Crítica do filme Y2K - O Bug do Milênio, do Prime Video (2024) - Flixlândia

Limp Bizkit, internet discada e um filme perdido no tempo = ‘Y2K – O Bug do Milênio’

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O ano de 2024, apesar de ser considerado por muitos como morno para o cinema em geral, tem se mostrado um campo fértil para o terror. Títulos como Longlegs, Entrevista com o Demônio e Sorria 2 rapidamente conquistaram o público e a crítica especializada, reacendendo a esperança de que o gênero ainda tem muito a oferecer.

Nesse cenário promissor, o filme Y2K – O Bug do Milênio, a nova aposta da A24, surge com a promessa de ser mais uma joia do terror, misturando a nostalgia do final dos anos 90 com uma boa dose de apocalipse tecnológico. No entanto, a expectativa de encontrar um filme memorável se desfaz rapidamente, revelando uma obra que, apesar de ter um conceito fascinante, se perde em sua própria indecisão.

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Sinopse

Ambientado na virada do ano de 1999 para 2000, o filme nos apresenta a Eli (Jaeden Martell), um adolescente tímido e socialmente desajeitado cujo único desejo é ficar com sua crush, Laura (Rachel Zegler), em uma festa de Ano Novo. Seu melhor amigo, Danny (Julian Dennison), tenta, sem sucesso, ajudá-lo a superar sua introversão.

Quando a meia-noite finalmente chega, o temido bug do milênio se torna realidade, e a tecnologia ao redor do mundo ganha vida, transformando aparelhos eletrônicos em assassinos impiedosos. A festa se torna um campo de batalha, e Eli, Danny, Laura e um grupo de sobreviventes precisam lutar para se manterem vivos e encontrar uma forma de deter a revolta das máquinas.

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Crítica

O maior problema de Y2K reside na forma como o filme lida com seus personagens. Embora a premissa de um apocalipse robótico em uma festa de Ano Novo seja promissora, o filme simplesmente não sabe o que fazer com seu elenco.

Eli, o protagonista, é um arquétipo de “nerd desajeitado” que deveria evoluir para uma versão mais confiante de si mesmo, mas sua transformação parece mais uma exigência do roteiro do que um crescimento orgânico. Da mesma forma, os personagens secundários são reduzidos a clichês unidimensionais: a garota popular, a punk, o maconheiro. O filme até tenta, em alguns momentos, dar profundidade a eles, mas recua imediatamente.

Em uma cena, Laura é confrontada por colegas que a acusam de ser desconectada da realidade por viver em uma bolha de popularidade. É um momento de potencial, mas que é rapidamente abandonado sem qualquer consequência. Em outro, a rapper punk Ash (Lachlan Watson) revela ter sido assediada e ter se iludido para lidar com a situação, mas a cena não leva a lugar algum.

O filme apresenta momentos cruciais para o desenvolvimento de seus personagens e, em vez de aproveitá-los, simplesmente os ignora. Esse potencial inexplorado transforma o elenco em meros figurantes de suas próprias histórias, deixando o espectador sem ter com quem se importar.

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A batalha tonal entre nostalgia, comédia e terror

Y2K tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo: uma comédia nostálgica de virada de milênio, um terror adolescente sangrento e, em alguns momentos, um drama sobre amadurecimento. No entanto, o filme falha em harmonizar essas partes, resultando em uma experiência confusa e frustrante.

A comédia, que deveria ser o pilar do filme, raramente funciona. A maioria das piadas é genérica ou simplesmente sem graça, baseando-se em palavrões ou referências que caem no vazio. Um exemplo é a piada sobre Eli ter bebido urina, que é entregue de forma tão desinteressada que mais parece um recurso para torná-lo ainda mais patético do que um momento genuinamente cômico.

O terror, por sua vez, é superficial e se manifesta em apenas duas cenas, deixando os fãs do gênero decepcionados. A maioria das mortes é tão rápida e genérica que não gera tensão ou medo. A tentativa de homenagem a filmes como Superbad e a comédias de terror dos anos 90 também é mal executada.

Enquanto filmes como Todo Mundo em Pânico ou até mesmo Onde os Fracos Têm Vez se tornaram memoráveis por sua simplicidade e capacidade de entregar o que prometiam, Y2K carece de uma identidade clara. O filme vive em um limbo entre pastiche e paródia, sem conseguir se destacar em nenhum dos dois, criando uma obra que, em sua ambição de subverter gêneros, acaba se tornando ineficaz.

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Cena do filme Y2K - O Bug do Milênio, do Prime Video (2024) - Flixlândia (1)
Foto: Divulgação

A nostalgia como fardo

Um dos poucos pontos positivos do filme é a recriação da época. A nostalgia dos anos 90 é palpável, desde a primeira cena com o bate-papo no AIM até o uso do N64 e a ida a uma locadora de vídeo. Kyle Mooney, que sempre explorou a cultura pop nostálgica de forma inteligente em seus trabalhos anteriores como As Aventuras de Brigsby Bear, aqui parece se contentar em apenas listar referências.

O filme nos bombardeia com Tamagotchis, Billy Blanks e internet discada, mas não usa esses elementos para dizer algo mais profundo sobre a era. A nostalgia se torna um fim em si mesma, uma mera decoração para uma história que não consegue se sustentar.

A participação de Fred Durst, vocalista do Limp Bizkit, é o epítome desse problema. Embora sua presença seja uma piada para quem viveu a época e odiava a banda, a cena é tão boba e sem sentido que a graça se esgota rapidamente. O filme até tenta criticar a figura de Durst, mas não vai além da piada fácil. A ironia é que a nostalgia, que deveria ser um trunfo, acaba servindo apenas para ressaltar a falta de substância do filme.

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Conclusão

Y2K poderia ter sido uma comédia de terror nostálgica e divertida, mas acaba sendo uma bagunça narrativa com uma crise de identidade. O filme não consegue desenvolver seus personagens, o humor é ineficaz, e a trama se perde em seu próprio caminho. Ele não satisfaz os fãs de terror que esperam carnificina, nem os que buscam uma comédia despretensiosa, e muito menos aqueles que esperam a profundidade dramática que a A24 costuma entregar.

No fim das contas, a única coisa que o filme oferece é uma viagem no tempo para quem sente falta da internet discada e da moda dos anos 90. Infelizmente, a nostalgia não é suficiente para sustentar um filme que, em sua indecisão, não consegue entregar nada de significativo. Y2K é um retrato de uma época que se perdeu em suas próprias referências, assim como um filme que se perdeu em suas próprias ideias.

Onde assistir ao filme Y2K – O Bug do Milênio?

O filme está disponível para assistir no Prime Video.

Trailer de Y2K – O Bug do Milênio (2024)

YouTube player

Elenco de Y2K – O Bug do Milênio, do Prime Video

  • Jaeden Martell
  • Rachel Zegler
  • Julian Dennison
  • The Kid Laroi
  • Lachlan Watson
  • Daniel Zolghadri
  • Mason Gooding
  • Lauren Balone
  • Eduardo Franco
  • Alicia Silverstone
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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