Crítica da série O Refúgio Atômico, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘O Refúgio Atômico’, o oásis de luxo que se dissolve em clichês

Série espanhola é dos mesmos criadores de 'La Casa de Papel'

Foto: Divulgação / Netflix
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A primeira temporada de “O Refúgio Atómico” (El Refugio Atómico), a mais recente aposta espanhola da Netflix, chega com a pesada herança de ser a nova criação de Álex Pina e Esther Martínez Lobato, a dupla por trás do fenómeno global “La Casa de Papel”.

Esta expectativa elevada, alimentada pelo histórico de sucesso e ousadia da dupla, acaba por ser o maior inimigo da série. Vendida como um ambicioso híbrido de drama distópico e pós-apocalíptico, a série é, na realidade, um complexo e confuso caldeirão de gêneros que promete muito, mas se perde na tentativa de ser tudo ao mesmo tempo.

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Sinopse

A narrativa começa de forma inesperada, seguindo Max Varela, um jovem de família abastada, cuja vida desmorona após um acidente de carro que mata a sua namorada, Ane. Depois de passar três anos numa prisão, onde se transforma de um “mauricinho” em alguém endurecido, Max é libertado e levado pelo seu pai para o Kimera Underground Park, um luxuoso bunker construído 275 metros abaixo da superfície para abrigar milionários de uma iminente guerra nuclear.

Nesse refúgio, Max reencontra a família de Ane, dando início a uma complexa teia de relações, segredos, traumas e mentiras que ligam as duas famílias. O bunker, longe de ser um paraíso seguro, transforma-se num palco de intensos conflitos de classes e dramas pessoais.

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Crítica

Um dos problemas mais evidentes de “O Refúgio Atómico” é a sua luta para encontrar uma identidade própria. A série parece querer emular o sucesso de outras produções, mas sem o talento ou a coragem necessários para se destacar. Tenta a adrenalina frenética de “Sky Rojo”, o drama carcerário de “Vis a Vis” e a crítica social de “Silo”, mas nunca chega a ser tão boa em nenhum desses aspetos.

Frequentemente, a série se contenta em repetir fórmulas já conhecidas, preferindo o caminho mais seguro em vez de arriscar, algo que contrasta com o legado de “La Casa de Papel”, que se tornou um sucesso justamente por sua audácia. O resultado é uma narrativa que se desfaz e não consegue sustentar a tensão inicial criada no primeiro episódio, que é, por sinal, o melhor da temporada.

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Cena da série O Refúgio Atômico, da Netflix (2025) - Flixlândia (1)
Foto: Divulgação / Netflix

O vazio por trás do espetáculo

Tecnicamente, a série é impecável. O trabalho de ambientação, especialmente no interior do bunker, é de alta qualidade, criando uma atmosfera visualmente grandiosa. No entanto, o espetáculo técnico esconde um vazio narrativo e de personagens.

A série peca por apostar numa acumulação incessante de conflitos e reviravoltas, tornando-se uma espécie de “telenovela de luxo” onde os diálogos soam artificiais e a sobrecarga dramática se torna monótona.

Os personagens, em sua maioria, são unilaterais e antipáticos, tornando difícil que o espectador se importe com o que lhes acontece. Mesmo com a presença de atores talentosos como Joaquín Furriel e Natalia Verbeke, a escrita falha em lhes dar a profundidade necessária, desperdiçando o potencial do elenco.

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Potencial desperdiçado

“O Refúgio Atómico” é a epítome de uma oportunidade perdida. Começa com uma premissa intrigante, um cenário claustrofóbico e a promessa de um suspense crescente, mas rapidamente cai numa espiral de clichês e melodrama. Os momentos de sucesso são isolados, como algumas cenas pontuais de tensão ou um último episódio que recupera um pouco do fôlego inicial.

No entanto, esses lampejos de brilho não são suficientes para salvar o conjunto. A série opta pelo caminho fácil, evitando a complexidade e a coragem que seriam necessárias para explorar o seu universo de forma mais aprofundada. O resultado é uma experiência que, embora não seja de todo ruim, deixa uma amarga sensação de que poderia ter sido muito mais.

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Conclusão

No fim das contas, “O Refúgio Atómico” é uma série ambiciosa que tropeça na sua própria grandiloquência. A insistência em misturar géneros e a aposta em reviravoltas constantes, sem uma base sólida de personagens e diálogos, transformam o que poderia ser uma obra-prima num entretenimento passageiro.

É uma série que quer ser épica, mas acaba apenas por ser um drama familiar exagerado, numa tentativa falhada de replicar o sucesso do passado. Fica a dúvida se uma segunda temporada, que é necessária para dar um ponto final à história, conseguirá resgatar o que foi perdido.

Onde assistir à série O Refúgio Atômico?

O filme está disponível para assistir na Netflix.

Veja o trailer de O Refúgio Atômico (2025)

YouTube player

Quem está no elenco de O Refúgio Atômico, da Netflix?

  • Miren Ibarguren
  • Joaquín Furriel
  • Natalia Verbeke
  • Carlos Santos
  • Montse Guallar
  • Pau Simón
  • Alícia Falcó
  • Agustina Bisio
  • Álex Villazán
  • Alicia Fernández
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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