Crítica da série 'Os Assassinatos da Mandala', da Netflix (2025) - Flixlândia (1)

Netflix acerta no clima, mas erra o alvo com ‘Os Assassinatos da Mandala’

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A Netflix, sempre ávida por produções que cativem seu público global, aposta alto com o lançamento de “Os Assassinatos da Mandala” (Mandala Murders). A série indiana promete mergulhar os espectadores em um universo de mistério, rituais sombrios e reviravoltas, tudo isso ambientado na fictícia e enigmática cidade de Charandaspur.

Com a promessa de uma estética visual única e uma fusão de suspense psicológico com misticismo, a expectativa é de uma experiência envolvente e desafiadora. No entanto, a execução dessa ambiciosa premissa revela-se um emaranhado de ideias que, por vezes, se perdem em sua própria complexidade, deixando o espectador mais confuso do que intrigado.

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Sinopse

“Os Assassinatos da Mandala” nos transporta para Charandaspur, uma cidade onde mito, assassinato e destino se entrelaçam. A trama se inicia de forma chocante em 1952, com a descoberta de um corpo desfigurado e o surgimento de um culto liderado por Rukmini (Shriya Pilgaonkar), que experimenta com forças místicas antes de ser aparentemente desmantelado pelos moradores.

A narrativa então salta para 2025, quando o detetive Vikram Singh (Vaibhav Raj Gupta), afastado da polícia de Delhi, retorna à sua cidade natal, carregando um passado sombrio. Sua chegada coincide com uma série de assassinatos ritualísticos grotescos, marcados por uma mandala na testa das vítimas e a remoção de partes do corpo.

Vikram rapidamente se vê imerso na investigação, que o conecta não apenas ao seu próprio passado traumático, mas também a uma sociedade secreta centenária. A ele se junta a oficial do CIB, Rea Thomas (Vaani Kapoor), uma detetive determinada a encontrar redenção em sua carreira.

Juntos, eles precisam desvendar um labirinto de pistas que envolvem mitologia antiga, simbolismo religioso e profecias sinistras, onde os limites entre vítimas, sobreviventes e conspiradores se tornam cada vez mais tênues. A cada episódio, novos elementos do culto de 1952 são revelados, mostrando sua persistência e influência ao longo das décadas, e a forma como os desejos concedidos por um misterioso “vardaan” se manifestam em mortes brutais.

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Crítica

“Os Assassinatos da Mandala” se esforça para chocar desde o primeiro minuto. A imagem de um corpo flutuando no rio, com membros costurados ao rosto e torso ausente, é visceral e estabelece um tom macabro. A introdução de 1952, com o culto de Rukmini e sua máquina temporal, cria uma base intrigante para o mistério. No entanto, o que se segue é uma sequência de episódios que, inicialmente, beiram a incompreensão.

A série assume que o público se importará com personagens e tramas paralelas que não são devidamente estabelecidas, resultando em uma névoa narrativa que dificulta a imersão. É preciso paciência, pois a trama só começa a se encaixar de forma mais clara por volta do quarto episódio, o que pode testar a paciência de muitos.

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Misticismo indiano e horrores visuais: um diferencial com duas facetas

Um dos grandes atrativos de “Os Assassinatos da Mandala” é sua origem indiana, que permite explorar uma estética visual e referências culturais raramente vistas em produções ocidentais. O mistério espiritual e o simbolismo religioso adicionam camadas de significado à narrativa, tornando a experiência única. As cenas de horror, embora gráficas e por vezes assustadoras – especialmente quando a série flerta com o sobrenatural –, servem a um propósito narrativo, não sendo apenas elementos chocantes.

A ideia de um “vardaan” (bênção) que exige um sacrifício (a remoção do polegar) e resulta em assassinatos brutais é perturbadora e criativa. No entanto, essa mistura de gêneros – do sobrenatural ao thriller policial, passando pelo drama político – acaba gerando uma confusão tonal que pode desorientar o espectador, tornando a resolução, no final, um tanto forçada e diluída.

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Cena da série 'Os Assassinatos da Mandala', da Netflix (2025) - Flixlândia
Cena da série ‘Os Assassinatos da Mandala’ (Foto: Netflix / Divulgação)

Personagens e atuações: desperdício de potencial

Apesar de ter um elenco promissor, “Os Assassinatos da Mandala” falha em desenvolver seus personagens de forma satisfatória. Rea Thomas, interpretada por Vaani Kapoor em sua estreia em webséries, é uma oficial forte, mas sua trajetória é previsível, limitando seu impacto como protagonista. Ela parece mais uma heroína de ação em busca de sua própria franquia, do que uma investigadora complexa em um thriller místico.

Vikram Singh, vivido por Vaibhav Raj Gupta, consegue se desvencilhar de sua imagem anterior e se aprofundar no papel do policial atormentado. Embora sua atuação seja a mais impressionante do elenco principal, o personagem também se torna uma vítima da trama, preso a um molde que ele não consegue preencher completamente.

Surveen Chawla, como a política Ananya Bharadwaj, entrega uma performance magnética, mas sua personagem cai em um estereótipo de “femme fatale” já explorado por ela, sem grandes surpresas.

Shriya Pilgaonkar, em sua participação estendida, brilha como Rukmini, a líder do culto de 1952, transmitindo a convicção de uma mulher que acredita no poder mitológico, mas seu tempo de tela é limitado. A limitação dos arcos dos personagens restringe as oportunidades de atuação, tornando o elenco subaproveitado.

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Buracos na trama e a lógica do caos

A série, com sua ambição de criar uma narrativa densa e interconectada, apresenta diversos “buracos” que se tornam mais evidentes à medida que a história avança. Muitos elementos sobrenaturais desafiam a lógica, levando o espectador a questionar a racionalidade de certos eventos. A persistência do culto e a falha constante dos oficiais em conter os assassinatos, até o clímax final, esticam a credibilidade.

A dificuldade em compreender a conexão entre as vítimas e a motivação por trás dos assassinatos, mesmo após diversas exposições e flashbacks, revela uma falha fundamental na construção do roteiro. É como se os criadores tivessem uma vasta tapeçaria de ideias, mas tivessem dificuldade em costurá-las em um padrão coerente e compreensível, resultando em um emaranhado confuso de fantasmas, gângsteres, padres sombrios e misticismo.

Conclusão

“Os Assassinatos da Mandala” é uma série que se equilibra entre a audácia e o tropeço. Sua proposta de mesclar horror, história e misticismo com um toque indiano é louvável, e a atmosfera criada é inegavelmente envolvente. As atuações de Vaibhav Raj Gupta e Surveen Chawla são pontos altos, e a direção de Gopi Puthran e Manan Rawat consegue manter a tela visualmente interessante.

No entanto, a confusão de gêneros, os buracos na trama, o ritmo gradual que por vezes beira a lentidão e o desenvolvimento limitado dos personagens principais comprometem a experiência. A série se esforça para ser um quebra-cabeça complexo, mas muitas peças não se encaixam, ou o fazem de forma tão tardia que a satisfação da resolução é substituída por um suspiro de “finalmente”.

É uma produção ambiciosa que, apesar de seus lampejos de brilho, acaba se perdendo na névoa de sua própria intriga, deixando o espectador com mais perguntas do que respostas satisfatórias.

Assista ao trailer de Os Assassinatos da Mandala (2025)

YouTube player

Elenco da série Os Assassinatos da Mandala, da Netflix

  • Vaani Kapoor
  • Vaibhav Raj Gupta
  • Surveen Chawla
  • Shriya Pilgaonkar
  • Jameel Khan
  • Raghubir Yadav
  • Manu Rishi Chadha
  • Piloo Vidyarthi
  • Monica Chaudhary
  • Siddhanth Kapoor
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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