A relação entre depressão e grandes obras artísticas é largamente documentada. Trabalhos acadêmicos podem explicar melhor a relação entre a criatividade e os abismos da alma e da mente, mas dificilmente negar que alguns dos trabalhos mais marcantes da história ocidental foram feitos por pessoas que lutavam com fortes demônios internos. Em “Springsteen: Salve-me do Desconhecido”, temos mais um recorte dessa relação.
Sinopse
O filme mostra um curto período de tempo da prolífica carreira de Bruce “The Boss” Springsteen, um dos maiores símbolos da cultura estadunidense. A janela compreende os anos entre o fim de sua primeira tour de sucesso nacional, com músicas agitadas e dançantes, e a composição de “Nebraska”, o introspectivo vinil no qual ele colocou a alma e não teve capa, entrevistas ou turnê.
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Crítica
Embora apareçam alguns dos estresses que rodeiam a vida de um rockstar, como a pressão interna e externa por mais sucessos, mais vendas e mais alcance, o longa é introspectivo: a luta interna do ator em não saber lidar com relacionamentos profissionais, amorosos e familiares, com uma carga anterior que ao mesmo tempo que atrapalha em conseguir desenvolver tais relacionamentos, é o combustível para compor seu disco.
Jeremy Allen White interpreta um Boss observador, mas em nenhum momento sem agência: Springsteen não sabe o que quer no início, mas aos poucos, refletindo, vai criando sua obra prima, ao mesmo tempo que compõe “Born in the USA”, a pancada comercial que o levaria ao estrelato no mundo inteiro.
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Direção focada nas mudanças
A câmera e a fotografia que beira o granulado do diretor Scott Cooper levam o espectador direto à mudança dos anos 1970 para os 1980. Nesse tempo, o sonho hippie já havia se espatifado, o punk perdia a força e o hair metal com a cultura yuppie do lado se preparavam para dominar o cenário musical. Reflexão e introspecção não estavam na pauta das grandes gravadoras, que achavam um risco um trabalho como Nebraska, até com certa razão comercial.
Porém, o disco fez um sucesso além do esperado, mostrando que a intuição artística de Springsteen ia além de pesquisas de mercado. O diálogo entre as músicas e as memórias do cantor no longa mostram quase um exorcismo de toda a carga que ele carregava, respingando em outros aspectos além da música.

Conclusão
Tenso e delicado ao mesmo tempo, “Springsteen: Salve-me do Desconhecido” apenas arranha a superfície de tudo que uma mente com tanto a dizer como a do cantor. Ao contrário de outras cinebiografias, concentra-se naquele período que pode não contar tudo que aconteceu antes e depois, mas é um dos mais importantes para o desenvolvimento do Boss, agradando fãs, curiosos e quem busca por um bom filme.
Onde assistir ao filme Springsteen: Salve-me do Desconhecido?
O filme “Springsteen: Salve-me do Desconhecido” estreia nesta quinta-feira, 30 de outubro, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
Veja o trailer de Springsteen: Salve-me do Desconhecido (2025)
Quem está no elenco do filme Springsteen: Salve-me do Desconhecido?
- Jeremy Allen White
- Jeremy Strong
- Paul Walter Hauser
- Stephen Graham
- Odessa Young
- David Krumholtz
- Gaby Hoffmann
- Harrison Sloan Gilbertson
















