Vencedor do Oscar 2025 de Melhor Documentário, “Sem Chão” (No Other Land) é um filme que transcende a simples narrativa documental para se tornar um registro histórico e humano da luta do povo palestino.
Dirigido pelos palestinos Basel Adra e Hamdan Ballal, em colaboração com os israelenses Yuval Abraham e Rachel Szor, o documentário é uma imersão na realidade brutal do conflito entre Israel e Palestina. Mais do que uma simples exposição dos eventos em Masafer Yatta, “Sem Chão” é um grito de desespero e resiliência.
Sinopse do documentário Sem Chão
O filme acompanha Basel Adra, um ativista palestino que, desde a infância, documenta a expulsão sistemática de sua comunidade pelo exército israelense. Com registros que remontam a 2009, a narrativa se constrói através de imagens captadas ao longo dos anos, mesclando filmagens rudimentares com cenas impactantes das demolições e confrontos.
O ponto de virada ocorre quando Adra encontra Yuval Abraham, um jornalista israelense que decide se juntar à sua causa. Unidos por um ideal, mas separados por uma desigualdade intransponível, os dois constroem um vínculo complexo, que serve de espinha dorsal para a reflexão do documentário.
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Crítica do filme Sem Chão (2025)
Desde seus primeiros minutos, “Sem Chão” estabelece uma relação fluida com o tempo, intercalando momentos do presente com registros do passado, que ajudam a contextualizar a luta da comunidade de Masafer Yatta. Essa escolha narrativa reforça a ideia de que a violência não é algo novo na região, mas um ciclo que se repete incansavelmente.
O documentário se destaca pela sua capacidade de expor os horrores do conflito sem recorrer à exploração emocional barata. As imagens cruas falam por si só, mostrando a destruição de lares, a brutalidade das forças israelenses e a desesperança dos moradores. Mas também há momentos de humanização: o riso entre amigos, o carinho das famílias e a esperança resiliente de um futuro melhor.
O peso da desigualdade
A dinâmica entre Basel e Yuval é um dos elementos mais fascinantes da obra. Enquanto o ativista palestino vive sob constante ameaça, sem liberdade de ir e vir, o jornalista israelense pode retornar para casa todas as noites, livre das consequências diretas do conflito. Essa desigualdade estruturante não é ignorada pelo filme; pelo contrário, ela se torna uma questão central, provocando reflexões sobre privilégio, identidade e responsabilidade.
Outro aspecto poderoso de “Sem Chão” é a sua abordagem sobre empatia. Yuval, ainda que comprometido com a causa palestina, é visto com desconfiança por alguns habitantes da região. Afinal, como confiar em um israelense quando são seus conterrâneos que destroem casas e atacam aldeias? O documentário explora essa tensão com honestidade, sem recorrer a soluções fáceis ou discursos conciliadores vazios.
Um relato que desafia a indiferença
O filme não se propõe a ser imparcial. Ele é assumidamente um manifesto contra a ocupação e a violência praticada pelo exército israelense. No entanto, longe de ser um panfleto, “Sem Chão” fundamenta suas críticas com fatos concretos e registros impactantes. É um trabalho documental no sentido mais puro: testemunhar a história enquanto ela acontece e desafiar o espectador a não desviar o olhar.
Conclusão
“Sem Chão” é um filme essencial para entender a crise humanitária na Palestina. Ele transcende a denúncia e se torna um registro histórico de uma luta que não pode ser esquecida. Ao dar voz aos que são sistematicamente silenciados, o documentário reafirma o papel do cinema como uma ferramenta poderosa de resistência e mudança. É um filme difícil de assistir, mas absolutamente necessário.
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Onde assistir ao documentário Sem Chão?
O filme estreia no dia 13 de março de 2025 nos cinemas brasileiros.
Trailer do filme Sem Chão (2025)
Elenco do documentário Sem Chão
- Yuval Abraham
- Basel Adra
- Hamdan Ballal
Ficha técnica do filme Sem Chão (2025)
- Título original: No Other Land
- Direção: Yuval Abraham, Basel Adra, Hamdan Ballal
- Roteiro: Basel Adra, Rachel Szor, Hamdan Ballal
- Gênero: documentário
- País: Palestina, Noruega
- Duração: 92 minutos
- Classificação: 14 anos
Sobre o autor
