O cliffhanger é a ferramenta narrativa que garante que milhões de espectadores não consigam desgrudar os olhos da tela ou largar o livro. Esse dispositivo criativo trabalha incansavelmente para transformar um espectador casual em um fã dedicado, impulsionando a lealdade à obra. O desejo ardente de saber “o que acontece depois” é o motor que movimenta a indústria do entretenimento, seja no cinema, na TV ou na literatura.
Este recurso é uma das ferramentas literárias mais eficazes para estabelecer uma audiência fiel. Colocados estrategicamente no final de uma cena, capítulo ou episódio, esses momentos de alta tensão mantêm o público grudado na ação. Para os criadores, dominar a arte do cliffhanger é um caminho para sair do anonimato e alcançar a fama.
O que exatamente faz um cliffhanger ser tão viciante?
A busca por uma audiência fiel é uma das metas mais importantes para qualquer criador de conteúdo. O cliffhanger aciona nossas emoções, mantendo-nos fixados na ação e nos dilemas dos personagens. O público passa a aguardar a solução do suspense com uma ansiedade palpável, garantindo o retorno na próxima exibição.
Em termos psicológicos, esse recurso se apoia no chamado Efeito Zeigarnik, que estabelece que as pessoas lembram melhor de tarefas que ficaram incompletas ou foram interrompidas do que daquelas que foram finalizadas. Essa interrupção em um ponto crucial mantém a situação claramente na memória do espectador, sustentando o interesse mesmo após um longo intervalo.
Siga o Flixlândia no WhatsApp e fique por dentro das novidades de filmes, séries e streamings
Cliffhanger: o que significa?
Afinal, o que é um cliffhanger? Em essência, é um recurso de roteiro cuidadosamente construído que interrompe uma cena, episódio, capítulo ou filme, deixando a audiência com mais dúvidas do que certezas. O objetivo é criar uma sensação intensa de suspense, ansiedade ou drama, obrigando o público a buscar a continuidade da história.
A técnica consiste em deixar o componente de uma história sem resolução, geralmente de forma chocante, para fazer com que os leitores virem a página ou os espectadores voltem para a próxima parte. Quanto mais abrupta ou chocante for a reviravolta da trama, mais fascinante a história se torna.
Qual a origem do termo “cliffhanger”?
A ideia de terminar uma história em suspense é antiga, remontando a As Mil e Uma Noites. Nela, Sherazade contava histórias com cliffhangers para adiar sua execução pelo rei Shahryar, forçando-o a querer ouvir o restante.
A expressão, traduzida literalmente como “pendurado no penhasco”, tem suas raízes no início do século XX e foi dicionarizada em 1937. O termo ganhou popularidade com o romance em série A Pair of Blue Eyes (1873), de Thomas Hardy.
Em uma das publicações mensais, o protagonista, Henry Knight, terminou o capítulo pendurado em uma encosta, encarando um trilobita fossilizado, solidificando o uso literal do termo. Mais tarde, nos seriados do cinema mudo, como The Perils of Pauline, a heroína frequentemente terminava o episódio, literalmente, à beira de um penhasco, com a frase “To be continued”.

- ‘O Cuco de Cristal’: confira o final explicado da série da Netflix
- ‘Caso Eloá: Refém ao Vivo’ – conheça a história real do crime que virou documentário na Netflix
- ‘Truque de Mestre 3’ chega ao cinema: onde assistir online ao segundo filme?
Como usar o cliffhanger para prender o leitor ou espectador?
Saber como e quando utilizar um cliffhanger é uma habilidade valiosa para qualquer criador. A estratégia pode variar, desde uma reviravolta chocante até um personagem em perigo iminente. O importante é criar um corte agudo na narrativa em um momento emocionante.
Uma tática eficaz é deixar o personagem principal em uma situação precária ou ambígua. Pense em Luke Skywalker, Jean-Luc Picard ou Neo, cujos destinos incertos forçam o público a querer saber o que virá a seguir.
Outra maneira de aumentar a tensão rapidamente é deixar o relógio contando — uma contagem regressiva, como visto em 24 Horas ou O Código Da Vinci, é um modelo excelente. A série 24 Horas demonstrou que o uso contínuo do recurso, onde cada episódio terminava com um cliffhanger, funcionava perfeitamente.
O perigo não precisa ser físico. É possível desafiar a realidade, usando truques psicológicos que redefinem o que é real, como nos filmes A Origem (Inception) ou A Paciente Silenciosa. No final de A Origem, por exemplo, o criador Christopher Nolan deixa o pião de Dom Cobb girando, e nunca é revelado se ele acorda ou se continua sonhando.
A morte inesperada de um personagem importante também pode chacoalhar os fãs e garantir a atenção para o futuro da trama. Essa técnica lendária foi usada em Game of Thrones, com o assassinato de Jon Snow, e em Harry Potter e o Enigma do Príncipe, com a perda do diretor de Hogwarts.

Quer saber mais sobre filmes, séries e streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo Instagram, X, TikTok e YouTube, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.
Exemplos famosos de cliffhanger no cinema e TV
A técnica do cliffhanger funciona igualmente bem para gerar uma base de fãs leal tanto em filmes quanto em séries de TV.
Um dos exemplos mais icônicos da TV, que estabeleceu o padrão da palavra cliffhanger, veio da série Dallas. O final da terceira temporada deixou o mundo se perguntando: “Quem atirou em J.R. Ewing?”, prendendo os fãs por meses, garantindo o retorno da audiência. Telenovelas brasileiras também exploraram esse recurso com sucesso, como na famosa pergunta “Quem matou Odete Roitman?” em Vale Tudo.

No universo Star Wars, a revelação chocante em O Império Contra-Ataca (1980) marcou a história do cinema. A frase “Não, eu sou seu pai” é um twist psicológico que transformou a segunda parte da saga, deixando o público sedento por mais.
Nos livros, George R. R. Martin, autor de As Crônicas de Gelo e Fogo (Game of Thrones), é um mestre em usar o gancho ao final dos capítulos. Ao estruturar os arcos dos personagens de modo que a resolução de um suspense seja adiada por vários capítulos, ele mantém o leitor virando páginas, ansioso pela conclusão.
Em O Senhor dos Anéis, o mago Gandalf fica literalmente pendurado, agarrado à beira da condenação nas minas de Moria. A incerteza sobre seu destino impacta a missão da irmandade e só é resolvida mais tarde na série.

No entanto, é crucial que a revelação final supra a expectativa criada. O perigo de um cliffhanger mal executado é a decepção, onde a ansiedade gerada não é recompensada por um desfecho grandioso, levando o público à frustração. O impacto emocional duradouro e a capacidade de gerar discussões fervorosas fazem do cliffhanger uma estratégia poderosa, mas que exige inteligência e dosagem para manter a qualidade da obra.














