'Perdida no Deserto' é uma grata surpresa árabe

“Perdida no Deserto” (Naga), o primeiro longa-metragem de Meshal Aljaser, desafia as expectativas ao oferecer uma narrativa caótica, envolvente e cheia de reviravoltas, proporcionando uma experiência cinematográfica que mistura tradições sauditas com uma abordagem estilizada e influências de Hollywood.

Sinopse do filme Perdida no Deserto

O filme se inicia com uma sequência de 1970 aparentemente desconexa, mas que estabelece um tom de violência e caos. No presente, somos apresentados a Sarah, interpretada por Adwa Bader, uma jovem rebelde que busca escapar das regras opressivas de seu pai conservador. O plano de Sarah para uma noite secreta de festa no deserto com seu namorado Saad rapidamente se desintegra, levando-os a enfrentar uma série de eventos inesperados, desde um encontro com uma camelo enfurecida até uma invasão policial.

Perdida no Deserto é bom?

A trama, repleta de reviravoltas e situações extremas, é habilmente conduzida pelo diretor Meshal Aljaser. O filme mescla elementos de thriller, comédia e sátira social, proporcionando uma experiência imprevisível. A protagonista guia o público através de uma jornada frenética, enfrentando não apenas os perigos tangíveis do deserto, mas também confrontando as normas sociais restritivas de sua cultura.

A fotografia de Ibraheem Alshangeeti e a trilha sonora ousada de Omar Fadel contribuem para a atmosfera caótica do filme. O uso de técnicas visuais distintas, como ângulos extremos e edições quase estroboscópicas, embora às vezes desconcertantes, adiciona uma camada de frenesi à narrativa. Essa abordagem, inspirada em obras como “Corra Lola, Corra” (1998) e influenciada pelo cinema ocidental, pode parecer excessiva, mas contribui para a singularidade e intensidade do filme.

Adwa Bader entrega uma performance cativante como Sarah, infundindo a personagem com uma mistura convincente de rebeldia e vulnerabilidade. A personagem, enquanto desafia as convenções sociais, mantém uma resiliência que torna impossível não torcer por ela.

Conclusão

“Perdida no Deserto” conta uma história distintamente saudita de maneira estilizada, lembrando o cinema hollywoodiano. Meshal Aljaser, em seu primeiro longa-metragem, demonstra ousadia ao desafiar convenções e criar uma obra que mistura gêneros e influências cinematográficas. Embora algumas escolhas estilísticas possam parecer excessivas, o roteiro envolvente e a performance magnética de Adwa Bader garantem que o filme seja uma experiência memorável.

Em suma, “Perdida no Deserto” não apenas oferece uma visão única da sociedade saudita, mas também estabelece Aljaser e Bader como talentos promissores a serem observados no cenário cinematográfico.