crítica da série brasileira Reencarne, do Globoplay (2025) (1)

[CRÍTICA] Potencial exorcizado: entenda por que ‘Reencarne’ é uma decepção

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O terror e o misticismo no Brasil são nichos férteis, cheios de lendas e narrativas profundas. Quando o Globoplay anunciou “Reencarne”, mesclando investigação policial com um tema tão instigante quanto a preservação da memória e do espírito em corpos alheios, a expectativa foi às alturas. Tínhamos um elenco de peso, uma premissa ousada e a chance de ver o gênero nacional alçar novos voos.

Infelizmente, a realidade da série foi uma aterrissagem forçada. “Reencarne” se apresenta como o exemplo clássico de uma ideia brilhante que se perdeu por completo na execução, resultando em uma experiência frustrante que só não foi uma perda total de tempo graças à entrega excepcional de alguns nomes no elenco.

A série tinha a faca e o queijo na mão para ser um “estrondo de maravilhosa”, mas o que sobrou foi um punhado de pontas soltas, falta de ritmo e a sensação de que o autor, lá pela metade, “ficou com preguiça”.

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Sinopse

“Reencarne” nos transporta para o interior de Goiás, onde o policial Túlio (Welket Bungué) está saindo da prisão após cumprir quase duas décadas de pena, acusado de assassinar seu parceiro de trabalho, Caio. Tentando retomar a vida, ele é confrontado pelo seu passado de uma forma inimaginável: ele conhece Sandra (Julia Dalavia), uma mulher que alega ser a reencarnação de Caio, voltando para provar a inocência de Túlio e desvendar o mistério.

Paralelamente, a delegada Bárbara Lopes (Taís Araújo) se vê imersa em uma série de mortes misteriosas que fogem a qualquer explicação racional, forçando-a a conciliar o ceticismo do seu ofício com a inegável presença do sobrenatural. A trama, em sua essência, propõe essa jornada entre o crime físico e o dilema espiritual, onde a busca pela justiça transcende a vida e a morte.

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Crítica

A série começa com a promessa de prender o espectador. Os três primeiros episódios, de fato, conseguem manter um nível de curiosidade razoável, embora já se perceba uma falta de densidade dramática no roteiro. O grande problema é a queda livre que vem logo depois. A partir da metade, a história não só se torna arrastada e previsível, como simplesmente desanda.

O que se vê são textos vazios e cenas que parecem ter sido inseridas apenas para encher tempo, sem contribuir para a trama principal. Há uma desconexão absurda entre os fatos, com personagens surgindo do nada e a lógica dos acontecimentos desmoronando.

O mistério, a alma de qualquer thriller, é mal conduzido e a ausência de reviravoltas marcantes transforma a investigação em algo raso. O desfecho? Decepcionante e apressado, deixando a sensação de que um episódio extra era desesperadamente necessário para amarrar as inúmeras pontas soltas.

crítica da série brasileira Reencarne, do Globoplay (2025) - Flixlândia
Foto: Globoplay / Divulgação

Elenco: o brilho isolado no apagão de expressão

O elenco é, paradoxalmente, um dos pontos mais elásticos e mais frágeis da série. A produção reúne nomes de peso, mas o desempenho geral é bem ruim, graças à falta de naturalidade das atuações, todas uniformes, sem a variação expressiva que cada emoção exige – seja na alegria, no medo ou na tristeza.

Contudo, essa uniformidade encontra duas exceções notáveis, que literalmente sustentam a série: Taís Araújo e Julia Dalavia. Taís, em particular, é unanimidade. Com uma atuação que flerta com o 10/10, ela demonstra domínio de cena e entrega, tirando “leite de pedra” de um material fraco. É a presença dela que impede que a série seja uma total perda de tempo, injetando camadas de complexidade na Delegada Bárbara Lopes que o roteiro não se deu ao trabalho de escrever.

Controvérsias e desperdício temático

“Reencarne” tropeça feio ao introduzir elementos polêmicos e desnecessários. Algumas cenas de sexo parecem estar ali apenas para chocar ou preencher tempo, sem ter qualquer coerência com o desenvolvimento da história ou do gênero.

Além disso, a forma como a série aborda temas de matriz africana, como o Vodu ou os costumes dos povos originários, é deturpada e não reconhece a seriedade dos temas. Quando uma obra se propõe a falar de misticismo, o mínimo que se espera é cuidado e veracidade, algo que “Reencarne” falhou em entregar, parecendo mais forçação de barra do que algo sobrenatural genuíno. Há, ainda, deslizes técnicos básicos, como erros grosseiros de continuidade (noite/dia em cenas seguidas), que reforçam a sensação de uma produção sem direção atenta.

Conclusão

“Reencarne” é uma série ambiciosa que, lamentavelmente, não soube aproveitar a riqueza do seu próprio tema ou a força do seu elenco. O ousado entrelaçamento entre terror, misticismo brasileiro e drama policial falha em quase todas as frentes narrativas, entregando um produto final fraco, com um ritmo que se desmantela e um final insatisfatório.

Embora haja momentos de beleza — como a cena sobre ancestralidade e repasse de oralidade, ou o desempenho impecável de Taís Araújo —, eles não são suficientes para salvar a obra do rótulo de decepcionante. “Reencarne” tinha tudo para ser um marco do terror nacional, mas termina como um alerta sobre a necessidade de roteiros densos e consistentes. Uma pena!

Se você decidir encarar a maratona, que seja pela Taís e pela curiosidade de ver como uma premissa tão boa pode se perder. Mas não espere coerência, nem grandes emoções.

Assista grátis online ao episódio 1 da série Reencarne

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Onde assistir à série brasileira Reencarne?

A série está disponível no Globoplay.

Trailer de Reencarne (2025)

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Elenco de Reencarne, do Globoplay

  • Taís Araújo
  • Julia Dalavia
  • Welket Bungé
  • Isabél Zuaa
  • Enrique Diaz
  • Grace Passô
  • Aretha Sadick
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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