O filme ”Mufasa: O Rei Leão” (2024) é a mais recente incursão da Disney no universo de “O Rei Leão”, desta vez explorando as origens do icônico personagem Mufasa.
Dirigido por Barry Jenkins, vencedor do Oscar por “Moonlight”, o filme, que estreou recentemente no catálogo do Disney+, busca aprofundar a mitologia da franquia ao contar a história de ascensão de Mufasa ao trono das Terras do Reino.
Sinopse do filme Mufasa: O Rei Leão (2024)
Em “Mufasa: O Rei Leão”, a trama se desenrola como uma fábula ancestral contada por Rafiki à jovem Kiara, filha de Simba e Nala. Sob os comentários espirituosos de Timão e Pumba, o filme revisita o passado do lendário rei das Terras do Reino.
Mufasa é apresentado como um filhote órfão que, ao conhecer Taka — o leão que mais tarde se tornaria Scar — embarca em uma jornada de superação, amizade e descoberta pessoal que o levará a seu destino como soberano.
Por meio de flashbacks, o público mergulha em uma África imaginada, rica em simbolismos, onde a mitologia da franquia ganha contornos mais densos e espirituais. Entre traições, provações e melodias inesquecíveis, o longa revela que a grandeza de Mufasa não estava no sangue, mas sim na força de seu caráter.
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Crítica de Mufasa: O Rei Leão, do Disney+
Ao escolher Barry Jenkins como diretor, a Disney tomou um risco criativo louvável. Conhecido por imprimir lirismo em narrativas intimistas, o cineasta tenta transpor essa sensibilidade para o mundo dos leões digitais. E, por vezes, consegue: há momentos de grande beleza poética, especialmente nas metáforas de Rafiki e nas passagens que evocam contos africanos transmitidos oralmente, como os dos griots.
No entanto, o fotorrealismo, embora visualmente deslumbrante, acaba limitando a expressividade emocional dos personagens. A fidelidade anatômica dos leões conflita com os gestos sutis que poderiam humanizar suas emoções. É um paradoxo que o próprio filme tenta resolver com montagens musicais vibrantes, mas que, em momentos-chave, soa mais como um obstáculo do que um recurso.
Relações fraternas que sustentam a narrativa
O núcleo emocional do filme está na relação entre Mufasa e Taka. Inicialmente apresentados como irmãos de coração, os dois vivem uma amizade tão pura quanto efêmera. A dinâmica entre eles é rica em camadas: de lealdade à inveja, de fraternidade à rivalidade. Taka é desenhado como um personagem complexo, cujo caminho até se tornar Scar é traçado com cuidado — ainda que por vezes caia em arquétipos previsíveis de “irmão rejeitado”.
A introdução de Sarabi como pivô emocional e político entre os irmãos adiciona dramaticidade, mas surge de forma um tanto abrupta, soando como um recurso para acelerar o arco de transformação de Taka.
A música como alma e memória da franquia
A trilha sonora, assinada por Lin-Manuel Miranda, Hans Zimmer e Pharrell Williams, é um dos grandes trunfos da produção. Ainda que as novas faixas não alcancem a força emocional de “O Ciclo Sem Fim” ou “Hakuna Matata”, momentos como o nascimento do romance entre Mufasa e Sarabi e a debandada de elefantes ganham vida própria graças à música.
Entretanto, a combinação de músicas teatrais com animais de expressão contida devido ao realismo digital cria certo estranhamento. Falta, por vezes, a liberdade visual para que o musical floresça com a exuberância típica da Disney.
Estética deslumbrante
Do leito dos rios às montanhas nevadas, “Mufasa: O Rei Leão” é um colírio visual. O CGI é de altíssima qualidade e leva o espectador a se perguntar se realmente está vendo animações. Porém, tanta perfeição cobra um preço: a perda do lúdico.
A escolha por uma fotografia isométrica e distante afasta o público da emoção dos personagens. Faltam closes que capturem a alma dos leões e sobram planos gerais que priorizam a paisagem em detrimento da narrativa emocional. A estética, por mais admirável que seja, distancia.
Narrativa épica com final apressado
O filme começa com força, estabelecendo bem seus personagens e seu mundo. Mas à medida que se aproxima da cronologia de “O Rei Leão”, perde parte do frescor. O terceiro ato é apressado, resolve conflitos rapidamente e entrega um desfecho pragmático, que contrasta com a riqueza espiritual do começo.
A promessa de revelar os bastidores da mitologia das Terras do Reino é apenas parcialmente cumprida. Kiros, o leão branco antagonista, cumpre sua função narrativa, mas carece da imponência icônica de vilões como Scar ou Zira. Seu arco é funcional, mas não inesquecível.
Conclusão
“Mufasa: O Rei Leão” é uma adição ambiciosa ao legado da franquia. Ao invés de reciclar tramas já conhecidas, aposta em uma história inédita, centrada em um dos personagens mais reverenciados da Disney. Barry Jenkins injeta sensibilidade e profundidade no projeto, mesmo que esbarre nas limitações do realismo digital e em escolhas narrativas convencionais.
É um filme que emociona — principalmente os que cresceram com o clássico de 1994 — e apresenta Mufasa não como um herói inalcançável, mas como alguém que conquistou a nobreza com ações, não por nascimento. Apesar dos tropeços, “Mufasa” é o live-action mais relevante da Disney em anos, e prova que, quando há algo novo a dizer, até os reinos mais revisitados ainda podem surpreender.
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Onde assistir ao filme Mufasa: O Rei Leão?
O filme está disponível para assistir no Disney+.
Trailer de Mufasa: O Rei Leão (2024)
Elenco de Mufasa: O Rei Leão, do Disney+
- Aaron Pierre
- Kelvin Harrison Jr.
- Tiffany Boone
- Kagiso Lediga
- Preston Nyman
- Blue Ivy Carter
- John Kani
- Mads Mikkelsen
- Seth Rogen
Ficha técnica do filme Mufasa: O Rei Leão
- Título original: Mufasa: The Lion King
- Direção: Barry Jenkins
- Roteiro: Jeff Nathanson
- Gênero: animação, aventura, drama
- País: Estados Unidos, Canadá
- Duração: 125 minutos
- Classificação: 10 anos