A produção cinematográfica turca tem ganhado um espaço cada vez maior nas plataformas de streaming, conquistando audiências ao redor do mundo com suas narrativas intensas e emocionalmente carregadas. “Um Homem Abandonado” (Metruk Adam), dirigido por Çağrı Vila Lostuvalı e com roteiro de Deniz Madanoğlu e Murat Uyurkulak, é a mais recente aposta da Netflix.
O filme, que tem como protagonista Mert Ramazan Demir, conhecido por seu papel na novela “O Canto do Pássaro”, promete uma jornada de redenção e superação. Mas será que ele cumpre o que promete? Acompanhe nossa análise sobre o longa-metragem que, ao mesmo tempo que toca o coração, deixa a desejar em sua execução.
Sinopse
O filme nos apresenta a Baran (Mert Ramazan Demir), um jovem que passa quinze anos na prisão por um crime de atropelamento e fuga cometido por seu irmão, Fatih. Sacrificado pela família para proteger o primogênito, Baran sai da cadeia com a alma quebrada e o desejo de recomeçar do zero, abrindo sua própria oficina de automóveis. Contudo, o destino parece ter planos diferentes.
A vida de Baran, marcada por infortúnios, sofre um novo revés quando um grave acidente deixa Fatih em coma e sua pequena filha, Lidya, sob os cuidados do tio. A presença inocente e cativante da garota se torna o único raio de esperança na vida de Baran, impulsionando-o a lutar não só por si mesmo, mas também para construir um futuro digno para a sobrinha. Essa jornada de reconstrução, no entanto, é permeada por desafios e conveniências que colocam à prova a verossimilhança da trama.
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Crítica
“Um Homem Abandonado” é um filme que se apoia em uma premissa profundamente dramática e tocante, explorando temas como o perdão, a lealdade familiar e a resiliência. Embora a história de Baran seja comovente, o filme tropeça em sua própria ambição de ser uma montanha-russa emocional, sacrificando a consistência narrativa em nome do impacto dramático.
O ritmo e a falta de conflito central
A primeira metade do filme é um teste para a paciência do espectador. O roteiro parece se deleitar em empilhar infortúnio sobre infortúnio na vida de Baran, numa sucessão quase caricatural de má sorte. Essa enxurrada de problemas, embora tenha a intenção de gerar empatia, acaba por soar forçada e manipuladora, como se o filme estivesse nos implorando para chorar.
No entanto, após o clímax inicial do acidente de Fatih, o ritmo se altera drasticamente. A jornada de Baran e Lidya, que deveria ser o cerne do conflito, se resolve de forma excessivamente conveniente, com a aparição de um “deus ex machina” na figura de Musa.
O chefe de Esat, amigo de Baran, age como uma espécie de fada madrinha, abrindo portas e resolvendo problemas de forma quase mágica. Essa solução fácil e apressada rouba a força da superação de Baran, transformando sua luta em uma série de eventos orquestrados em vez de uma genuína vitória. Por isso, a segunda metade do filme perde a tensão e a sensação de que há algo em jogo, o que prejudica a experiência como um todo.
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A química que salva a história
Apesar das falhas no ritmo e na conveniência do roteiro, o filme brilha intensamente na representação da relação entre Baran e Lidya. A conexão entre o tio deprimido e a sobrinha inocente é o ponto alto da produção. As cenas entre os dois são genuínas, doces e conseguem transmitir a sensação de que Lidya é a âncora que Baran precisava para não se afundar.
A atuação de Ada Erma, que interpreta Lidya, é notável, trazendo uma doçura e uma leveza essenciais para uma história tão pesada. A presença da garota oferece os momentos de respiro e esperança que a trama tanto precisa, tornando a jornada de Baran suportável e, por vezes, até mesmo emocionante. É a química entre Mert Ramazan Demir e Ada Erma que carrega o filme nas costas, compensando as inconsistências do enredo.
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Atuações e o equilíbrio do elenco
Mert Ramazan Demir, no papel de Baran, entrega uma performance digna, mas inconstante. Em alguns momentos, sua interpretação parece rígida, não conseguindo transmitir toda a dor e o peso de seu personagem. No entanto, em cenas-chave, especialmente aquelas com Lidya, ele se mostra mais à vontade, o que fortalece a conexão emocional com o público.
Ercan Kesal, como Musa, o chefe de Baran, também tem uma atuação vacilante. Embora seu personagem tenha um arco de crescimento, ele soa muitas vezes entediado e pouco convincente em sua transformação. Por outro lado, a pequena Ada Erma se destaca, roubando a cena com sua naturalidade e a pureza de sua personagem, Lidya.
Conclusão
“Um Homem Abandonado” é um filme com um potencial imenso, mas que se perde em sua tentativa de ser excessivamente dramático. A narrativa, que oscila entre a tragédia e a conveniência, falha em construir um conflito central robusto. O ritmo inconstante e o final abrupto deixam uma sensação de que a história está “meio cozida” e inconsistente. No entanto, a relação entre Baran e Lidya é a alma do filme, um porto seguro de emoção e sinceridade que consegue resgatar a experiência.
Em última análise, se você busca um filme para assistir sem grandes expectativas e com o objetivo de se emocionar com uma história simples e um vínculo familiar tocante, “Um Homem Abandonado” pode ser uma boa pedida. Ele não é uma obra-prima, mas a mensagem de esperança e a prova de que o amor pode curar as feridas mais profundas são o suficiente para torná-lo uma experiência satisfatória, mesmo que de uma só vez.
Onde assistir ao filme Um Homem Abandonado?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Assista ao trailer de Um Homem Abandonado (2025)
Quem está no elenco de Um Homem Abandonado?
- Mert Ramazan Demir
- Ada Erma
- Rahimcan Kapkap
- Edip Tepeli
- Burcu Cavrar
- Ercan Kesal