Giselle Costa Rosa 
Foto: Disney+ / Divulgação
A Guerra Fria foi um período marcado por intrigas, espionagem e tensão global, mas raramente sua história é contada com um toque de comédia. “Whiskey on the Rocks”, nova série sueca produzida pela Sveriges Television e distribuída no Brasil pelo Disney+, faz exatamente isso: transforma um incidente militar real em uma sátira política afiada e absurda.
Com um tom que lembra A Morte de Stalin e Dr. Fantástico, a produção mistura eventos históricos com humor seco e personagens caricatos, criando uma narrativa ao mesmo tempo hilária e assustadoramente relevante. Mas será que essa abordagem funciona?
Sinopse da série Whiskey on the Rocks (2025)
Inspirada em fatos reais, “Whiskey on the Rocks” se passa em outubro de 1981, quando um submarino soviético, o U-137 (também conhecido como S-363), encalha no arquipélago de Karlskrona, na Suécia, a poucos quilômetros de uma base naval sueca.
O incidente, que poderia ter sido apenas um erro de navegação, se transforma em um problema diplomático de grandes proporções. O Primeiro-Ministro sueco Thorbjörn Fälldin (Rolf Lassgård) precisa lidar com a pressão internacional enquanto tenta manter a Suécia fora de um possível conflito global.
No submarino, a situação é ainda mais caótica. O Capitão Vladimir Peskov (Andrius Bialobzeskis) e o oficial político Dimitrij Tarasenko (Oskar Vygonovski) tentam encobrir o erro grotesco de navegação causado por um time de marinheiros embriagados.
Enquanto isso, a notícia do incidente alcança os líderes das grandes potências: de um lado, o envelhecido e confuso Leonid Brezhnev (Kęstutis Stasys Jakštas), do outro, um Ronald Reagan (Mark Noble) retratado como um vaqueiro belicista.
A trama se desenrola entre as negociações políticas e os absurdos de um impasse diplomático que nunca deveria ter acontecido, mas que reflete a fragilidade do equilíbrio geopolítico da época.
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Crítica de Whiskey on the Rocks, do Disney+
Desde o primeiro episódio, “Whiskey on the Rocks” deixa claro que seu objetivo não é ser um drama histórico convencional. A direção de Björn Stein e o roteiro de Henrik Jansson-Schweizer transformam um evento diplomático tenso em um festival de ironias e absurdos, onde todos os envolvidos parecem pateticamente despreparados para lidar com a situação.
O grande trunfo da série está na atuação de seu elenco. Rolf Lassgård traz uma abordagem cômica e resignada ao Primeiro-Ministro sueco, um homem que preferiria estar cuidando de sua fazenda a enfrentar uma crise internacional.
Elsa Saisio, por sua vez, é um destaque como a embaixadora soviética Aleksandra Kosygina, interpretando com maestria uma personagem que oscila entre a diplomacia e a frieza estratégica. Os russos, americanos e suecos são apresentados com um humor afiado, sem poupar as excentricidades de cada lado.
Recriação histórica com detalhes autênticos
Visualmente, a série se apoia na recriação histórica com detalhes autênticos, contrastando com a comédia nonsense dos acontecimentos. A trilha sonora reforça a atmosfera da Guerra Fria, misturando temas de suspense e músicas que acentuam o caráter satírico da trama.
No entanto, “Whiskey on the Rocks” nem sempre acerta. Alguns momentos parecem exageradamente caricaturais, tornando difícil para o público se conectar emocionalmente com a história.
A duração de seis episódios é um acerto, mas o ritmo da narrativa sofre oscilações: enquanto os primeiros episódios constroem a trama de forma cadenciada, os últimos precisam acelerar para encerrar os conflitos, resultando em um desfecho que poderia ter sido mais bem trabalhado.
Tom provocador
Mas a grande força de “Whiskey on the Rocks” está no seu tom provocador. Ao brincar com os absurdos da política internacional da época, a série convida o público a refletir sobre os paralelos com o mundo atual. A mensagem é clara: a história pode ser cômica, mas também assustadoramente cíclica.
Conclusão
“Whiskey on the Rocks” é um acerto para os fãs de sátiras políticas e históricas. Com atuações afiadas, um roteiro inteligente e uma direção que equilibra comédia e tensão, a série se destaca como uma das mais originais produções nórdicas dos últimos anos. Embora nem todos os momentos funcionem perfeitamente, a produção oferece uma visão intrigante e divertida de um dos incidentes mais inusitados da Guerra Fria.
Se você gosta de humor ácido, críticas políticas e narrativas baseadas em eventos reais, “Whiskey on the Rocks” é uma aposta certeira. Afinal, como a série sugere, a história pode ser um ciclo de erros ridículos – e tudo o que podemos fazer é rir disso.
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Onde assistir à série Whiskey on the Rocks?
A série está disponível para assistir no Disney+.
Trailer de Whiskey on the Rocks (2025)
Elenco de Whiskey on the Rocks, do Disney+
- Rolf Lassgård
- Kestutis Stasys Jakstas
- Anders Mossling
- Andrius Bialobzeskis
- Artur Svorobovich
- Filip Berg
- Mark Noble
- Per Lasson
Ficha técnica da série Whiskey on the Rocks
- Título original: Whiskey on the Rocks
- Criação: Henrik Jansson-Schweizer
- Gênero: comédia, drama
- País: Suécia
- Temporada: 1
- Episódios: 6
- Classificação: 16 anos
Sobre o autor
