Desde 2019, “Love, Death & Robots”, que chega agora à sua temporada 4, consolidou-se como um dos projetos mais inovadores da Netflix, ao reunir animação experimental, ficção científica e crítica social em curtas-metragens de impacto. Agora, no seu quarto ano, a série se arrisca ainda mais: amplia temas recorrentes como tecnologia, espiritualidade e caos, sem abandonar o tom irreverente e provocativo.
Com 10 episódios que transitam entre o sublime e o grotesco, a produção reafirma seu papel como vitrine de estilos e ideias, embora nem todas as escolhas sejam consensuais.
Sinopse da temporada 4 da série Love, Death & Robots (2025)
A quarta temporada traz uma nova leva de dez curtas independentes, variando de 5 a 17 minutos. As histórias exploram desde batalhas intergalácticas até confissões de eletrodomésticos, passando por sátiras sobre a obsessão humana por tecnologia e religião.
Entre os destaques estão “Spider Rose”, uma continuação emocionalmente carregada do episódio “Enxame”, e “Can’t Stop”, um videoclipe surreal com os Red Hot Chili Peppers transformados em marionetes. A temporada mantém a tradição de mesclar estilos de animação (2D, 3D, stop-motion e até live-action), além de experimentar com tons que vão da comédia ao horror cósmico.
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Crítica de Love, Death and Robots (temporada 4), da Netflix
Mais do que nunca, “Love, Death & Robots” aposta na multiplicidade estética como seu maior trunfo. O stop-motion desconcertante de “Can’t Stop” e “Minicontatos Imediatos” contrasta com o realismo impressionante de “Spider Rose” e o traço estilizado de “Os Caras do 400”.
A diversidade visual garante que, mesmo que um enredo não agrade, a experiência sensorial compense. Não há aqui uma busca por unidade, mas sim por estimular o espectador com novos formatos e atmosferas. Neste sentido, o episódio “O Grito do Tiranossauro” é exemplar: CGI de ponta recria gladiadores montados em dinossauros, enquanto uma crítica social se insinua na brutalidade estética.
Humor ácido e crítica social afiada
A temporada não economiza em ironia. “Dispositivos Inteligentes, Donos Idiotas” é um exemplo perfeito de como a série ironiza a obsessão humana pela tecnologia, ao colocar aparelhos domésticos como narradores de sua própria escravidão.
O mesmo acontece em “A Outra Coisa Grande”, em que um gato e um robô protagonizam uma revolução contra seus criadores humanos, uma metáfora divertida sobre dependência tecnológica e o esvaziamento da autonomia humana.
A sátira se intensifica em “Minicontatos Imediatos”, onde a humanidade, ao reagir com violência a um contato alienígena inofensivo, provoca sua autodestruição — um recado claro sobre nossa arrogância e incapacidade de compreender o outro.
Temas recorrentes: religião, rebelião e… gatos
Entre os fios que costuram os episódios, destacam-se as reflexões sobre fé e redenção. “Gólgota” e “Como Zeke Entendeu a Religião” confrontam a relação humana com o sagrado, ambos usando a religião como lente para analisar nossos pecados: destruição ambiental e intolerância.
O primeiro — um live-action surpreendente — narra a punição divina por nossa crueldade com os golfinhos; o segundo explora, em plena Segunda Guerra Mundial, a redenção de um ateu diante do sobrenatural.
Já o elemento cômico é garantido pelos gatos, que protagonizam três episódios. O mais emblemático é “Pois Ele Se Move Sorrateiramente”, onde um felino enfrenta Satanás para salvar seu dono poeta — metáfora tanto da fidelidade animal quanto da luta interna contra os próprios demônios.
‘Spider Rose’: o ápice emocional da temporada
Sem dúvida, “Spider Rose” é o ponto alto da quarta temporada. Continuando a narrativa de “Enxame”, o episódio mergulha no luto e na obsessão por vingança. Lydia, agora isolada, encontra em um alienígena uma nova conexão, ainda que tardia.
O final, em que ela se entrega para ser devorada pela criatura, é uma das metáforas mais fortes da temporada: quando a dor é tamanha, ela consome o que resta da humanidade. A estética aqui, puxada para o mangá, reforça a atmosfera melancólica e violenta que permeia a trama.
Nem tudo são acertos, mas quase nunca há tédio
Como em toda antologia, há episódios mais fracos. “Can’t Stop”, embora visualmente arrebatador e dirigido por David Fincher, é questionável em seu encaixe na série, funcionando mais como um videoclipe excêntrico do que uma narrativa.
Ainda assim, sua presença reforça o espírito do projeto: ser espaço de experimentação sem limites. O mesmo vale para “Pois Ele Se Move Sorrateiramente”, simpática fábula felina, mas que se dilui diante da força dos demais episódios.
Conclusão
A temporada 4 de “Love, Death e Robots” reafirma o vigor criativo da série, que continua sendo um raro espaço onde artistas podem ousar, experimentar e chocar, sem as amarras típicas das produções de streaming.
Embora nem todos os episódios sejam memoráveis, o conjunto entrega uma experiência visualmente deslumbrante, intelectualmente provocadora e emocionalmente impactante. Mais uma vez, a série comprova que não só pode, mas deve continuar — e, como canta Anthony Kiedis no episódio que abre a temporada, “Can’t Stop”.
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Onde assistir à série Motorheads: Velozes e Apaixonados?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer da temporada 4 de Love, Death & Robots (2025)
Elenco de Love, Death and Robots, da Netflix
- Joe Manganiello
- Rosario Dawson
- Seth Green
- Michael B. Jordan
- Élodie Yung
- Joe Dempsie
- Topher Grace
- Mary Elizabeth Winstead
- Gary Cole
- Samira Wiley
Ficha técnica da série Love, Death & Robots
- Título original: Love, Death & Robots
- Criação: Tim Miller
- Gênero: animação, ficção científica, aventura
- País: Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 10
- Classificação: 16 anos