Em um cenário onde sequências animadas muitas vezes parecem uma tentativa de capitalizar sobre o sucesso do original sem grande ambição, “Os Caras Malvados 2” surge como uma grata surpresa.
A nova produção da DreamWorks, que continua a história do quinteto de criminosos reformados, não se limita a repetir a fórmula do primeiro filme. Pelo contrário, ela se arrisca em novas direções, tanto narrativas quanto estéticas, entregando uma obra que é mais afiada, engraçada e visualmente dinâmica.
A DreamWorks reafirma sua posição como uma alternativa criativa à lógica hegemônica da Disney, usando o humor e a ação para explorar temas complexos com uma leveza admirável.
Sinopse
O filme retoma a vida de Sr. Lobo, Sr. Cobra, Sr. Tubarão, Sr. Piranha e Sra. Tarântula cinco anos após decidirem se tornar mocinhos. Lutando para se reintegrarem na sociedade e lidando com o estigma de seu passado, a gangue se vê em uma situação delicada.
Uma série de roubos misteriosos, cometidos por uma nova e talentosa equipe de criminosas, leva a opinião pública a acreditar que os Caras Malvados voltaram à ativa. Para provar sua inocência e proteger suas novas identidades, eles se unem à chefe de polícia.
Essa busca os coloca em uma teia de chantagem e conspiração, forçando-os a realizar “um último trabalho” que pode colocar em risco tudo o que conquistaram. A trama se desenrola em uma aventura cheia de reviravoltas, explorando as dificuldades da reinserção social e a busca por uma segunda chance.
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Crítica
“Os Caras Malvados 2” eleva o nível da franquia ao abraçar com mais ousadia a sua própria identidade. O filme se beneficia de um roteiro mais maduro, que não teme abordar questões sérias, e de uma direção que ousa em sua estética, resultando em uma experiência completa para o público. A narrativa não apenas continua a história, mas a aprofunda, utilizando a ação e a comédia como ponte para temas substanciais.

Onde o estilo encontra a substância
Se o primeiro filme de 2022 já se destacava por sua premissa de ladrões carismáticos no estilo Ocean’s Eleven misturado com a anarquia dos Looney Tunes, a sequência mergulha de cabeça nessa proposta. O grande salto de qualidade está na direção visual.
O filme adota uma estética híbrida, misturando o 3D tradicional com texturas de desenho 2D e outros efeitos visuais que remetem a páginas de quadrinhos e animes como Lupin III. Essa escolha não é apenas um truque visual, mas uma forma de intensificar a energia e a criatividade das cenas de ação, tornando-as um verdadeiro espetáculo.
As cenas de perseguição e o clímax em um ambiente de gravidade zero, por exemplo, são visualmente deslumbrantes e beiram o psicodélico, mostrando como a animação pode fugir do convencional 3D que dominou a indústria por anos.
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Reinserção social e redenção
O filme vai além da diversão, utilizando sua trama para discutir a dificuldade de reinserção de ex-criminosos na sociedade. O roteiro explora o dilema dos protagonistas, que, apesar de estarem tentando seguir o caminho certo, são constantemente julgados por seu passado.
A pergunta “criminosos podem mudar?” é respondida de forma matizada: a verdadeira redenção não depende apenas da vontade individual, mas também da disposição coletiva em perdoar e acolher. Embora o filme ofereça respostas talvez simplistas, ele tem o mérito de levantar essa discussão com leveza e empatia, convidando o público, de todas as idades, a refletir sobre preconceito e segundas chances.
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Humor afiado e referências
O humor na sequência é perceptivelmente mais afiado e menos infantilizado do que no primeiro filme. Embora ainda haja espaço para piadas mais diretas, como a de flatulência que conseguiu arrancar risos até dos adultos, a comédia se mostra mais sutil e referencial. Há gags visuais e diálogos que farão os pais sorrirem, com menções que vão de O Silêncio dos Inocentes a Esquadrão Classe A, além de uma paródia óbvia de SpaceX.
Essa mistura de referências, embora um pouco caótica, demonstra uma confiança em seu público e uma vontade de oferecer algo para todos. A volta do Professor Marmelada, agora com um físico robusto e novas tatuagens, também adiciona uma camada de ameaça e humor à narrativa.
Conclusão
“Os Caras Malvados 2” é uma sequência que honra e aprimora o material de origem, superando o filme original em quase todos os aspectos. Ele entrega uma animação que é ao mesmo tempo vibrante, inteligente e emocionante. A ousadia estética, a abordagem de temas sociais complexos e o humor mais maduro fazem dele um dos pontos altos da animação contemporânea.
Longe de ser apenas mais um filme infantil, a obra se consolida como um entretenimento genuíno para todas as idades, provando que a DreamWorks Animation, mais uma vez, acerta em sua fórmula de desafiar convenções e criar algo verdadeiramente original.
A cena pós-créditos, que inclui uma mensagem explícita contra o uso de seu conteúdo para treinamento de IA, reforça ainda mais a identidade criativa e a visão da produtora em defesa da arte humana. O filme não apenas diverte, mas também convida o público a pensar, rir e, quem sabe, torcer por uma nova aventura.
Onde assistir ao filme Os Caras Malvados 2?
O filme estreia na próxima quinta-feira, 14 de junho de 2025, nos cinemas brasileiros.
Assista ao trailer de Os Caras Malvados 2 (2025)
Elenco do filme Os Caras Malvados 2
- Sam Rockwell
- Marc Maron
- Awkwafina
- Craig Robinson
- Anthony Ramos
- Zazie Beetz
- Danielle Brooks
- Natasha Lyonne
- Maria Bakalova
- Alex Borstein