Crítica do episódio 7, final da série Task (temporada 1), da HBO Max (2025) - Flixlândia (1)

A força de ‘Task’ reside na humanidade dos seus falhos heróis

Foto: HBO / Divulgação
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O final de uma série de prestígio da HBO acarreta sempre expectativas elevadas, e o episódio 7 de Task, intitulado “Uma Voz Mansa e Delicada”, não foi exceção. Contudo, em uma decisão narrativa audaciosa, o criador Brad Ingelsby optou por diluir o que muitos consideraram o verdadeiro clímax da temporada — o confronto na floresta do episódio 6 — transformando este último capítulo mais em um epílogo emocional do que em um final frenético.

A ausência de Robbie (Tom Pelphrey), que foi o coração pulsante da dualidade entre família e crime na série, era inevitável, mas deixou um vazio difícil de preencher. O desafio era amarrar as pontas soltas da narrativa policial, enquanto simultaneamente entregava um fechamento significativo para os dramas internos de seus personagens complexos, especialmente o Detetive Tom Brandis (Mark Ruffalo).

O resultado é um episódio que, apesar de algumas falhas no ritmo e na trama, acerta em cheio ao trocar a adrenalina pela catarse e pelo perdão, reafirmando que Task é muito mais do que apenas um drama criminal.

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Sinopse

O episódio final se concentra em resolver os múltiplos conflitos deixados pela morte de Robbie e o crescente desmantelamento da gangue Dark Hearts. O agente federal renegado Anthony Grasso (Fabien Frankel), o “traidor” da força-tarefa, está à beira da redenção, sendo caçado pela gangue após a morte de Lizzie (Alison Oliver), sua amante e informante.

Paralelamente, os assassinos Perry (Jamie McShane) e Jayson (Sam Keeley) continuam foragidos, com Perry descobrindo que o chefão da gangue ainda deseja a morte de Jayson. A caçada atinge seu ápice quando o corpo de Eryn (Margarita Levieva) é encontrado, revelando a traição de Perry (ele a havia matado). Jayson o esfaqueia, assumindo a fuga, e vai em busca do dinheiro da droga que Maeve (Emilia Jones) herdou.

A ação converge para a casa de Maeve, onde Grasso, gravemente ferido em um tiroteio com os Dark Hearts, chega para avisá-la. Tom e sua parceira Aleah (Thuso Mbedu) também aparecem. Em um clímax tenso, mas tecnicamente menos impactante que o anterior, Grasso, em um último ato de absolvição, mata Jayson para salvar Maeve.

O dinheiro de Robbie é salvo, e Tom, em um gesto de humanidade surpreendente, decide “fazer vista grossa” e permitir que Maeve o mantenha para começar uma nova vida. O verdadeiro ponto focal, no entanto, é a resolução da tragédia pessoal de Tom: a audiência de sentença de seu filho adotivo Ethan, que acidentalmente matou a esposa de Tom, Susan.

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Crítica

O arco de Anthony Grasso neste final é um dos mais fascinantes e, ao mesmo tempo, apressados. Em uma reviravolta que busca rapidamente a simpatia do público, o agente corrupto é transformado de figura moralmente ambígua em um herói trágico em tempo recorde.

Sua confissão à irmã e o subsequente ato de sacrifício para salvar Maeve servem como a “penitência” que ele busca desesperadamente. Fabien Frankel faz um trabalho louvável ao transmitir o tormento do personagem, sufocado pela culpa.

A decisão de Grasso de se redimir, culminando no tiro fatal em Jayson — vingando implicitamente Lizzie e salvando uma inocente — é a manifestação física do tema central da série: a busca pelo perdão, mesmo que isso signifique a prisão e o sofrimento. O fato de ele sobreviver, embora ferido, oferece uma conclusão mais matizada do que uma morte simples.

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Conclusões cármicas e trama apressada

A trama policial, embora resolvida de forma tensa e cheia de ação na casa de Maeve, parece, em retrospectiva, ser uma mera formalidade após o clímax da semana anterior. As mortes de Perry e Jayson seguem uma lógica cármica que satisfaz o público, com Perry morrendo pelas mãos de seu filho adotivo, após matar sua filha adotiva (Eryn).

Contudo, a urgência em fechar as pontas soltas levou a alguns furos no roteiro que são difíceis de ignorar — como a corrente monogramada que Perry deixa no corpo de Eryn. Esses lapsos de coerência minam a meticulosidade que a série demonstrou em momentos anteriores.

Além disso, a personagem Aleah (Thuso Mbedu), embora bem interpretada, permanece subdesenvolvida, podendo ser “retirada da história sem afetar o arco da temporada”, um desperdício de potencial. A necessidade de um número maior de episódios, talvez de oito a dez, poderia ter permitido desenvolver melhor a história de Grasso, o passado de Tom, e a própria dinâmica da Task Force.

Final explicado da série Task HBO Max 2025
Foto: HBO / Divulgação

O triunfo da catarse: o perdão de Tom Brandis

O verdadeiro grand finale de Task não é o tiroteio, mas sim a audiência de sentença de Ethan, e a cena é um nocaute emocional. O criador Ingelsby usa os momentos finais para reafirmar a essência da série, que reside na humanidade fraturada de seus personagens e na busca por perdão.

O monólogo de Tom (Mark Ruffalo) é um momento de atuação primoroso e digno de Emmy, onde ele expõe a tragédia familiar — a psicose de Ethan, a escassez de medicamentos durante a pandemia e as vozes que o levaram a matar. Ao invés de buscar a absolvição de Ethan, Tom oferece sua própria: “Eu te perdoo. Eu te amo.”

Essa cena ilumina a razão de ser de toda a subtrama familiar de Tom, conectando-a tematicamente ao crime: ambas as narrativas questionam a fé, o perdão e a redenção. Tom, o detetive-sacerdote, conclui que “as pessoas se punem o suficiente sozinhas,” e decide que o único caminho a seguir é o da aceitação e do amor incondicional. O epílogo visual da xícara de Vodka de Tom, agora transformada em comedouro para pássaros , simboliza perfeitamente essa nova perspectiva: a transformação de um vício em um ato de carinho e esperança.

Conclusão

Apesar do final de Task parecer um pouco desequilibrado, dividindo-se entre a necessidade de concluir a narrativa criminal e o desejo de explorar a profundidade emocional, ele se estabelece como um trabalho único. O episódio 7, com a sua conclusão esperançosa, mas não “feliz para sempre”, reforça que a série priorizou o impacto temático sobre a perfeição do roteiro. Mark Ruffalo entrega uma performance magistral que ancora a jornada de perdão da série.

Task não se define pela ação, mas pela coragem de seus personagens em enfrentar a verdade, por mais feia que ela seja. É um drama criminal que se atreveu a usar a violência como pano de fundo para uma profunda meditação sobre a condição humana, o sofrimento e a graça do perdão. A série é um forte candidato a figurar nas listas de melhores do ano, provando que o coração (e a complexidade) é o que realmente importa.

Onde assistir à série Task?

A série está disponível para assistir na HBO Max.

Veja o trailer de Task (2025)

YouTube player

Quem está no elenco de Task, da HBO Max?

  • Mark Ruffalo
  • Tom Pelphrey
  • Emilia Jones
  • Fabien Frankel
  • Thuso Mbedu
  • Raúl Castillo
  • Alison Oliver
  • Owen Teague
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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