Crítica da série Marcada, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘Marcada’ entre a fé e o desespero

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Marcada (2025) chega à Netflix com uma proposta sedutora, mas complexa: explorar até onde uma mãe pode ir para salvar sua filha, em um contexto de desigualdade social e moralidade fraturada. A série sul-africana, criada por Steven Pillemer, Sydney Dire e Akin Omotoso, nos leva ao coração de Joanesburgo para acompanhar a jornada de Babalwa, uma ex-policial e devota cristã que se vê forçada a mergulhar no submundo do crime.

Com um elenco talentoso e uma premissa envolvente, o thriller prometia um estudo psicológico profundo sobre fé, traição e sobrevivência. No entanto, sua execução irregular deixa um gosto agridoce, misturando momentos de alta tensão com uma narrativa que se arrasta.

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Sinopse

Babalwa Godongwana (interpretada por Lerato Mvelase) leva uma vida de disciplina e fé. Ex-policial, ela trabalha como segurança em carros-fortes para a empresa Iron Watch e frequenta a igreja todos os domingos com o marido, Lungile (Bonko Khoza).

A vida da família, porém, desmorona quando o câncer da filha adolescente, Palesa (Ama Qamata), se agrava, exigindo uma cirurgia caríssima em um hospital particular, no valor de 1,2 milhão de rands (cerca de R$ 3,6 milhões na cotação atual).

Sem encontrar ajuda na igreja ou com o patrão, Babalwa, desesperada, aceita a oferta do notório chefão do crime Baba G (Jerry Mofokeng) para ser sua informante e participar de um assalto a um carro-forte.

Quando o plano sai do controle e ela é traída pelos próprios cúmplices, a protagonista se vê obrigada a ir ainda mais fundo no mundo do crime, transformando-se naquilo que mais temia, tudo para salvar sua filha. A partir daí, a história se torna uma corrida contra o tempo, com Babalwa se tornando mais perigosa que seus novos inimigos para alcançar seu objetivo.

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Crítica

Marcada tem a sorte de ter uma premissa forte e universal, mas falha em sustentar o ritmo e a profundidade necessários para um thriller psicológico de sucesso. O roteiro, que tinha tudo para ser um estudo de personagem fascinante, acaba diluído em subtramas e escolhas narrativas questionáveis.

O conflito moral da protagonista: potencial mal aproveitado

O ponto mais interessante da série é, sem dúvida, o dilema de Babalwa. Uma mulher de fé inabalável, que encontra na religião e na moralidade uma bússola para a vida, é empurrada para uma espiral de crime por um sistema que a abandonou.

A série levanta questões pertinentes sobre a hipocrisia das instituições — como a igreja e o empregador, que lhe dão as costas no momento de maior necessidade — e o que acontece quando a sobrevivência se torna a única lei. A atuação de Lerato Mvelase é o grande trunfo da série, e ela consegue transmitir a luta interna e a transformação de sua personagem de maneira convincente.

No entanto, a série não se aprofunda o suficiente nessa guerra psicológica, preferindo focar em reviravoltas previsíveis de um assalto que, ironicamente, não é o foco principal. O que poderia ser uma análise poderosa sobre a fé na adversidade acaba se tornando uma camada superficial em um enredo de crime genérico.

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Ritmo e tom desequilibrados

Um dos maiores problemas de Marcada é a sua irregularidade. O ritmo da narrativa se arrasta em muitos momentos, com seis episódios que parecem longos demais para a história que se propõe a contar. O que deveria ser um thriller tenso, cheio de adrenalina, muitas vezes se perde em cenas de diálogos mornos e subtramas que pouco contribuem para a trama principal.

Além disso, a série tem uma oscilação de tom que prejudica a imersão. Há uma mistura de drama sério e pesado com elementos de humor (muitas vezes, slapstick) que não se encaixam na gravidade da situação de Babalwa. A direção, embora apresente um estilo visual seco e realista que capta a dureza de Joanesburgo, falha em manter a consistência e a tensão dramática.

O roubo, que é o motor da história, não tem o devido destaque, e o clímax da invasão à Iron Watch, que deveria ser o ápice da jornada de Babalwa, parece anticlimático e apressado, deixando o espectador com a sensação de que algo foi perdido no caminho.

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Uma crítica social relevante que não decola

A série merece crédito por tentar abordar a realidade sul-africana, com suas fraturas sociais, desigualdade e corrupção. O contexto de um país onde o acesso à saúde é insular e a violência é uma constante é palpável. Babalwa não é apenas uma criminosa; ela é um reflexo de um sistema que a empurrou para o limite.

A crítica à fragilidade da moralidade em face da pobreza é pertinente. No entanto, a narrativa se perde ao tentar conciliar o comentário social com um thriller de assalto que não decola. As reviravoltas previsíveis e a falta de desenvolvimento emocional dos personagens secundários, como o marido de Babalwa ou a detetive que a persegue, enfraquecem a mensagem.

O final em aberto, que evita soluções fáceis, pode ser visto como uma decisão arrojada, mas também como uma frustração para quem esperava um desfecho mais satisfatório para a jornada de Babalwa.

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Conclusão

Marcada é uma série que se apoia em uma excelente atuação de sua protagonista e em uma premissa rica, mas que não consegue aproveitar todo o seu potencial. A série se esforça para ser um thriller psicológico, um drama familiar e uma crítica social, mas acaba não se destacando em nenhuma dessas frentes.

Fãs de thrillers de assalto, como La Casa de Papel, podem se decepcionar com a falta de foco e adrenalina. Já quem busca uma série com personagens complexos e dilemas morais profundos pode encontrar em Marcada uma experiência frustrante devido ao ritmo lento e ao desenvolvimento superficial.

Em suma, a série é uma tentativa ambiciosa de contar uma história universal a partir de uma perspectiva sul-africana. Embora tenha seus méritos, Marcada é uma recomendação com ressalvas, mais interessante por suas ideias do que por sua execução.

Onde assistir à série Marcada?

A série está disponível para assistir na  Netflix.

Trailer de Marcada (2025)

YouTube player

Elenco de Marcada, da Netflix

  • Lerato Mvelase
  • Sphamandla Dhludhlu
  • S’dumo Mtshali
  • Bonko Khoza
  • Natasha Thahane
  • Ama Qamata
  • Desmond Dube
  • Mduduzi Mabaso
  • Jabulani Mthembu
  • Jerry Mofokeng
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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