
Foto: Max / Divulgação
Dois anos após o final arrebatador da primeira temporada, “The Last of Us” retorna para o ano 2 com a delicadeza brutal que lhe é característica. Em vez de apostar em pirotecnias narrativas ou em cenas de ação desenfreadas, o episódio “Dias Futuros” mergulha em silêncio, luto e distanciamento emocional.
Uma escolha ousada, que pode frustrar quem esperava uma retomada explosiva, mas que revela maturidade na forma como Craig Mazin e Neil Druckmann decidem reconduzir o espectador à tragédia anunciada.
Sinopse do episódio 1 da temporada 2 de The Last of Us (2025)
Cinco anos se passaram desde os eventos traumáticos do hospital. Joel (Pedro Pascal) e Ellie (Bella Ramsey) agora vivem na comunidade de Jackson, tentando reconstruir algo que se assemelhe a uma vida normal. No entanto, a aparente paz é atravessada por silêncios incômodos, mágoas não ditas e um passado que insiste em corroer o presente.
Ao mesmo tempo, conhecemos Abby (Kaitlyn Dever), introduzida de forma direta e impactante, como alguém que carrega o luto daqueles que Joel eliminou na reta final da temporada anterior. O episódio alterna entre o reencontro com antigos personagens e a chegada de novos rostos importantes para a trama, como Dina (Isabela Merced) e Jesse (Young Mazino), enquanto planta sementes para os conflitos devastadores que virão.
Você também pode gostar disso:
+ ‘Dois Maridos e Uma Esposa’ e o amor fora da caixinha
+ ‘Resident Playbook’: um retrato cru e caótico do início da vida médica
+ ‘Lazarus’ é o novo ‘Cowboy Bebop’? Estreia mostra que não (e isso é bom)
Crítica do 1º episódio de The Last of Us (temporada 2), da Max
“Dias Futuros” é um episódio feito para preparar o terreno. Em vez de responder, ele pergunta. Em vez de acelerar, desacelera. A calmaria que toma conta da narrativa inicial é, na verdade, a preparação para o colapso emocional que se avizinha. Joel e Ellie já não se falam como antes. Estão próximos fisicamente, mas emocionalmente distantes — e isso dói.
A atuação contida de Pedro Pascal contrasta com a angústia latente da Ellie de Bella Ramsey. Se antes havia uma cumplicidade silenciosa entre eles, agora resta um vazio. Joel tenta reparar seus erros, mas a barreira entre os dois parece intransponível. E é justamente nesse espaço que o episódio encontra sua força: nas ausências, nos olhares desviados, nos diálogos interrompidos.
A chegada de Abby: o luto como arma narrativa
Kaitlyn Dever faz uma entrada sólida como Abby, personagem que divide corações nos games e deve fazer o mesmo na série. Sua dor é palpável e legítima — e é nessa legitimidade que a série se arrisca. Ao apresentar Abby tão cedo, “The Last of Us” nos força a olhar para o outro lado da tragédia. O que era simples vingança agora é complexo desejo de justiça. E nesse universo, ninguém sai ileso.
A decisão de Mazin e Druckmann de reposicionar a introdução da personagem é um acerto. Amplia o alcance emocional da narrativa e já antecipa as linhas de conflito que vão desenhar a temporada.
Personagens coadjuvantes que roubam a cena
Isabela Merced é uma adição certeira ao elenco. Sua Dina é leve, espontânea e oferece a Ellie uma nova possibilidade de vínculo — emocional e afetivo. A química entre as duas pulsa nos olhares, nos sorrisos contidos, no beijo tímido durante a festa em Jackson. A série acerta ao não romantizar ou forçar esse relacionamento, permitindo que ele floresça organicamente.
Outra presença marcante é a de Catherine O’Hara como Gail, a terapeuta de Joel. Em poucas cenas, ela constrói uma personagem complexa, marcada por perdas e ressentimentos. Sua interação com Joel é das mais densas do episódio e oferece um retrato comovente do luto que se acumula em tempos pós-apocalípticos.
Fidelidade ao jogo, mas com cara de série
Ao contrário da primeira temporada, que ousava mais em reimaginar partes do jogo original, o início da segunda temporada parece mais conservador. Ainda assim, a fidelidade aqui não é um problema. As cenas recriadas do game — especialmente a patrulha de Ellie e Dina — ganham força pela ambientação cuidadosa e pela condução visual elegante de Craig Mazin.
As alterações feitas, como a ordem de apresentação dos eventos, funcionam bem para a lógica serial. Apesar disso, há quem sinta falta de mais risco, de mais ruptura. Talvez a série esteja se guardando para os próximos episódios. Talvez esteja apenas pedindo paciência.
Conclusão
“Dias Futuros” é menos um retorno triunfal e mais um mergulho profundo na angústia dos personagens. Não há explosões, nem revelações impactantes — ao menos, não ainda. Mas há peso, densidade e uma melancolia que se entranha em cada cena.
Se a primeira temporada mostrou que “The Last of Us” podia ser muito mais do que uma adaptação de game, a estreia do ano 2 comprova que há fôlego para ir ainda além — desde que o público esteja disposto a caminhar por trilhas mais sutis, menos ruidosas, porém muito mais devastadoras.
É o prenúncio do que está por vir. E o que vem por aí, já sabemos: dor, conflito e escolhas impossíveis.
Siga o Flixlândia nas redes sociais
+ TikTok
+ YouTube
Onde assistir à série The Last of Us?
A série está disponível para assistir na Max.
Trailer da temporada 2 de The Last of Us (2025) [LEGENDADO]
Trailer da temporada 2 de The Last of Us (2025) [DUBLADO]
Elenco de The Last of Us, da Max
- Pedro Pascal
- Bella Ramsey
- Kaitlyn Dever
- Brendan Rozario
- Anna Torv
- Gabriel Luna
- Samuel Hoeksema
- Catherine O’Hara
Ficha técnica da série The Last of Us
- Título original: The Last of Us
- Criação: Craig Mazin, Neil Druckmann
- Gênero: ficção científica, ação, aventura, terror, suspense, drama
- País: Canadá, Estados Unidos
- Temporada: 2
- Episódios: 7
- Classificação: 16 anos