‘Nível Secreto’ tem beleza visual, mas deixa a narrativa em segundo plano
Taynna Gripp18/12/20243 Mins de Leitura10 Visualizações
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“Nível Secreto” (Secret Level), a nova série de antologia da Prime Video, chega ao seu final com os 15 episódios. A produção prometia muito uma experiência imersiva e criativa ao explorar universos de jogos de vídeogame. Com comparações iniciais a produções como “Love, Death & Robots” e “Black Mirror”, o entusiasmo era compreensível.
No entanto, o que chegou ao público foi um misto de altos e baixos, que frequentemente soava mais como propaganda de jogos do que como uma verdadeira série de curta-metragens com histórias consistentes. Vamos analisar o que funcionou, o que decepcionou e se “Nível Secreto” merece o tempo de sua audiência.
Sinopse da parte 2, final da série Nível Secreto (2024)
“Nível Secreto” é composta por 15 episódios, cada um inspirado por jogos famosos ou universos criados por grandes empresas da indústria dos games. Entre os destaques estão episódios baseados em títulos como “The Outer Worlds”, “Mega Man” e “Concord”. Por outro lado, algumas histórias, como “Spelunky: Contagem” e “Hora do Jogo: Satisfação”, acabam se destacando negativamente ao priorizar o apelo comercial sobre a narrativa.
Crítica da 2ª parte, final de Nível Secreto, do Prime Video
Apesar de uma produção visualmente impressionante, “Nível Secreto” frequentemente carece de substância. O problema central da série reside em sua dificuldade de balancear narrativa e propaganda. Os episódios parecem mais um trailer expandido para jogos do que histórias autônomas que se sustentam. Isso é especialmente frustrante para espectadores que esperavam algo mais profundo, como “Love, Death & Robots”.
O episódio “The Outer Worlds: A Empresa que Mantemos” é um exemplo emblemático desse problema. Embora o tema de ambição descontrolada seja interessante, a resolução rasa e a falta de empatia com os personagens principais enfraquecem a experiência. Da mesma forma, “Mega Man: Iniciar” acerta no visual e na nostalgia, mas não oferece tempo suficiente para explorar o potencial de sua trama.
Por outro lado, “Concord: O Conto da Implacável” é um dos poucos episódios que realmente capturam a essência do que poderia ser uma boa série de antologia. Com um tom mais reflexivo e um final ambíguo, ele destaca a luta contra monopólios e o sacrifício por um bem maior.
Entretanto, mesmo esse episódio não consegue escapar do peso de ser associado a um jogo fracassado comercialmente, o que pode alienar o público que não está familiarizado com o universo original.
Infelizmente, o ponto mais baixo é atingido em “Hora do Jogo: Satisfação”, que praticamente abandona qualquer pretexto de narrativa para entregar um comercial mal disfarçado. A inclusão de celebridades como Kevin Hart apenas intensifica a sensação de oportunismo corporativo, em vez de agregar algo à trama.
Ao seu final, temos a sensação de que “Nível Secreto” tinha potencial para ser uma celebração da criatividade nos games, mas não consegue estabelecer identidade própria ou consistência narrativa. Os episódios funcionam melhor como teasers de jogos do que como histórias independentes, o que é uma grande decepção considerando as expectativas geradas.
Para quem busca uma boa antologia, é melhor recorrer a produções como “Arcane” ou “Star Wars: Visions”. Ainda assim, “Concord: O Conto da Implacável” e “Honor of Kings: O Percurso do Todo” mostram que há talento desperdiçado na série. Resta torcer para que uma eventual segunda temporada saiba explorar melhor esse potencial.
Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.