Bem-vindo, caro leitor. Ainda bem que existem documentários: esse recorte especial do cinema que nos aproxima de histórias que, de outra forma, talvez jamais cruzassem nosso caminho. Para nós, meros mortais que não temos acesso aos bastidores dessas jornadas extraordinárias, é um privilégio poder testemunhá-las de perto. E há sempre aqueles que já conhecem o percurso — mas a maioria de nós só o encontra graças à arte.
Se você aprecia histórias de superação e força de vontade, “3 Atos de Moisés” é um documentário que vai te tocar profundamente. E se ainda por cima você ama música erudita e piano, a experiência será ainda mais intensa. Dirigido por Eduardo Bocaletti, o filme começou a ser filmado em 2019, no histórico Cine-Theatro Central, em Juiz de Fora (MG). Sua estreia nacional acontece nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
Sinopse
Desde muito cedo, Moisés Mattos — hoje com 35 anos — enxergou a música como uma espécie de mundo próprio. O fascínio começou pelo órgão e pelo piano, instrumentos que ele considerava “completos”, com vida e personalidade.
Sem condições financeiras para ter um instrumento real, Moisés deu seu primeiro passo rumo ao impossível: criou seu próprio piano artesanal, usando o que tinha em casa. (E vale o mistério — é daqueles detalhes que só um espírito criativo e ousado poderia imaginar.)
Enfrentando conceitos rígidos e preconceitos ao seu redor, iniciou sua vida independente aos 13 anos. Estudou até escondido no Conservatório Estadual Haidèe França Americano, em Juiz de Fora, sua cidade natal. Ali, com apoio de professores, especialmente André Pires — que viria a se tornar um grande amigo — começou a despontar como pianista.
Seu talento o levou para longe: Moisés conquistou oportunidades de estudo e hoje cursa Mestrado em Bremen, na Alemanha, onde também atua como professor de piano.
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Resenha crítica do documentário 3 Atos de Moisés
Alternando entre cenários da vida atual de Moisés na Alemanha e os locais onde ele cresceu, viveu e estudou em Juiz de Fora, o documentário costura uma narrativa profundamente emocional — recheada de superação, disciplina, fascínio pela música e uma devoção quase espiritual ao piano.
Vindo de uma família humilde, foi “adotado” pelos professores que reconheceram seu talento e se mobilizaram para ajudá-lo a iniciar os estudos. Uma bolsa que deveria durar apenas três meses acabou se transformando em cinco anos de formação, dedicação e descobertas.
Moisés caminhava mais de 14 km por dia para chegar à casa do professor. Mas, ao contrário de qualquer queixa, ele enxergava nisso um privilégio: “poder caminhar já era uma celebração”.

Para ele, a música não tem fronteiras, não tem limites — foi sua salvação. Ao mesmo tempo, enfrentou obstáculos severos impostos pela própria Igreja que frequentava:
- A homossexualidade como tabu;
- O suposto pecado de usar a música para se apresentar;
- E o preconceito contra o órgão, considerado “um instrumento apenas feminino”.
Essas restrições o obrigaram a amadurecer cedo demais, como ele mesmo diz, “como um cachorro oprimido que precisa avançar ou morrer”.
O documentário também destaca sua apresentação em Juiz de Fora, o recital que contou com a presença de Martha Argerich — uma das maiores pianistas do mundo — e a rede de amigos e apoiadores que o cercou ao longo da vida. Tudo mostrado com emoção genuína e profunda gratidão.
Conclusão
3 Atos de Moisés é uma história de talento, coragem e determinação. Como dizia o Maestro Antonio Manzione: “Para tornar-se um grande músico é necessário 10% de talento e 90% de transpiração”. Moisés não tinha apenas um sonho — ele tinha um alvo. E correu atrás dele com uma intensidade que poucos conseguem sustentar. Muitos desistem pelo caminho; Moisés continuou. Superou preconceito, bullying, limitações financeiras e barreiras emocionais que teriam derrubado muita gente.
Orgulho para sua cidade, para sua família e para todos que o conhecem, Moisés poderia ter surgido em qualquer lugar do mundo — mas nasceu aqui, com todas as dificuldades, como testemunho vivo de que a arte e o esforço humano podem romper qualquer fronteira. Um documentário inspirador, emocionante e necessário.
Alegre-se com cada pessoa que cruzou a jornada desse jovem músico — e assista até o fim para uma pequena surpresa final. Pipoca grande vale muito a pena!
Onde assistir ao documentário 3 Atos de Moisés?
O filme estreia nesta quinta-feira, 4 de dezembro de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.














