleta quente que remete diretamente aos grandes westerns clássicos. Não por acaso, os 13 minutos de abertura — com tiroteio, vingança e fuga — são dignos de cinema.
Esse capricho técnico confere realismo à ambientação do sertão, apoiado em figurinos autênticos e cenários naturais. A estética cumpre bem o papel de imergir o espectador naquele Brasil histórico e violento, mas ao mesmo tempo cheio de contradições e beleza.
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Mulheres no centro: da coadjuvância à liderança
O maior trunfo da produção é, sem dúvida, a reinterpretação do cangaço sob a ótica feminina. Diferentemente de outros títulos recentes sobre o tema, “Guerreiros do Sol” não apenas homenageia Maria Bonita por meio de Rosa, mas expande o protagonismo das mulheres para vários núcleos da narrativa.
Isadora Cruz entrega uma atuação vigorosa, conseguindo equilibrar a fragilidade emocional com uma crescente força interior. Sua Rosa é complexa, contraditória e, por isso mesmo, cativante. A personagem rompe com o estereótipo da mocinha e ganha espessura à medida que toma decisões difíceis.
Além dela, Jânia e Otília protagonizam um romance que destoa das normas do período, sem cair em didatismo ou estereótipos. Já Valiana, ao lidar com uma doença grave sem recursos médicos, evidencia o abandono estrutural vivido pelas mulheres na história — algo que ressoa até hoje.
Texto sofisticado com alma de novela
Ainda que traga elementos típicos de séries — como diálogos densos e ritmo cadenciado —, “Guerreiros do Sol” assume com orgulho seu formato de novela. A narração em off da protagonista, os ganchos ao final dos episódios e os dilemas amorosos fazem questão de lembrar ao público que estamos diante de um folhetim.
O mérito dos autores George Moura e Sergio Goldenberg está em saber usar esses recursos com inteligência, sem subestimar o espectador. O texto propõe discussões sobre justiça, religião, poder e gênero com naturalidade, sem parecer panfletário.
Há, é claro, algumas falas mais expositivas e situações que beiram o clichê — mas elas não comprometem o todo. Ao contrário: funcionam como âncoras emocionais que ajudam o público a navegar por uma trama cheia de camadas.
Vale a pena ver Guerreiros do Sol no Globoplay?
“Guerreiros do Sol” é uma obra que honra o legado do cangaço na cultura brasileira ao mesmo tempo em que desafia as convenções do gênero. Sua estreia marca um passo ousado na forma como a teledramaturgia nacional se posiciona no cenário do streaming.
Com personagens femininas fortes, ambientação impecável e uma trama que flerta com o trágico, o épico e o político, a novela se apresenta como um divisor de águas na forma de se contar histórias sobre o sertão. E, mais do que isso, faz valer o título: são, sim, guerreiras do sol que iluminam esta narrativa.
Se continuar nessa toada, “Guerreiros do Sol” tem tudo para se tornar uma referência dentro e fora do Brasil — e, talvez, o início de uma nova era para a dramaturgia histórica na televisão brasileira.
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Onde assistir à série Guerreiros do Sol?
A novela está disponível para assistir no Globoplay.
Trailer de Guerreiros do Sol (2025)
Elenco de Guerreiros do Sol, do Globoplay
- Isadora Cruz
- Thomas Aquino
- Irandhir Santos
- Alinne Moraes
- Nathalia Dill
- Alice Carvalho
- José De Abreu
- Daniel de Oliveira
- Alexandre Nero
- Luis Carlos Vasconcelos
- Carla Salle
- Marcélia Cartaxo