‘Happiness’: o melhor e o pior da humanidade em tempos de crise
Wilson Spiler12/12/20243 Mins de Leitura15 Visualizações
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“Happiness” (Haepiniseu) não é apenas mais um dorama de zumbis, mas uma reflexão sobre o que nos torna humanos em tempos de adversidade. Ambientado em um mundo pós-pandemia, o drama utiliza uma crise sanitária fictícia para explorar como a sociedade responde a situações extremas.
Dirigido por Ahn Gil-Ho, o enredo vai além do horror para focar nas complexidades das relações humanas, destacando as atuações de Han Hyo Joo e Park Hyung Sik, que brilham como protagonistas.
A trama se passa em uma era pós-Covid onde um novo vírus, originado de um medicamento farmacêutico rejeitado, ameaça a sociedade. Caracterizado por sede insaciável e loucura, o vírus se espalha por mordidas dos infectados. Yoon Sae-Bom (Han Hyo Joo), uma oficial das Forças Especiais, é exposta ao vírus após ser mordida por um colega.
Junto com Jung Yi-Hyun (Park Hyung Sik), um detetive e amigo de longa data, ela é confinada em um complexo de apartamentos durante a quarentena imposta pelo governo. Enquanto o vírus se alastra, os moradores revelam o melhor e o pior de si mesmos, lutando para sobreviver e preservar sua sanidade.
“Happiness” impressiona pela forma como mistura gêneros, equilibrando o suspense apocalíptico com um estudo profundo sobre comportamento humano. Diferente de produções que se limitam ao gore e à ação desenfreada, o dorama aposta em uma narrativa que prioriza as emoções e os dilemas éticos dos personagens.
A química entre Han Hyo Joo e Park Hyung Sik é um dos pontos altos da série, trazendo um equilíbrio entre força, vulnerabilidade e cumplicidade. Yoon Sae-Bom, uma protagonista forte e determinada, conquista pela sua resiliência, enquanto Jung Yi-Hyun aprofunda emocionalmente a trama com seu senso de justiça.
O roteiro, embora envolvente, apresenta algumas falhas. Certos elementos do enredo são convenientes demais, e decisões questionáveis de personagens-chave minam a lógica da história. A conclusão, apesar de satisfatória em termos emocionais, carece de profundidade e deixa lacunas que poderiam ter sido melhor exploradas.
Comparações
A ambientação do complexo de apartamentos é claustrofóbica e eficaz, funcionando como uma metáfora para o isolamento e a desconfiança que permeiam o pós-pandemia. No entanto, o uso do vírus como elemento central da trama desperta comparações inevitáveis com outras obras do gênero, como “Kingdom” e “Sweet Home”, o que pode fazer com que “Happiness” pareça derivado em alguns momentos.
Outro destaque é a trilha sonora, que amplifica os momentos de tensão e emoção, tornando-se um personagem à parte na narrativa. Por outro lado, a repetitividade em algumas subtramas e o ritmo irregular podem testar a paciência do espectador.
“Happiness” é uma obra que combina emoção, crítica social e suspense de maneira inteligente, embora não seja isenta de falhas. O drama se destaca ao mostrar o impacto de uma crise global na psique humana, abordando questões como egoísmo, solidariedade e resiliência.
Apesar de algumas inconsistências narrativas, o carisma dos protagonistas e a relevância temática tornam “Happiness” uma experiência memorável para fãs de doramas e histórias apocalípticas. Não é uma obra perfeita, mas certamente merece ser vista pelo seu coração e mensagem: a felicidade, mesmo em tempos difíceis, pode ser encontrada nos gestos mais simples e nas conexões mais profundas.
Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.