A Netflix mergulha de cabeça em territórios emocionais perigosos com “Infiéis: Uma Última Chance”, um reality show que combina confissão, confronto e voyeurismo em um cenário paradisíaco.
Ao reunir ex-casais marcados pela traição em um retiro luxuoso, a série se propõe a responder à pergunta: é possível reconstruir um relacionamento depois que a confiança foi despedaçada? A resposta, como se verá ao longo dos nove episódios, é mais incômoda – e viciante – do que se imagina.
Sinopse do reality Infiéis: Uma Última Chance (2025)
Apresentado por Amanda Holden e conduzido terapeuticamente por Paul C. Brunson, “Infiéis: Uma Última Chance” acompanha oito ex-casais em um retiro nas montanhas de Maiorca. Todos eles têm algo em comum: a relação foi abalada ou destruída por um caso de infidelidade.
Agora, longe das distrações do mundo real – mas sob os holofotes da televisão – eles tentam lidar com suas dores, buscar perdão ou, quem sabe, dizer adeus de vez. Entre conversas tensas, confissões dolorosas e confrontos acalorados, cada casal decide se ainda vale a pena lutar pelo amor.
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Crítica da série Infiéis: Uma Última Chance, da Netflix
O que poderia ser um exercício legítimo de reconexão emocional se torna, aos olhos do público, uma dramaturgia de altos e baixos morais. O programa não finge ser neutro. Ainda que Amanda Holden se esforce para adotar uma postura empática e que Paul C. Brunson tente aplicar exercícios terapêuticos com base em escuta e vulnerabilidade, “Infiéis” se apoia fortemente em um pilar: o espetáculo da dor humana.
A “Sala do Acerto de Contas” é o epicentro desse drama. Com uma ambientação cenográfica digna de um reality distópico, ela simboliza a arena de exposição, onde ressentimentos mal resolvidos explodem. Lá, ex-parceiros se enfrentam entre lágrimas, gritos e olhares frios – tudo milimetricamente registrado pelas câmeras. A promessa de cura é constante, mas o programa se alimenta da exposição crua dos traumas.
Quando o passado não passa: histórias que escancaram feridas abertas
A força da série reside, paradoxalmente, na fragilidade dos participantes. Histórias como a de Biggs e Rebecca, que se arrastam desde os tempos de Ilha do Amor, revelam um ciclo emocional vicioso que parece mais ligado à imagem pública do que a sentimentos reais. Craig e Jazz, por sua vez, protagonizam o arco mais tóxico da temporada, com direito a acusações de “vida dupla” e traições simultâneas com outras participantes do próprio programa.
Outros casais, como Liam e Olivia ou Steph e Andre, até ensaiam uma trajetória de reaproximação. Mas mesmo nesses casos, a dúvida sobre a autenticidade paira: o que é genuína vontade de recomeçar e o que é simplesmente performar um final feliz diante das câmeras?
A ambiguidade moral como motor narrativo
Um dos elementos mais interessantes da série é sua insistência em explorar a indefinição do termo “traição”. O que é trair, afinal? Dormir com outra pessoa? Mandar uma DM sugestiva? Esconder uma conversa?
A produção utiliza essas zonas cinzentas para provocar o debate – e o conflito. Casais como Kieran e Amberley se perdem justamente nessa falta de consenso. O programa lucra com isso: quanto mais subjetiva a linha do erro, maior o terreno para acusações, lágrimas e reviravoltas.
Fama, exposição e a cultura da segunda chance
Há, claro, um subtexto evidente: todos os participantes sabem que estão em um reality e muitos já têm passagem por outros programas. A busca por redenção se confunde com o desejo por visibilidade.
A série, ainda que tente adotar um tom terapêutico, não escapa da crítica fácil: até que ponto esses reencontros não são fabricados apenas para gerar engajamento? Amanda Holden tenta suavizar o julgamento com sua persona de “tia compreensiva”, mas o público não se ilude – estamos assistindo a uma arena emocional disfarçada de sessão de terapia.
Conclusão
“Infiéis: Uma Última Chance” é um estudo sobre limites – os dos relacionamentos, os do perdão e, principalmente, os da própria televisão. Sob a fachada de reconciliação, o que se vê é uma coreografia emocional de dor e escândalo.
Para quem aprecia reality shows que escancaram as imperfeições humanas, a série é um prato cheio. Mas, para além do entretenimento, ela lança um olhar provocador sobre como, em tempos de exposição total, até as feridas mais íntimas viram conteúdo.
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Onde assistir ao reality Infiéis: Uma Última Chance?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Infiéis: Uma Última Chance (2025)
Elenco de Infiéis: Uma Última Chance, da Netflix
- Amanda Holden
- Paul C. Brunson
Ficha técnica da série Infiéis: Uma Última Chance
- Título original: Cheat: Unfinished Business
- Gênero: reality show
- País: Reino Unido
- Temporada: 1
- Episódios: 9
- Classificação: 14 anos