“Olympo” (2025) chegou à Netflix nesta sexta-feira (20) com a ambição de repetir o fenômeno causado por “Elite”, série da mesma produtora, a espanhola Zeta Studios. Ambientada em um centro de alto rendimento nos Pirineus, a série mistura esporte, desejo, competição e escândalos em um ambiente onde a pressão é tão constante quanto o treinamento físico dos atletas.
Criada por Jan Matheu, Laia Foguet e Ibai Abad, a série tenta capturar a energia de jovens em busca da glória olímpica, mas, ao longo de seus oito episódios, deixa a sensação de que nem todo esse esforço resultou em algo digno do pódio. Mesmo com um elenco atraente, trilha vibrante e temas atuais, o roteiro parece nadar em círculos — como a própria protagonista na piscina.
Sinopse da série Olympo
No Centro de Alto Rendimento Pirineos, jovens atletas de diversas modalidades buscam um objetivo comum: alcançar a excelência e garantir o cobiçado patrocínio da misteriosa corporação Olympo, símbolo de sucesso esportivo e acesso aos Jogos Olímpicos. Entre eles está Amaia (Clara Galle), capitã da seleção nacional de nado sincronizado, cuja obsessão pela perfeição é colocada à prova quando sua melhor amiga, Núria (María Romanillos), começa a superá-la.
Ao lado de personagens como Zoe (Nira Osahia), corredora marcada por um passado traumático, e Roque (Agustín Della Corte), capitão do time de rúgbi e um dos poucos personagens realmente cativantes, a série desenrola uma trama onde doping, rivalidades, conflitos de identidade e escândalos sexuais surgem como obstáculos tão grandes quanto os desafios físicos.

Crítica de Olympo (2025)
“Olympo” acerta ao escolher o universo esportivo como cenário para tensões adolescentes. A premissa tem força: jovens talentosos, sob intensa pressão, tentam equilibrar ambição, ética e desejo em um ambiente onde qualquer falha custa caro. No entanto, a execução se perde em personagens unidimensionais e uma trama que tenta abraçar muitos temas, mas desenvolve poucos com profundidade.
O ritmo dos episódios é acelerado demais, o que prejudica a construção narrativa. Em vez de deixar o espectador mergulhar no mundo dos personagens, a série prefere empilhar conflitos e reviravoltas de forma quase automática. O resultado? Uma maratona cansativa, que tenta ser intensa, mas se revela repetitiva.
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Roque salva o time
O grande destaque da série é, sem dúvida, Roque, vivido com carisma e sensibilidade por Agustín Della Corte. Atleta gay em um ambiente muitas vezes hostil, Roque é o personagem mais humano e empático do elenco. Sua trajetória, marcada por discriminação, desejo e autoafirmação, oferece os momentos mais sinceros e potentes da série. A relação ambígua com Cristian (Nuno Gallego), embora mal resolvida, acrescenta camadas ao roteiro.
Enquanto isso, Amaia, a protagonista, sofre com uma construção frágil. A personagem é apresentada como determinada e obcecada, mas acaba se tornando pouco carismática, o que afasta o público. Sua relação com a melhor amiga Núria e com o namorado Cristian não convence e reforça a sensação de que, apesar de seu protagonismo, falta à personagem alma e vulnerabilidade.
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Muito corpo, pouca alma
Não há como ignorar a estética de “Olympo”. A fotografia é deslumbrante, as sequências esportivas são bem coreografadas e os corpos dos atores são explorados ao máximo — às vezes, até demais. As cenas de sexo abundam, mas nem sempre têm função dramática. Em alguns momentos, servem mais como distração do que como parte da narrativa, dando a impressão de que a série aposta mais no apelo físico do elenco do que em conteúdo.
A tentativa de misturar mistério com crítica social — incluindo doping, homofobia e pressão psicológica — se dilui em meio a diálogos rasos e personagens genéricos. O potencial da série é visível, mas o texto parece preocupado em manter o ritmo frenético e o clima sexy, sacrificando assim nuances e realismo.
Sem fôlego até para o final
Os episódios finais sofrem com um problema comum em dramas adolescentes: a vontade de impactar o espectador a qualquer custo. O desfecho tenta ser grandioso, mas chega com pouco fôlego após episódios repetitivos e repletos de “falsos clímax”. A trama envolvendo a empresa Olympo, que poderia oferecer uma crítica interessante ao universo esportivo e à exploração do corpo dos atletas, é tratada com superficialidade e termina sem grandes revelações.
Ainda assim, há quem vá encontrar prazer em assistir à série como um passatempo leve. Os visuais, a energia jovem e a trilha sonora pulsante tornam “Olympo” um entretenimento eficaz — desde que o espectador não exija profundidade ou originalidade.
Vale a pena ver Olympo na Netflix?
“Olympo” é uma série que quer ser muitas coisas ao mesmo tempo: drama esportivo, thriller, romance adolescente e crítica social. No entanto, ao tentar abraçar tantos gêneros, acaba não fazendo nenhum com excelência. Com personagens pouco empáticos, trama inflada e foco excessivo na estética, a série se apoia mais na forma do que no conteúdo.
Apesar disso, o desempenho de Agustín Della Corte como Roque e algumas boas sequências visuais conseguem salvar a experiência do completo fracasso. Para quem gostou de “Elite” e não se importa com tramas rasas e corpos perfeitos em tela, pode valer como passatempo. Mas quem busca uma série que realmente mergulhe nos dilemas do esporte de alto rendimento e na complexidade dos jovens atletas, talvez deva procurar em outro lugar.
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Onde assistir à série Olympo?
A novela está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Olympo (2025)
Elenco de Olympo, da Netflix
- Clara Galle
- Nira Osahia
- Agustín Della Corte
- Nuno Gallego
- María Romanillos
- Nicolás Furtado
- Melina Matthews
- Jesús Rubios