Crítica do filme Missão Resgate Vingança (2025) - Flixlândia (1)

‘Missão Resgate: Vingança’: o gelo se foi, mas o cansaço de Neeson permanece na estrada

Filme é sequência do sucesso de 2021

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A filmografia recente de Liam Neeson tem seguido um roteiro familiar, quase ritualístico. É a história de um homem no fim da linha, seja ele um motorista, um policial ou um assassino, cujo passado o assombra. Ele não busca a paz; é amaldiçoado a enfrentar vilões de jaquetas de couro até que seus ossos já frágeis se desfaçam.

Desde Busca Implacável (Taken, 2008), o ator tem se aprofundado nesse arquétipo, a ponto de a fórmula se tornar uma piada interna do cinema, algo que ele mesmo irá satirizar em breve. No entanto, para cada colaboração bem-sucedida, há uma enxurrada de produções diretas para o streaming que parecem existir apenas para garantir seu salário.

O primeiro Missão Resgate (2021) se encaixou nesse perfil de “filme para um pagamento constante”. Agora, sua sequência, Missão Resgate: Vingança, não apenas pisa nos mesmos clichês, mas também questiona o propósito de sua própria existência, deixando claro o cansaço visível de seu protagonista e a falta de ambição de seus criadores.

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Sinopse

Desde os eventos do primeiro filme, Mike McCann (Liam Neeson) tem lutado contra a culpa e o transtorno de estresse pós-traumático após a morte heroica de seu irmão, Gurty. Para honrar a última vontade de Gurty, McCann embarca em uma missão aparentemente impossível: espalhar as cinzas do irmão no topo do Monte Everest, um sonho que ele nunca realizou. Sua jornada o leva a Kathmandu, no Nepal, onde ele se junta a uma guia local, Dhani (Fan Bingbing), e a um grupo de turistas.

O que deveria ser uma viagem de luto e redenção rapidamente se transforma em um pesadelo quando o ônibus é emboscado por um grupo de mercenários. McCann e seus companheiros de viagem se veem enredados em uma conspiração mortal envolvendo um projeto de barragem, industriais corruptos e um político assassinado. A partir daí, o filme se torna uma caçada ininterrupta, forçando McCann a usar suas habilidades de motorista e, agora, de “herói de ação”, para proteger os inocentes e, finalmente, espalhar as cinzas de seu irmão.

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Crítica

O primeiro e mais gritante problema de Missão Resgate: Vingança é o seu título original: Ice Road: Vengeance. Não há “estrada de gelo” alguma no filme. A trama se passa nas estradas sinuosas e empoeiradas do Nepal. Essa incongruência é sintomática de uma produção que parece completamente desconectada de sua própria identidade.

O diretor e roteirista Jonathan Hensleigh (que também assinou o primeiro filme) recicla a fórmula de forma preguiçosa, trocando o ambiente gelado por um cenário montanhoso. A trama, por sua vez, é tão genérica que poderia facilmente ser a base de qualquer outro thriller de ação de baixo orçamento: um homem comum se vê no meio de uma conspiração criminosa e precisa lutar para sobreviver. Não há surpresas, nem reviravoltas. É um enredo tão básico que se desintegra sob a menor análise, deixando a sensação de que o filme foi feito por pura inércia.

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Cena do filme Missão Resgate Vingança (2025) - Flixlândia (1)
Foto: Divulgação

Atuação cansada de Liam Neeson

Liam Neeson, com sua imponente presença de tela, ainda consegue dar alguma dignidade ao material. Ele faz o que se espera dele: profere falas curtas, lança olhares de aço e distribui socos. No entanto, o cansaço é evidente. A energia de Busca Implacável se esvaiu, e é quase embaraçoso ver o ator, já com mais de 70 anos, lutando contra capangas que parecem ter metade de sua idade.

As cenas de ação, coreografadas em “velocidade de ensaio”, como notou um crítico, não o ajudam. Há momentos em que ele parece estar simplesmente “cumprindo o mínimo sindical”, como um ator francês descreveu.

Mesmo com o retorno de Fan Bingbing, que entrega uma atuação sólida e se mostra uma parceira de ação à altura, a falta de química e o roteiro fraco não permitem que a parceria se destaque. A triste verdade é que o talento de Neeson merece papéis mais substanciais do que esses thrillers intercambiáveis.

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Desrespeito visual e cultural

Se a história e a atuação de Neeson já são decepcionantes, o filme atinge seu ponto mais baixo em sua execução técnica e representação cultural. A fotografia é plana e desinteressante, falhando em capturar a majestade natural do Himalaia.

Mas o maior crime são os efeitos visuais, que são chocantemente ruins. As paisagens de fundo parecem telas verdes amadoras, e as cenas de ação, como a do ônibus pendurado, são tão falsas que destroem qualquer vestígio de imersão.

Além disso, a representação do Nepal é ofensiva e desrespeitosa. O filme erra grosseiramente em detalhes básicos, como a geografia (o ônibus não pode chegar ao Everest em poucas horas), a cultura (mostrando a população falando hindi em vez de nepalês) e até mesmo a aparência dos personagens, o que demonstra uma total falta de pesquisa. É um exemplo perfeito de como Hollywood pode tratar culturas estrangeiras com descaso, usando-as apenas como um cenário exótico e superficial para uma história genérica.

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Conclusão

Missão Resgate: Vingança é um filme que não tem gelo, não tem vingança, e o que é pior, não tem alma. É a epítome do thriller de ação direto para o streaming: funcional, mas completamente vazio. A falta de originalidade, os efeitos visuais precários e, acima de tudo, a sensação de que nem mesmo seus criadores e elenco parecem se importar, tornam a experiência cansativa.

O filme se sustenta unicamente no carisma e na boa vontade de Liam Neeson, mas mesmo isso já não é mais suficiente para compensar o roteiro risível e a produção desleixada. É um sinal de que a “estrada” para a qual Neeson se aventurou nos últimos anos está se tornando perigosamente desgastada. Talvez seja hora de o lendário ator dar uma pausa nesse tipo de papel e buscar um novo caminho.

Onde assistir ao filme Missão Resgate: Vingança?

O filme está disponível para assistir no Prime Video.

Assista ao trailer de Missão Resgate: Vingança (2025)

Quem está no elenco de Missão Resgate: Vingança, do Prime Video?

  • Liam Neeson
  • Fan Bingbing
  • Marcus Thomas
  • Grace O’Sullivan
  • Saksham Sharma
  • Bernard Curry
  • Geoff Morrell
  • Mahesh Jadu
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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